Obs: No decorrer do 2ª tempo, entraram Valmir Brasil no lugar de Edízio Bezerra, e Cezar Campos no lugar de Everaldo.
Nesta quarta-feira, 18 de dezembro de 2024, completam-se exatamente 41 anos que a comunidade de Petrolândia e região, vivendo o auge da construção da Usina Hidrelétrica Luiz Gonzaga (Represa de Itaparica), presenciou a realização de um jogo de futebol que entrou para a história do esporte regional.
Em 1983, o time chesfiano do Azimute, do qual este blogueiro foi zagueiro, venceu o todo-poderoso time do Vitória da Bahia.
Naquele ano, o esquadrão baiano foi contratado pela diretoria do Azimute, time ligado à Chesf, para vir ao Acampamento de Itaparica (então localizado em Petrolândia, atualmente um bairro do município de Jatobá), entregar as faixas ao Azimute, vencedor do disputadíssimo Campeonato Itaparicano de 1983.
Quem jogou ou presenciou os campeonatos itaparicanos da década de 1980, sabe do que eu estou falando. Eram, na verdade, campeonatos de alto nível técnico, e os times eram verdadeiros esquadrões, com jogadores contratados de várias partes do país. Vale dizer que, naquela época, a maioria dos times que disputava o campeonato era de grandes empreiteiras que estavam a serviço da construção da barragem. O dinheiro "corria frouxo". Portanto, havia facilidade para esses times realizarem grandes contratações para cada temporada.
A partida entre Azimute e Vitória-BA aconteceu em um domingo. O estádio da Adecita foi lotado pelos torcedores e o jogo foi transmitido por rádios de cidades circunvizinhas, como Delmiro Gouveia (AL) e Paulo Afonso (BA).
A expectativa era de que o Vitória da Bahia vencesse, com certa facilidade a partida, por se tratar de forte equipe profissional do futebol brasileiro. Na ocasião, o Vitória trouxe a Itaparica jogadores consagrados, como os atacantes Ademir Patrício, Valmar, Esquerdinha, o zagueiro Fernando, este convocado para a Seleção Brasileira. O goleiro foi Bagatini, jogador com passagem consagrada pelo Internacional de Porto Alegre, Sport, Coritiba, e tantos outros grandes clubes do futebol brasileiro. Aliás, o gaúcho Bagatini é compadre e amigo de confiança do técnico da Seleção Brasileira, Luiz Felipe Scolari, conforme o próprio Felipão declarou em recente entrevista.
Revivendo as emoções de Azimute e Vitória
A partida começou com o forte time do Vitória fazendo 1 x 0, nos primeiros dez minutos de jogo. Para quem achava que o Azimute iria levar uma verdadeira surra, foi um prato cheio. Por se tratar de um confronto entre um time amador e um time profissional, o amador Azimute, sentiu um pouco os primeiros minutos da partida. Mas, mesmo tomando o gol no início do jogo, nós tomamos as rédeas da partida, nos soltamos em campo e começamos a jogar o futebol que tanto encantou os torcedores naquela temporada. Ainda no primeiro tempo chegamos ao gol do empate através do ponta esquerda Fernando, que aproveitou um rebote, e chutou forte, rasteiro no canto direito do goleiro Bagatine.
Jogo empatado, ao término do primeiro tempo, no vestiário, no momento em que nosso técnico Paulo Daltro passava as últimas instruções para voltarmos ao campo, alguém ligado à nossa diretoria disse: "Vamos fazer de tudo para segurar esse empate, porque se isso acontecer, vai ser um marco para a história do Azimute e para o futebol de Itaparica". A orientação foi recusada imediatamente pelo treinador e por nós, jogadores, que acreditávamos que seria possível vencer aquela partida.
A bola rolou para o segundo tempo e o time do Vitória se mostrava claramente insatisfeito com o empate. Talvez, antes da partida, achasse que iria nos vencer como bem quisesse, com relativa facilidade. Então, partiu para cima de nós, mas o nosso time era bem postado nos três setores do campo. Defesa, meio de campo e ataque, tinha cada jogador sabendo o que deveria fazer em campo. O tempo passava, o gol não saía e as coisas se inverteram dentro de campo, com os jogadores do Vitória se inquietando e se irritando com a postura firme do nosso time, que não dava oportunidades de gols para o time baiano, enquanto isso, o Azimute se postava em campo sempre buscando os contra-ataques com bastante perigo.
No entanto, o pior para o time do Vitória e melhor para o Azimute ainda estava por vir. E veio por volta dos 30 minutos do segundo tempo. Uma falta a favor do Azimute próximo à grande área. Nosso time tinha bons batedores de falta, como Gilson, Galego Edilson e Polimar. Mas, foi outro exímio cobrador de falta quem decidiu aquela partida história. Grande expectativa por parte dos torcedores na Adecita. Suspense enquanto nosso médio volante, Edson Madera, ajeitava a "gorduchinha" com carinho. Claro que Edson Madera, assim como todos nós, jogadores, sabíamos que sob a trave do Vitória estava o consagrado goleiro Bagatini. Mas, nesse dia, não deu para o amigão e compadre de Felipão. Edson Madera bateu, com maestria, no ângulo do canto direito de Bagatini, que nada pôde fazer. Foi o gol da vitória sobre o Vitória, talvez o gol mais importante da história do Estádio da Adecita e do futebol de Itaparica. A partir daquele gol, nós botamos o coração no bico da chuteira, como dizemos na gíria dos boleiros, e conseguimos segurar a vitória do Azimute em cima do todo-poderoso Vitória, que saiu de campo atordoado, sem saber o que tinha acontecido. Se o gol de Edson Madera foi, na minha opinião e, com certeza, na opinião de muitos, o gol mais importante da história do futebol de Itaparica, aquele jogo foi também o mais importante dos tempos áureos do futebol itaparicano. A comemoração varou a madrugada.
18 de dezembro de 1983, o dia em que o esquadrão do Vitória da Bahia foi desbancado pelo time do Azimute. Trinta anos se passaram, mas aquele jogo nunca vai ser apagado da memória de quem esteve dentro de campo e de quem esteve na arquibancada da Adecita.
Edson Madera, funcionário aposentado da Chesf, herói do
histórico jogo Azimute x Vitória (BA)
(clique na imagem para ampliar, clicando pela 2ª vez a ampliação será maior)
Gilson, seu Amarinho e Assis Ramalho. O ano é 1983 em jogo onde o Vitória da Bahia veio a Itaparica fazer o jogo de entrega de faixas ao Azimute campeão daquele ano. O placar? 2a1. Pra quem? Pra nós, é claro.
Depoimento de Assis Ramalho, zagueiro do Azimute 1983
VEJA ABAIXO FORMAÇÕES DO AZIMUTE F.C NA DÉCADO DE 1980
Em pé: Valmir Brasil, Grilo, Assis Ramalho, Walter Brasil, e Ney. Agachados: Lisboa, César Campos (In memoriam), Edson Madera, Galego Edilson ( In memoriam), Edísio Bezerra e Gilson.
Em pé: Adonis (Treinador), Ney, Joãozinho, Valmir Brasil, Assis Ramalho e Edísio Bezerra. Agachados: César Campos (In memoriam), Ivaldo, Galego Edilson ( In memoriam) Edson Madera, Lisboa e Altamir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários são publicados somente depois de avaliados por moderador. Aguarde publicação. Agradecemos a sua opinião.