Organizado pelos historiadores Bruno Almeida (foto) e Leonardo Dantas Silva, o título será lançado pela Companhia Editora de Pernambuco (Foto: Leopoldo Conrado Nunes/Cepe)
Numa época em que escritores divulgavam suas produções intelectuais nos jornais, Pereira da Costa contou a história de Pernambuco em artigos seriados, no começo do século 20. Dos aspectos sociais a temas militares, passando por botânica, urbanismo, religião, folclore e cultura, nada escapou ao historiador e jornalista na série “Reminiscências histórico-pernambucanas”. Os textos, inéditos em livro, são agora apresentados pela Cepe Editora, dentro das homenagens ao centenário de morte do autor. O lançamento será na terça-feira, 19 de novembro, das 19h às 22h, na Academia Pernambucana de Letras, entidade que Pereira da Costa ajudou a fundar, localizada nas Graças, Zona Norte do Recife.
Tempos de Jornal - Reminiscências histórico-pernambucanas reúne 36 textos publicados por Francisco Augusto Pereira da Costa (1851-1923) no Diario de Pernambuco, de maio de 1901 a janeiro de 1903, de forma ininterrupta, e em janeiro de 1922. Autor de obras indispensáveis para quem procura informações sobre a história e a cultura do Estado, Pereira da Costa deixou uma vasta bibliografia, entre livros e artigos. O mais conhecido, Anais Pernambucanos, cobre o período de 1493 a 1850, numa narrativa de mais de cinco mil páginas organizadas em dez volumes.
“O aspecto mais importante da publicação desta obra é corroborar, mais uma vez, a relevância de Pereira da Costa como o maior cronista da história de Pernambuco. Passados quase 101 anos de seu falecimento (21 de novembro de 1923), ainda temos o privilégio de publicar de maneira inédita alguns de seus escritos, e temos a oportunidade de ver, novamente, a sua capacidade de abordar assuntos tão distintos, dando a cada um deles a sua devida seriedade”, declara o historiador Bruno Almeida de Melo, que fez a organização do livro com o historiador Leonardo Dantas Silva, falecido há um ano, em novembro de 2023.
O pesquisador Pereira da Costa expõe conteúdos variados na série. Um dos textos relata atividades de associações secretas e políticas do século 19, como a Sociedade Patriótica Harmonizadora, que destinou recursos para pagamento de pensão a viúvas, pais e filhos menores dos mártires da Revolução de 1817 e da Confederação do Equador, de 1824. Foram beneficiados três filhos de frei Caneca (Ana, Fortunato e Joaquim), um filho do padre José Inácio Roma, o pai adotivo da filha do padre Tenório e a viúva do capitão Domingos Teotônio Jorge, entre outros.
No artigo “Nichos”, o pesquisador relata a atuação da polícia para conter “abusos” e “irreverências” de populares nas orações que eram feitas diante desses pequenos santuários nas fachadas de residências, no Centro do Recife. Há textos sobre os arcos nas cabeceiras da atual Ponte Maurício de Nassau, que liga o Bairro do Recife ao de Santo Antônio, demolidos para obras de melhorias no trânsito; o farol construído nos arrecifes do porto; os meios de transporte público; e os pelourinhos do Recife, Olinda, Itamaracá, Goiana, Paudalho e Garanhuns.
Ao comentar a repercussão da série, Bruno Almeida cita o artigo “Judeus”, sobre a comunidade israelita, de 14 de julho de 1901, que foi traduzido e publicado em uma revista de Berlim, em 1902. “Em 1965, Manuel Correia de Andrade (geógrafo, 1922-2007) utilizou o artigo ‘Sociedades Secretas’ como fonte para escrever um de seus livros”, acrescenta. Tempos de Jornal traz notas explicativa para contextualizar, complementar e atualizar informações coletadas há mais de cem anos por Pereira da Costa. Tem prefácio de Leonardo Dantas e posfácio de Bruno Almeida dedicado a Leonardo Dantas, que morreu sem ver a obra pronta. Reminiscências histórico-pernambucanas é o título original da série publicada no Diario.
“Pereira da Costa fazia questão de divulgar seus textos, fosse em forma de livros ou artigos publicados na Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, ou nos jornais do Recife e de outros estados. O público alcançado era o mais diversificado possível, desde estudiosos a apenas interessados em História, e acredito que ainda seja assim até hoje. Espero que este livro desperte interesse nos mais variados públicos em conhecer mais a história de Pernambuco e a figura extraordinária que foi Pereira da Costa”, destaca Bruno Almeida, que também organizou o título Os bispos de Olinda (1676-1910), lançado pela Cepe Editora em 2023, com outra série de artigos do mesmo autor.
Sobre Pereira da Costa - Historiador, folclorista e escritor, Francisco Augusto Pereira da Costa nasceu no bairro de Santo Antônio, Centro do Recife, em 16 de dezembro de 1851. Começou a colaborar com o Diario de Pernambuco aos 21 anos, formou-se em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco e foi professor no Ginásio Pernambucano e no Liceu de Artes e Ofícios, além de ocupar o cargo de deputado estadual por oito mandatos (1900-1923). Participou da fundação da Academia Pernambucana de Letras e foi integrante do Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano e dos Institutos Histórico e Geográfico de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba e São Paulo.
Serviço
O que: Lançamento de Tempos de Jornal - Reminiscências histórico-pernambucanas, com bate-papo entre Bruno Almeida, Mariana Dantas (filha de Leonardo Dantas) e Mário Hélio, editor das revistas Continente e Pernambuco da Cepe
Quando: 19/11 (terça-feira)
Hora: 19h às 22h
Onde: Academia Pernambucana de Letras (Avenida Rui Barbosa, 1596, Graças, Recife)
Preço: R$ 80 (impresso)
Assessoria de Imprensa da Cepe
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