A seca se intensificou em todas as regiões do país entre junho e julho, com registros de seca extrema em estados da região Norte. Os dados são do Monitor de Secas da ANA (Agência Nacional de Águas), que mostram que todas as regiões têm registro de seca e que em 15 estados o fenômeno ficou mais severo de um mês para o outro. O cenário dificulta a navegação, o fornecimento de energia elétrica e prejudica a produção de alimentos.
Segundo os dados da ANA, de junho para julho a seca avançou no Acre, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo e Tocantins. Em cinco unidades da Federação, se estabilizou: Amapá, Ceará, Distrito Federal, Maranhão e Pernambuco. Somente dois estados seguiram livres de seca em julho: Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Entre os estados, o Amazonas teve a maior área atingida pela seca em julho, seguido por Pará, Mato Grosso, Minas Gerais e Bahia. No total, entre junho e julho, a área afetada pela seca aumentou de 5,96 milhões de km² para 7,04 milhões de km², o que representa 83% do território do Brasil. Isso significa que, nesse período, a área com seca cresceu em 1,1 milhão de km².
Comparado a julho de 2023, os dados de julho de 2024 também mostram que a seca este ano é mais grave. Veja no mapa a seguir.
Nível extremo
A situação é mais crítica no Norte do país. Segundo o SGB (Serviço Geológico do Brasil), a seca na região atinge níveis históricos por toda a Bacia do Rio Amazonas. Além das mínimas históricas nos rios Solimões e Madeira, as cotas estão abaixo da faixa da normalidade e continuam a descer também nos rios Negro, Acre e Amazonas.
Os rios da Bacia do Rio Paraguai, na região do Pantanal, que abrange municípios de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, também seguem em ritmo de descida. Em algumas localidades, os valores já estão entre as mínimas históricas, e o cenário tende a se agravar diante das previsões de baixo volume de chuvas.
“A descida tem sido em ritmo de 15 cm por semana, o que é acelerado, e, como não há previsão de chuvas para toda a região, a tendência é que a cota continue a baixar. A expectativa é que os níveis dos rios parem de baixar ao final de setembro, com as primeiras chuvas da estação chuvosa, caso elas de fato ocorram”, explica o pesquisador em geociências do SGB Marcus Suassuna.
Com isso, o fornecimento de energia elétrica também sofre impactos. Na quarta-feira (4), a Eletrobras informou que a usina hidrelétrica de Santo Antônio interrompeu a operação de algumas unidades geradoras devido ao baixo fluxo de água no Rio Madeira, que atingiu os limites operacionais.
Para setembro, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou a bandeira tarifária vermelha no nível 1, o que significa contas de luz mais caras para os consumidores, com um adicional na tarifa de energia elétrica de R$ 4,46 a cada 100 kWh (quilowatt-hora) consumidos.
Como a produção nas hidrelétricas está baixa, será necessário usar as usinas termelétricas, que geram energia a um custo maior.
Consequências para a agricultura
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) alerta que a produção de alimentos deve cair, resultando em um aumento nos preços. Os produtos mais afetados serão a laranja e a banana. A maioria da produção de laranja do país ocorre em São Paulo e no Triângulo Mineiro, regiões fortemente atingidas pela seca e por queimadas.
Segundo a Conab, seis estados tinham calendário de plantio vigente para as culturas de feijão e milho em agosto. Há preocupação especialmente com Minas Gerais, o único estado com calendário de plantio vigente.
Em agosto, 50 municípios enfrentaram seca severa e 471 municípios tiveram seca moderada. No Centro-Oeste, a situação mais preocupante é em Mato Grosso do Sul, onde oito municípios enfrentaram seca severa e 17 tiveram seca moderada.
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