🔥No Norte, os rios estão secando e as cidades estão isoladas. No Centro-Oeste, o problema é o fogo que se alastra sobre a vegetação seca, colocando em risco o Pantanal. Incêndios também tomam o interior de SP, e a fumaça se espalha pelo Sudeste.
Incêndios atingiram dezenas de cidades no interior de São Paulo — Foto: Reprodução/TV Globo
🔴 Os especialistas explicam que a intensidade da seca e os impactos têm a ver com fenômenos da natureza, como o El Niño, e com a ação humana, como as mudanças climáticas, o desmatamento e o uso ilegal do fogo, que estão queimando os biomas pelo país.
A pesquisadora Regina Rodrigues, que coordena o grupo que estuda o Atlântico e suas ondas de calor na Organização Meteorológica Mundial (OMM), explica que o El Niño e as mudanças climáticas, que fizeram aquecer os oceanos, “bagunçaram” o clima.
➡️ Para se ter uma noção, foi essa “bagunça” que fez com que a seca que atinge o país seja menos intensa no Nordeste, onde, geralmente, é mais seco.
O El Nino causa isso que chama de bloqueios atmosféricos, que impedem a formação de chuvas e nuvens. O que acontece é que as mudanças climáticas tornaram tudo muito mais intenso, muito mais quente. Sem nuvem para proteger da passagem do calor e com a temperatura mais alta, essa condição foi piorando e chegamos a essa seca imensa.
— Regina Rodrigues, especialista em fenômenos dos oceanos
🔥 E é, de novo, a mão do homem que faz com que o país esteja em chamas, com regiões cobertas por fumaça. A coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo, explica que, com a seca intensa, a vegetação se torna combustível, mas para queimar, precisa de fogo. Intencional ou não, sem autorização, é criminoso.
Norte: comunidades isoladas, rios secos e Zona Franca sob ameaça.
Centro-Oeste: vulnerável ao fogo, Pantanal em risco e temperaturas recordes.
Sudeste: região é a segunda mais impactada com a seca e tem cidades em alerta por incêndios
Nordeste: oceanos aquecidos minimizam impactos, mas mais da metade da região está sob classificação de seca.
Sul: Após catástrofe que alagou o Rio Grande do Sul, cenário começa a desenhar seca e especialistas alertam para futura estiagem.
Seca no rio Madeira, no Norte do país — Foto: Rede Amazônica
Norte: comunidades isoladas, rios secos e Zona Franca sob ameaça
Cidades isoladas e comunidades ribeirinhas sem acesso a água ou comida. Escolas fechadas e toda a região sufocada pela fumaça Somado a isso, a Amazônia está vivendo sua pior temporada de queimada em anos. O cenário no Norte do país é de desastre.
➡️ Segundo os dados do Cemaden, das 450 cidades, 443 estão em situação de seca na região. No Acre, Amazonas, Pará, Roraima e Tocantins todas as cidades estão sob estiagem. (Veja a situação na sua cidade)
Isso está fazendo os rios baixarem a níveis recordes de forma acelerada. Segundo os dados do Cemaden, os principais rios da bacia estão até quatro metros mais baixos que no mesmo período do ano passado. (Veja o comparativo abaixo)
Situação dos rios no Norte: 2023 x 2024
Rios Nível em 2023 Nível em 2024 Diferença em metros
Negro 22,74 18,69 -4,05
Solimões 13,15 8,49 -4,66
Madeira 5,58 3,48 -2,1
Jurua 2,85 2,73 -0,12
Purus 13,47 8,49 -4,98
Tapajos 4,3 2,57 -1,73
Amazonas 8,89 5,5 -3,39
Paraguai 3,68 -0,23 -3,91
Fonte: Cemaden
💰 Outro grande problema da estiagem é o desabastecimento de produtos agrícolas, resultado das quebras de safras e perda de alimentos. Os prejuízos na produção causam os chamados "choques de oferta", que acontecem quando um produto passa a ter uma disponibilidade menor no mercado — e, por isso, seus preços sobem.
💰 Além disso, o sistema de produção de energia no Brasil é interligado e a baixa nos rios no Norte fez com que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) anunciasse o reforço com termelétricas, o que fez subir a conta de energia no país.
🔴 Os especialistas explicam que a intensidade da seca e os impactos têm a ver com fenômenos da natureza, como o El Niño, e com a ação humana, como as mudanças climáticas, o desmatamento e o uso ilegal do fogo, que estão queimando os biomas pelo país.
A pesquisadora Regina Rodrigues, que coordena o grupo que estuda o Atlântico e suas ondas de calor na Organização Meteorológica Mundial (OMM), explica que o El Niño e as mudanças climáticas, que fizeram aquecer os oceanos, “bagunçaram” o clima.
➡️ Para se ter uma noção, foi essa “bagunça” que fez com que a seca que atinge o país seja menos intensa no Nordeste, onde, geralmente, é mais seco.
O El Nino causa isso que chama de bloqueios atmosféricos, que impedem a formação de chuvas e nuvens. O que acontece é que as mudanças climáticas tornaram tudo muito mais intenso, muito mais quente. Sem nuvem para proteger da passagem do calor e com a temperatura mais alta, essa condição foi piorando e chegamos a essa seca imensa.
— Regina Rodrigues, especialista em fenômenos dos oceanos
🔥 E é, de novo, a mão do homem que faz com que o país esteja em chamas, com regiões cobertas por fumaça. A coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo, explica que, com a seca intensa, a vegetação se torna combustível, mas para queimar, precisa de fogo. Intencional ou não, sem autorização, é criminoso.
Norte: comunidades isoladas, rios secos e Zona Franca sob ameaça.
Centro-Oeste: vulnerável ao fogo, Pantanal em risco e temperaturas recordes.
Sudeste: região é a segunda mais impactada com a seca e tem cidades em alerta por incêndios
Nordeste: oceanos aquecidos minimizam impactos, mas mais da metade da região está sob classificação de seca.
Sul: Após catástrofe que alagou o Rio Grande do Sul, cenário começa a desenhar seca e especialistas alertam para futura estiagem.
Seca no rio Madeira, no Norte do país — Foto: Rede Amazônica
Norte: comunidades isoladas, rios secos e Zona Franca sob ameaça
Cidades isoladas e comunidades ribeirinhas sem acesso a água ou comida. Escolas fechadas e toda a região sufocada pela fumaça Somado a isso, a Amazônia está vivendo sua pior temporada de queimada em anos. O cenário no Norte do país é de desastre.
➡️ Segundo os dados do Cemaden, das 450 cidades, 443 estão em situação de seca na região. No Acre, Amazonas, Pará, Roraima e Tocantins todas as cidades estão sob estiagem. (Veja a situação na sua cidade)
Isso está fazendo os rios baixarem a níveis recordes de forma acelerada. Segundo os dados do Cemaden, os principais rios da bacia estão até quatro metros mais baixos que no mesmo período do ano passado. (Veja o comparativo abaixo)
Situação dos rios no Norte: 2023 x 2024
Rios Nível em 2023 Nível em 2024 Diferença em metros
Negro 22,74 18,69 -4,05
Solimões 13,15 8,49 -4,66
Madeira 5,58 3,48 -2,1
Jurua 2,85 2,73 -0,12
Purus 13,47 8,49 -4,98
Tapajos 4,3 2,57 -1,73
Amazonas 8,89 5,5 -3,39
Paraguai 3,68 -0,23 -3,91
Fonte: Cemaden
Um barco viaja por um trecho do rio Amazonas afetado pela seca, perto do município de Manacapuru, na Região Metropolitana de Manaus, em 27 de setembro de 2023. — Foto: AP Photo/Edmar Barros
Isso impede a navegação nas cidades, que ficam sem insumos, e põe em risco a sobrevivência de animais. No Amazonas, todas as cidades entraram em situação de emergência.
O pesquisador Renato Sena, que atua no monitoramento das bacias hidrográficas da região no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), explica que a região já vive um cenário pior que o de 2023 e que a previsão não é otimista. Não há indicativo de que algo mude até 2025, o que vai expor ao extremo as vulnerabilidades da região.
A gente está vendo as bacias despencando metros em poucos dias e as comunidades sofrendo. Os estados vão ser colocados no limite. A gente precisa de políticas públicas de resiliência, monitoramento e combate ao desmatamento de forma urgente. As comunidades não podem viver de socorro.
— Renato Sena, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa)
A estiagem intensa no Norte impacta o restante do país. Isso porque a Amazônia é um grande bolsão de umidade, que é distribuído para o restante do território. Se não há umidade lá, a situação é agravada no restante do Brasil. E essa crise ambiental impacta diretamente na economia:
💰 A Zona Franca de Manaus, por exemplo, que concentra várias das maiores produtoras de eletrônicos do país, tem as águas como principal via de transporte. Com a baixa dos rios em 2023, as empresas anunciaram gastos extras de R$ 1,4 bilhão, o que afetou os preços dos produtos distribuídos pelo país. A área produtiva já alertou para novas perdas neste ano.
O pesquisador Renato Sena, que atua no monitoramento das bacias hidrográficas da região no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), explica que a região já vive um cenário pior que o de 2023 e que a previsão não é otimista. Não há indicativo de que algo mude até 2025, o que vai expor ao extremo as vulnerabilidades da região.
A gente está vendo as bacias despencando metros em poucos dias e as comunidades sofrendo. Os estados vão ser colocados no limite. A gente precisa de políticas públicas de resiliência, monitoramento e combate ao desmatamento de forma urgente. As comunidades não podem viver de socorro.
— Renato Sena, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa)
A estiagem intensa no Norte impacta o restante do país. Isso porque a Amazônia é um grande bolsão de umidade, que é distribuído para o restante do território. Se não há umidade lá, a situação é agravada no restante do Brasil. E essa crise ambiental impacta diretamente na economia:
💰 A Zona Franca de Manaus, por exemplo, que concentra várias das maiores produtoras de eletrônicos do país, tem as águas como principal via de transporte. Com a baixa dos rios em 2023, as empresas anunciaram gastos extras de R$ 1,4 bilhão, o que afetou os preços dos produtos distribuídos pelo país. A área produtiva já alertou para novas perdas neste ano.
💰 Outro grande problema da estiagem é o desabastecimento de produtos agrícolas, resultado das quebras de safras e perda de alimentos. Os prejuízos na produção causam os chamados "choques de oferta", que acontecem quando um produto passa a ter uma disponibilidade menor no mercado — e, por isso, seus preços sobem.
💰 Além disso, o sistema de produção de energia no Brasil é interligado e a baixa nos rios no Norte fez com que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) anunciasse o reforço com termelétricas, o que fez subir a conta de energia no país.
Pantanal sofre mais uma vez com seca severa a incêndios devastadores — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
No Centro-Oeste, nenhuma das cidades dos três estados que compõem a região e o Distrito Federal se salvam da situação de seca. Segundo os dados do Cemaden, todas estão em estiagem em algum nível. (Veja a situação na sua cidade)
🔥 Na região, a maior preocupação são os incêndios no Pantanal. Neste ano, o bioma bateu o recorde de queimadas, que começaram antes da época de fogo, ainda em junho, e se estendem até agora. As chamas criaram um rastro de destruição, com animais mortos pelo caminho e a população sufocada pela fumaça.
Uma baía inundável próximo ao rio Paraguai, principal bacia do Pantanal, se transformou em um imenso lamaçal, em que centenas de peixes morreram agonizando. (Veja imagens abaixo)
Peixes agonizam em lamaçal que foi baía, no Pantanal. — Foto: Reprodução
A seca e o fogo têm devastado o Pantanal, trazendo o risco de danos permanentes que ameaçam sua própria existência. Nesta semana, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, chegou a fazer um alerta dizendo que o país pode o bioma até o fim do século.
O Pantanal é a maior planície inundável do mundo, mas está vendo sua água secar de forma acelerada. De acordo com um estudo do Mapbiomas o Pantanal foi o bioma que mais perdeu água. A análise revelou que, em 2023, a superfície coberta por água durante pelo menos seis meses foi de apenas 382 mil hectares, uma redução de 61% em relação à média histórica.
O bioma está perdendo água de forma muito acelerada e a forma como isso está acontecendo é impressionante. O Pantanal é alvo de fogo e, antes que consiga se recuperar, é queimado de novo. É preciso impedir que isso aconteça.
— Suely Araújo, do Observatório do Clima
Em Goiás, a temperatura vem batendo recorde, com máximas chegando perto dos 40°C. A qualidade do ar em pelo menos 28 cidades nesta semana esteve como a do deserto do Saara.
Além disso, o estado está entre os que têm mais cidades sem chuvas por mais de três meses seguidos. Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), são 14 cidades sem ver uma gota d’água cair do céu por um período mais longo que 100 dias.
No Sudeste, a seca afeta todas as cidades dos quatro estados, são mais de 1668 cidades com alguma classificação de seca. (Veja a situação na sua cidade)
Em São Paulo, o principal problema é o fogo. Em agosto, o estado registrou 2,6 mil focos de calor em uma ação que levou a chamas a quase 50 cidades. O caso é investigado pela Polícia Federal e entidades, como o Ipan, apontam que há indício de fogo criminoso porque os fósseis estavam concentrados em áreas de uso agropecuário.
Incêndio atingiu estação experimental de Instituto de Zootecnia do Estado em Ribeirão Preto (SP) — Foto: Reprodução/EPTV
Além desses impactos, segundo analistas de economia, os recentes incêndios no interior de São Paulo também podem exercer uma pressão sobre o preço da cana-de-açúcar, matéria-prima utilizada para produção de açúcar e etanol.
O Cantareira, reservatório que atende a capital São Paulo, também está com classificação de seca, indicando vazões abaixo do esperado.
Panorama na região do Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo, em meio à névoa seca provocada pela poluição do ar nesta terça-feira (3) — Foto: Felipe Rau/Estadão Condeúdo
➡️ Em Minas Gerais, mais de 100 cidades estão em situação de emergência pela seca. A maior parte das cidades está localizada nas regiões Norte, Vale do Jequitinhonha e Vale do Mucuri, regiões vulneráveis à seca.
A capital, Belo Horizonte, enfrenta um dos maiores períodos sem chuva, com mais de 100 dias sem cair uma gota d'água. No estado, são 28 cidades sem chuva por período igual ou maior que três meses.
➡️ No Espírito Santo, a falta de água colocou o estado em alerta para o abastecimento. A Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) publicou um decreto pedindo o uso racional de água, com o risco de mais baixas.
Isso tudo, enquanto as temperaturas máximas sobem no Rio de Janeiro, que também sofre com a estiagem e com a fumaça. No estado, das 92 cidades, 80 estão classificadas em situação de estiagem.
Os oceanos aquecidos mudaram a extensão da seca e impediram que a estiagem castigasse de forma tão severa quanto o res Nordeste. A região é uma das com menos impacto, com exceção do Sul após o desastre com o extremo de chuvas.
Incêndios na região das Dunas do Jalapão fizeram atrativo ser fechado — Foto: Ana Paula Rehbein/TV Anhanguera
A região também vem sofrendo com as queimadas. No Tocantins, o fogo fez ser fechadas as dunas do Parque Estadual do Jalapão.
Apesar disso, ao longo dos meses, a situação vem se mantendo estável na região e a previsão é que siga assim até 2025, com a chegada da La Nina, que tende a manter chuvas no Nordeste.
Sul: menos atingido pela seca, mas ainda sob risco
O Sul do país viveu a maior tragédia de chuvas da história do país, que colocou o Rio Grande do Sul debaixo d’água. O excesso de chuva diminuiu os impactos da seca na região, sendo vítima de um outro extremo.
Apesar disso, ainda há impactos. Dos 1191 municípios, 405 estão em situação de seca, segundo o Cemaden. O estado em situação mais delicada é o Paraná, que tem 75% do território em estiagem.
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