Marçal foi eliminado faltando dez segundos para que concluísse suas considerações finais. O ex-coach, que havia mantido o tom moderado durante o debate, chamou repetidas vezes o prefeito Ricardo Nunes de “bananinha” e prometeu “prender” o emedebista caso seja eleito, citando investigações a respeito da máfia das creches.
A saída do candidato do PRTB do programa foi seguida de um corre-corre, com seguranças e assessores invadindo o estúdio. A confusão foi deflagrada por um soco desferido por Nahuel Medina, integrante da equipe de Marçal, no marqueteiro Duda Lima. Segundo um dos presentes, Medina tentava filmar a expulsão de Marçal com um celular, quando o marqueteiro de Nunes teria pedido licença para o rapaz e levado o soco.
— Esse rapaz deu um soco no Duda Lima, do nada. Ele ficou sangrando, com o rosto pingando sangue no chão — afirmou Leandro Narloch, chefe de comunicação de Marina Helena (Novo).
Em publicação em suas redes sociais, Medina disse mais tarde que apenas "se defendeu institivamente". O homem, um dos responsáveis por produzir os vídeos de Marçal, compartilhou um vídeo em que mostra Duda Lima rindo após o anúncio da expulsão do candidato do PRTB, e aparentemente tentando tomar o celular de suas mãos.
Nunes e seu marqueteiro, que no passado trabalhou também com Jair Bolsonaro (PL), foram para o 16° Distrito Policial (DP), na Vila Clementino, prestar queixa contra Medina. O agressor também foi para a delegacia, acompanhado por um dos advogados de Marçal e por Wilson Pedroso, coordenador da campanha do PRTB.
— Ele (Duda Lima) levou um soco do nada, de uma forma covarde. A delegada achou melhor ele ir para o hospital. Não está se sentindo bem, estava com tontura. Estamos indo para o hospital — disse Nunes na saída da delegacia. Segundo o prefeito, o marqueteiro será atendido no Hospital Sírio-Libanês e só depois prestará depoimento.
Tassio Renam, advogado e coordenador de campanha de Pablo Marçal, disse que Medina foi alvo de uma agressão de Duda Lima antes de desferir um soco no marqueteiro e que um boletim de lesão corporal será registrado por parte da defesa da equipe de Marçal.
— O Medina não está detido. Ele está aguardando o momento de dar o depoimento dele. Ele não saiu na viatura, ele veio dentro do meu carro. Foi na verdade um ato de legítima defesa. O Duda Lima dá uma risada, na esperança de tomar o celular dele, acaba desferindo um golpe que rasga a camisa dele, arranha o peito dele — disse Renam.
Ainda na saída do estúdio, Marçal defendeu seu funcionário. Segundo o candidato, o integrante de sua equipe apenas revidou uma provocação de Duda Lima. Para Marçal, o mediador do debate errou ao expulsá-lo do evento.
— Ele (Duda) avançou, agrediu o integrante da minha equipe e ele, na reação, acabou desferindo um soco contra ele. Infelizmente, as pessoas estão sem esse equilíbrio emocional na nossa sociedade, é o que eu falo todos os dias, que a gente precisa ensinar, desde a base no ensino público, a inteligência socioemocional — afirmou o ex-coach. — Quem tratou o Duda Lima foi o enfermeiro da minha equipe. O enfermeiro da minha equipe que tratou ele, só pra vocês saberem. Então é o seguinte, péssimo debate.
Tramontina, o mediador do debate, criticou Marçal por aproveitar o tempo final para "adotar o projeto de sair fazendo tudo aquilo que ele não pode de agressão e desrespeito".
— Ele claramente usou o tempo final na expetativa de que isso fosse ser o fecho do debate sem nenhuma responsabilização ou consequência — disse o mediador.
A reação dos candidatos
Após o debate, Marina Helena classificou a confusão como "inaceitável". Em entrevista aos organizadores, a candidata defendeu a prisão do assessor de Marçal e disse que é preciso inteligência emocional porque já precisou “fugir” duas vezes de debates devido a confusões.
— Uma agressão física como essa é inaceitável — disse.
Tabata Amaral (PSB) disse que Marçal “conseguiu mais uma vez” roubar o holofote por não conseguir pautar o debate.
— Tenho certeza que amanhã só vão falar no soco, não vão falar em propostas — disse a candidata, claramente irritada.
Guilherme Boulos (PSOL) também classificou a ação como inaceitável e disse que Marçal é o “boi de piranha” de Nunes, chamando a atenção e evitando que os problemas da gestão do prefeito ganhassem o foco.
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