Datafolha: Nunes (27%) e Boulos (25%) se isolam à frente em SP; Marçal recua para 19%

Matéria atualizada às 18:33

Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB), José Luiz Datena (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL) — Foto: FELIPE MARQUES/ZIMEL PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO; RENATO GIZZI/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO

Nova pesquisa do Datafolha divulgada nesta quinta-feira mostra uma mudança no cenário da corrida eleitoral em São Paulo. O candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), tem 27% das intenções de voto e agora está tecnicamente empatado apenas com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que tem 25%. O ex-coach Pablo Marçal (PRTB) aparece destacado do atual prefeito, com 19% das menções, ainda em situação de empate técnico com o psolista, no limite da margem de erro, estimada em três pontos percentuais para mais ou menos.

Em relação ao levantamento divulgado na semana passada, Nunes teve variação positiva de cinco pontos, enquanto Boulos oscilou dois pontos para cima, e Marçal, três para baixo — o que sugere uma contenção da 'onda marçalista', estagnada pela sua segunda rodada seguida. O atual prefeito, por sua vez, registra crescimento de oito pontos desde o início do horário eleitoral no rádio e na TV, onde Nunes concentra sozinho 65% do tempo disponível aos candidatos.

Os resultados da nova pesquisa guardam distinções para o cenário indicado ontem pela Quaest, que mostrava vantagem numérica para Nunes (24%) frente a Marçal (23%) e Boulos (21%), com os três empatados. As pesquisas foram feitas com um dia de diferença e adotam metodologias distintas, o que não permite uma comparação direta entre elas.

No Datafolha, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) é a quarta colocada na disputa, passando de 9% para 8% em uma semana. Ela está tecnicamente empatada com o apresentador José Luiz Datena (PSDB), que variou de 7% para 6%. A candidata Marina Helena (Novo) soma 3% das menções.

São 7% dos eleitores os que declaram a intenção de votar em branco ou nulo (eram 8% da pesquisa anterior), e outros 4% se declaram indecisos — mesmo percentual registrado há uma semana.

Os candidatos Bebeto Haddad (DC) e Ricardo Senese (UP) marcaram 1% cada um, enquanto João Pimenta (PCO) e Altino Prazeres (PSTU) não pontuaram.

A nova pesquisa, contratada pelo jornal “Folha de S.Paulo”, foi realizada de terça a quinta-feira e capta os impactos dos dez primeiros dias de propaganda eleitoral no rádio e na TV, e também análises já mais assentadas dos eleitores em relação aos eventos do 7 de Setembro, quando Nunes e Marçal desempenharam papéis distintos em manifestação da direita na Avenida Paulista. O candidato à reeleição subiu no carro de som ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), enquanto o ex-coach fez aparição para fotos e vídeos em meio aos manifestantes de verde-amarelo.

Entre os eleitores que declaram ter votado no ex-presidente no segundo turno de 2022, Marçal detinha vantagem até a semana passada, mas agora empata com Nunes. O ex-coach passou de 48% da preferência dos bolsonaristas para 42%, enquanto Nunes oscilou oito pontos para cima nesse estrato, subindo de 31% para 39%.

O prefeito também passou a colher frutos da parceria com Tarcísio. Diferentemente de Bolsonaro, o governador é presença recorrente em atos de campanha do emedebista e já gravou vídeos para a propaganda eleitoral do aliado. Dentre os que votaram em Tarcísio em 2022, Nunes avançou de 30% das menções para 42% em uma semana. Já Marçal variou no sentido oposto, de 45% para 36%.

Na parcela evangélica do eleitorado, cerca de um quarto da amostra, Nunes e Marçal estão tecnicamente empatados: o primeiro com 29% das menções; e o segundo, com 31%. O ex-coach vinha avançando nesse segmento, mas atraiu a ira do pastor Silas Malafaia (Assembleia de Deus) no 7 de Setembro, ao mesmo tempo em que cresceram as manifestações de pastores pró-Nunes.

Além de disputar espaço com o candidato do PRTB no eleitorado de direita, Nunes tem conseguido fechar portas para Boulos em segmentos cobiçados pelo aliado do presidente Lula (PT). O deputado federal tem dado amplo espaço ao petista em sua campanha ao mesmo tempo em que busca construir uma imagem "paz e amor" para atrair eleitores do chefe do Executivo federal, mas as pesquisas mostram que Boulos não consegue engatar a segunda marcha nessa escalada. Dentre os que votaram em Lula em 2022, são 48% os que hoje escolhem Boulos para a prefeitura (eram 44% há uma semana), enquanto Nunes é o preferido de 19% desse eleitorado.

Na parcela mais pobre da cidade, que corresponde a cerca de um terço dos paulistanos aptos a votar, Nunes lidera com 27% das intenções de voto (estável em relação à semana passada), numericamente à frente de Boulos (21%, dois pontos a mais que no levantamento anterior) e com mais do dobro de menções de Marçal (13%, cinco pontos a menos).

Para além de ter estacionado na corrida eleitoral a três semanas da votação, o candidato do PRTB também tem como notícia negativa o avanço da rejeição ao seu nome, de 38% para 44% em uma semana. Segundo o Datafolha, o ex-coach é agora o candidato a quem mais os paulistanos negam o voto, à frente de Boulos (37%) e Datena (32%), ambos com rejeição estável em relação ao levantamento anterior. Nunes é rejeitado por 19%, taxa que era de 21% na semana passada e de 25% na pesquisa divulgada em 22 de agosto.

O Datafolha entrevistou 1.204 eleitores de 16 anos ou mais para o levantamento, que está registrado na Justiça Eleitoral sob o número SP-07978/2024.

Fonte: O Globo