Foto: Elias Silva
O projeto “Zelando e Cuidando da Mãe Terra: O retorno que a terra pode nos dar” apresentado pela comunidade indígena Pipipã da Aldeia Travessão do Ouro, através do cacique Valdemir Lisboa, foi demandado ao CBHSF por meio do Edital de Chamamento Público nº 01/2018, com o objetivo de receber demandas espontâneas para a seleção de propostas de projetos relativos ao Eixo V – Biodiversidade e Requalificação Ambiental concernente ao Plano de Recursos Hídricos da Bacia (PRH-SF).
Ao todo, serão investidos R$ 1.272.689,84 na implantação de quatro Sistemas Agroflorestais (SAFs) para preservação ambiental e prática da fruticultura sustentável; construção de cinco barragens subterrâneas para aumento da disponibilidade hídrica no subsolo e viabilização
do uso da água para fins agropecuários e de consumo humano e construção de cercas de arame farpado e mourões de eucalipto para proteção das áreas de preservação permanente. Com investimento integral do CBHSF, os recursos são oriundos da cobrança pelo uso da água.
As obras devem cumprir o objetivo de atender o aumento da disponibilidade hídrica devido à conservação das APP’s; melhorar a qualidade da água devido à proteção das APP’s e à diminuição do assoreamento; além de promover a adequação das estradas rurais com construção de barraginhas para diminuir a quantidade de sedimentos carreados para os corpos hídricos e reabastecimento dos aquíferos.
“Foi realizado o primeiro seminário do início das ações de um projeto hidroambiental no município de Floresta, que teve o Cacique Valdemir como demandante. O seminário aconteceu na igreja da comunidade com uma reunião de apresentação do Comitê e também para ouvir outras demandas. Vale destacar que a comunidade foi muito impactada pela obra da transposição e mesmo o canal passando a pouco mais de 6km das aldeias, todos sofrem com falta de água, as crianças apresentam problemas de saúde e por isso, há também muito êxodo para a cidade em consequência da falta de água”, explicou o membro do CBHSF, Elias Silva, representante da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco.
A obra, que tem o prazo de 14 meses sendo 12 de execução dos serviços a partir da assinatura da ordem de serviço, contemplará também a construção de 12 barraginhas; cercamento nas Aldeias Caraíbas e Capoeira do Barro; quatro Sistemas Agroflorestais (SAFs) nas Aldeias Caraíbas, Faveleira, Aldeia Capoeira do Barro e Travessão do Ouro. Além da construção de três paliçadas na Aldeia Travessão do Ouro.
Território Pipipã
A comunidade está localizada em Floresta/PE, município do Submédio São Francisco, a 463 km da capital Recife. Com 30.137 habitantes, a cidade tem uma história marcada pela presença e resistência dos povos indígenas originários.
O território do povo Pipipã abrange cerca de 63.000 ha de área nos municípios pernambucanos de Floresta, Inajá, Petrolândia, e Tacaratu, com uma população de 1.378 indígenas vivendo na área delimitada segundo relatório da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) e
1.421 habitantes ao todo, de acordo com dados de 2024 do Ministério da Saúde.
De acordo com a comunidade, a prática da agricultura é escassa devido à falta de água, mas ainda assim é possível encontrar pequenas áreas cultivadas com culturas de milho e feijão, o que não é suficiente para a subsistência dos moradores.
Bacia do Rio Pajeú
A bacia hidrográfica forma a Unidade de Planejamento Hídrico UP11 do estado de Pernambuco, estabelecida na região Centro-Oeste, em região semiárida, onde os rios possuem regime intermitente, dependendo da chuva para se manterem em curso, enquanto nos períodos de estiagem formam apenas um lençol freático com baixa disponibilidade hídrica.
O Rio Pajeú é perene, exceto em períodos de secas prolongadas, sendo a maior bacia do estado de Pernambuco, com uma área de aproximadamente 16.685,63 km², correspondendo a 16,97% da área do estado. O rio Pajeú nasce em Brejinho, norte do Estado e percorre cerca de 353 km de extensão até desaguar no lago Itaparica, no Rio São Francisco. Seus principais afluentes são os riachos Tigre, Barreira, Brejo, São Cristóvão, Belém, Cedro, Quixabá, São Domingos, Poço Negro e do Navio, sendo o último seu principal afluente.
A bacia é dividida em três porções: alto, médio e baixo Pajeú. O Alto Pajeú se localiza na zona do alto sertão do Pajeú, entre os municípios de Afogados da Ingazeira e Itapetim, pertencendo ao Planalto da Borborema. Já o Médio Pajeú está na transição do Planalto da Borborema e a Depressão sertaneja, na denominada Sertão Central, e o Baixo Pajeú abrange os municípios de Floresta e Carnaubeira da Penha.
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Juciana Cavalcante
Foto: Elias Silva
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários são publicados somente depois de avaliados por moderador. Aguarde publicação. Agradecemos a sua opinião.