O ex-presidente Jair Bolsonaro — Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo
Para não chamar a atenção das autoridades, presentes recebidos pelo governo de Jair Bolsonaro foram guardados em diferentes locais, incluindo uma fazenda, a casa de um militar e joalherias no exterior. A lista de presentes recebidos e negociados pelo entorno do ex-presidente, segundo a Polícia Federal, inclui joias, relógios de luxo e esculturas.
Bolsonaro, Cid e mais 10 são indiciados pela PF por desvio de joias do acervo presidencial
Além das joias: quais são as outras investigações da PF que podem implicar Bolsonaro
Nesta quinta-feira, a PF indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e o seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid no inquérito que apura o desvio de joias do acervo presidencial. Os crimes atribuídos aos dois são de peculato e associação criminosa lavagem de dinheiro. Caberá agora à Procuradoria-Geral da República decidir se oferece denúncia ou pede o arquivamento do caso.
Entre os locais usados pelo ex-presidente para armazenar dois conjuntos de joias após deixar a Presidência foi uma propriedade do ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet. A “Fazenda Piquet” fica localizada em área nobre da capital federal e, entre outras construções, conta com um galpão no qual Bolsonaro guardou 175 caixas com presentes que recebeu.
Propriedade de Nelson Piquet foi usada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para guardar dois conjuntos de joias recebidas pelo governo da Arábia Saudita — Foto: Reprodução
Em depoimento sobre a investigação, Bolsonaro optou por ficar em silêncio. Em outras ocasiões, ele negou ter ordenado a venda de joias, disse que não pediu ou recebeu presentes e reiterou que não há "qualquer ilegalidade".
Parte das joias também ficou guardada com o general do Exército Mauro Lourena Cid — pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid. A PF aponta que Lourena Cid guardou esculturas recebidas pelo então presidente no encerramento do Seminário Empresarial da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira na cidade de Manama, no Reino do Bahrein, em novembro de 2021.
Joias apreendidas na Receita Federal que iam para o casal Bolsonaro no valor de R$ 16 milhões — Foto: Reprodução
Segundo as investigações, as esculturas foram para os Estados Unidos em uma mala transportada no avião presidencial, no dia 30 de dezembro de 2022, no fim do mandato de Jair Bolsonaro. No país, o general encaminhou, de acordo com a PF, os itens para estabelecimentos especializados.
A PF constatou que o general não só ajudou a vender as joias nos Estados Unidos como atuou para ajudar a recomprá-las quando o Tribunal de Contas da União (TCU) ordenou que o ex-presidente Jair Bolsonaro as devolvesse. Uma dessas joias era o Rolex de platina cravejado de diamantes recebido de presente em viagem oficial e que Mauro Cid havia cotado por US$ 60 mil dólares (aproximadamente R$ 300 mil).
As joias de Bolsonaro: plateia de Chico Buarque vai ao delírio com música que fala sobre diamantes — Foto: Reprodução
A PF também identificou, ao longo das investigações, que parte das joias foram parar em lojas em Nova York, Pensilvânia e na Flórida, em endereços onde os assessores de Bolsonaro negociaram essas peças. Os presentes ficaram guardados nesses estabelecimentos enquanto não eram vendidas.
Em visita à Arábia Saudita, em outubro de 2019, o presidente recebeu do governo do país o que a Polícia Federal chama de "kit ouro branco". O destaque do kit é um relógio da marca Rolex. Mais tarde, esse relógio e um outro, da marca Patek Philippe, foram vendidos em uma loja de um shopping no estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos.
Terceiro conjunto de joias recebidas por Bolsonaro — Foto: Estadão
Por O Globo
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