Movimento revolucionário completa 200 anos em 2024 e a Cepe Editora lança publicação organizada pelo historiador Evaldo Cabral de Mello (Reprodução Antonio Parreiras)
Na próxima terça-feira, 2 de julho, em homenagem ao bicentenário da Confederação do Equador, a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) lançará a segunda edição do livro Frei Joaquim do Amor Divino Caneca. A obra, com organização e introdução de Evaldo Cabral de Mello, considerado o maior historiador vivo do Brasil, apresenta uma coletânea da produção intelectual de frei Caneca, um dos principais líderes do movimento. O lançamento será na livraria da Cepe no Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa, no Varadouro, em Olinda, dentro das comemorações do Governo do Estado pelos 200 anos da Confederação do Equador.
O título tem 736 páginas, é dividido em dez séries de textos e traz 28 edições do jornal O Typhis Pernambucano, fundado e redigido por frei Caneca de dezembro de 1823 a agosto de 1824; cartas trocadas com opositores; a Dissertação sobre o que se deve entender por pátria do cidadão e deveres deste para com a mesma pátria, escrito em 1822; e o Itinerário que fez frei Joaquim do Amor Divino Caneca, saindo de Pernambuco a 16 de setembro de 1824, para província do Ceará Grande. Este último narra a fuga dos rebeldes do Recife, já tomado pelas tropas imperiais, em direção à Mata Norte de Pernambuco, até a capitulação em 29 de novembro, dando fim à Confederação do Equador.
Movimento iniciado em Pernambuco a 2 de julho de 1824, no século 19, a Confederação reuniu as províncias da Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte contra o autoritarismo de Dom Pedro I. Na introdução do livro, Evaldo Cabral de Mello faz uma síntese das manifestações de independência de Pernambuco, de 1817 a 1824, para uma melhor compreensão dos artigos elaborados pelo frade. “As obras políticas de frei Caneca escapam ao doutrinarismo e ao debate puramente especulativo de ideias. Elas constituem sobretudo tomadas de posição relativamente a situações da política provincial e brasileira”, escreveu o historiador.
Um exemplo pode ser conferido na edição de 10 de junho de 1824, do Typhis Pernambucano, na qual o religioso deixa claro seu recado para o imperador: “Uma província não tinha direito de obrigar a outra província a coisa alguma, por menor que fosse; nem província alguma, por menor e mais fraca, carregava com o dever de obedecer a outra qualquer, por maior e mais potentada. Portanto, podia cada uma seguir a estrada que bem lhe parecesse, escolher a forma de governo que julgasse mais apropriada às suas circunstâncias, e constituir-se da maneira mais conducente à sua felicidade.” Professor de retórica, geometria e filosofia, Joaquim da Silva Rabelo era filho de um fabricante de tonéis (tanoeiro) e nasceu no Recife em 1779, na área hoje denominada Bairro do Recife.
O livro com a produção intelectual de frei Caneca foi publicado originalmente em 2001 e revela o amplo conhecimento do frade carmelita em história, matemática, teoria literária e doutrinas políticas. A nova edição vem com o acréscimo do jornal de nº 17 do Typhis Pernambucano, que não constava anteriormente. O religioso teve participação na Revolução Republicana de 1817, foi preso e ficou encarcerado na Bahia por dois anos. De volta ao Recife, teve presença de destaque na Confederação do Equador, presidida por Manuel de Carvalho Paes de Andrade. Depois de se renderem, encerrando o movimento revolucionário com a promessa de que seriam recebidos com clemência pelo imperador, frei Caneca é preso e condenado à forca.
Ao se defender perante a comissão militar de julgamento, ele discordou da acusação de crime de rebeldia, como se vê no texto do Itinerário. (...) “nem em todo este Pernambuco jamais houve nessa época tal imaginária rebelião. Salvo se o procurar confederar-se e unir-se com as outras províncias limítrofes para pedir instantaneamente ao imperador que cumpra a sua palavra e juramento, que subindo ao trono solenemente prestou, de permitir ao povo brasileiro o fazer livremente, por meio dos seus representantes em Cortes, que ele sem justa causa e incompetentemente dissolveu, uma Constituição inteiramente liberal, é rebeldia.”
Como os carrascos se recusaram a enforcar frei Caneca, a pena foi substituída por tiros de arcabuz, no Forte das Cinco Pontas, localizado no bairro de São José, no Centro do Recife, em 13 de janeiro de 1825. O corpo foi enterrado no Convento do Carmo, situado na mesma região. A capa do livro é ilustrada com uma recriação da imagem de frei Caneca produzida pelo artista plástico Roberto Ploeg.
Serviço
O que: Lançamento de Frei Joaquim do Amor Divino Caneca
Quando: 2 de julho (terça-feira)
Hora: A partir das 10h
Onde: Livraria da Cepe no Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa (Largo do Varadouro, s/n, Varadouro, Olinda)
Preço: R$ 90 (impresso) e R$ 35 (e-book)
Assessoria de Imprensa da Cepe
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