Operação prende suspeitos de movimentar R$ 240 milhões em contratos fraudados com prefeituras de Alagoas
Segundo investigações, grupo firmou contratos milionários em 20 municípios de AL entre 2020 e 2023
Cinco pessoas foram presas durante uma operação do Ministério Público de Alagoas, realizada ontem em Alagoas e Pernambuco, para desarticular uma organização organização criminosa especializada em fraudes na administração pública que desviou mais de R$ 200 milhões no estado.
Os presos são acusados de peculato, fraude em licitações e contratos, falsidade ideológica, desvio e lavagem de dinheiro público, dentre outros ilícitos penais.
Segundo as investigações, o grupo firmou contratos milionários com 20 municípios de Alagoas, movimentando R$ 243 milhões entre outubro de 2020 e março de 2023. O líder da quadrilha, o advogado Frederico Benigno Simões, segundo o MP, comprou um Porsche vermelho, modelo Carrera 911 e ano 2021, do ex-jogador Daniel Alves.
O veículo, avaliado em R$ 828 mil, foi apreendido em Petrolina (PE), onde mora o suposto líder do grupo que foi preso. O carro foi comprado e recebido pelo suspeito, mas ainda está no nome do jogador e não foi transferido para posse oficial da quadrilha.
A operação, intitulada Maligno, cumpriu um mandado de prisão em Maceió, três em Petrolina e mais um na cidade de Japaratinga, no Litoral Norte de Alagoas. Oito mandados de busca e apreensão também foram executados nas mesmas localidades. O Ministério Público informou que ainda conseguiu que a 17ª Vara Criminal da Capital determinasse o bloqueio e sequestros de bens dos denunciados no valor de R$ 46 milhões.
Além do advogado foi presa a esposa dele, Hianne Maria da Costa Pinto, Alisson Barbosa Freitas, Betuel Ferreira de Souza e Silvano Luiz da Costa. Todos eles devem passar por audiência de custódia na manhã desta sexta-feira (17).
Foram descobertos contratos estabelecidos com os municípios de Cajueiro, Quebrangulo, Porto de Pedras, Feira Grande, Pindoba, Carneiros, Olho d’Água das Flores, Mar Vermelho, Porto Real do Colégio, Pão de Açúcar, Estrela de Alagoas, Tanque d’Arca, Porto Calvo, Taquarana, Poço das Trincheiras, São Luís do Quitunde, Limoeiro de Anadia, Senador Rui Palmeira, Chã Preta e Flexeiras. Segundo as investigações, tais contratos foram firmados por meio de licitações por “carona”, ou seja, através de atas de adesão ao registro de preço, modalidade licitatória que facilita a contratação.
APREENSÕES
Além do Porsche, a operação apreendeu dados telemáticos, outros automóveis de luxo, além do sequestro de um Hotel Fazenda, na cidade de Sento Sé, na Bahia, pertencente a um dos integrantes do grupo.
Somente em um dos alvos foi apreendida a quantia de R$ 649 mil. A principal empresa alvo da operação é de propriedade de um casal apontado como líder da organização criminosa, cuja cooperativa de fachada funcionava no bairro da Jatiúca, em Maceió.
ESQUEMA FRAUDULENTO
A principal empresa alvo da operação é de propriedade do casal apontado como líder da organização criminosa, cuja cooperativa de fachada oferecia, dentre outras coisas, serviços típicos e obrigatórios da administração pública, como coleta de resíduos sólidos, limpeza de ruas, praças e avenidas, e profissionais para trabalharem como coveiro, motorista, vigia, gari, merendeira, veterinária, diretora escolar, médico veterinário, chefe de gabinete, assessor institucional, repórter e, até mesmo, fiscal de tributos. Todo o esquema foi montado com a principal finalidade de desviar dinheiro público e promover o enriquecimento ilícito do grupo criminoso.
De acordo com a investigação, estima-se que integrantes da mesma organização operam outras falsas cooperativas de prestação de serviços, com contratos em mais municípios alagoanos e da região do Sudoeste baiano, cujo montante, por enquanto, ainda é incalculável, segundo o MP.
LÍDER DO GRUPO CRIMINOSO
O advogado preso na operação se identifica nas redes sócias como empreendedor e visionário. Mas, para o Ministério Público de Alagoas (MPAL), ele é o líder de uma organização criminosa que firmou contratos com 20 municípios alagoanos e movimentou R$ 243 milhões.
Fred Simões, como se identifica, é dono de um hotel fazenda, na cidade de Sento Sé, na Bahia. O “Hotel Fazendinha” lhe rendeu também o apelido de Fred Fazendinha.
Além do hotel e do Porsche, Fred exibia nas redes sociais um novo interesse: a viticultura. No post mais recente em seu perfil, ele destaca uma imersão na “arte da viticultura” e posa com um cacho de uvas na Vinícola Miolo, em Porto Alegre. De acordo com a legenda, o preso estava vivenciando aprendizados que iriam enriquecer projetos futuros.
Quem também foi presa na mesma operação foi a esposa do advogado, Hianne Maria da Costa Pinto. Conforme o MP, ela atua na organização criminosa e aparece como sócia no Hotel Fazendinha. A mulher é também sócia em outras empresas, como a Segredo Apoio Administrativo, que já foi baixada.
Chama a atenção que, nos dados da empresa Segredo, que está em nome de Hianne, o telefone cadastrado é de Alisson Barbosa. Segundo o que o MP apurou, Alisson é o “testa de ferro” de Frederico Benigno. No apartamento onde Alisson foi preso, localizado no Edifício JTR, Torre México, foram apreendidos R$ 649 mil em espécie. Betuel foi preso na cidade de Japaratinga e Silvano Luiz em Petrolina.
Paloma Melo da Silva, 25 anos, e Andrigo Oliveira de Ávila, também com 25 anos, morreram após deslizamento de terra na Serra do RS — Foto: Arquivo pessoal
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