Meteorologistas observam, porém, que o Pacífico permanece quente e seus efeitos ainda devem ser sentidos nas próximas semanas. Além disso, ainda levará algum tempo até a que a atmosfera reaja às mudanças no oceano. O esfriamento de muitas regiões também pode não ser muito significativo porque o Oceano Atlântico segue extremamente quente e seu aquecimento não é provocado pelo El Niño.
A Agência de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos, a Noaa, referência no monitoramento do El Niño, ainda não confirmou a informação. Mas, segundo a nota do serviço australiano, o “El Niño terminou e os modelos climáticos indicam que o Pacífico seguirá neutro até julho. Indicadores oceânicos e atmosféricos coincidem em mostrar a neutralidade”.
Mas, como as condições globais de aquecimento dos oceanos registradas desde 2023 jamais foram observadas, os meteorologistas australianos frisam que o clima está extremamente instável e condições podem mudar subitamente.
As temperaturas globais da superfície dos oceanos são as maiores já registradas para cada mês do ano, de abril de 2023 a março de 2024. E cada dia de abril foi mais quente do que a mesma data em 2023, indicando que este também deve ser o abril com os mares mais quentes da História.
“Esse aquecimento global dos mares afeta o padrão típico da superfície do mar associado à variabilidade do El Niño. Como as condições atuais nunca foram observadas, as projeções de como o El Niño e a La Niña devem se comportar em 2024 baseadas em eventos passados podem não ser confiáveis”, destaca uma nota do serviço australiano.
O fim do El Niño, o mais temido dos fenômenos climáticos, já era esperado. Mas até a semana passada, a água do Pacífico Central, o principal indicador do El Niño, estava a 1,2 grau Celsius acima do normal, mais que o dobro da anomalia a partir da qual se considera que é um El Niño. O fenômeno se caracteriza pela elevação acima de 0,5 ºC. O padrão de ventos, porém, já é o esperado em condições normais, de neutralidade.
O El Niño traz mais calor para quase todo o mundo e, no Brasil, provoca chuvas torrenciais no Sul e incêndios no Norte da Amazônia, como os que Roraima tem sofrido. Já a La Niña é caracterizada pelo esfriamento das águas da mesma região do Pacífico.
E, mesmo com o Atlântico ainda muito aquecido, se espera que a La Niña amenize as temperaturas, trazendo alívio para várias partes do mundo. No Brasil, se houver La Niña, se projeta menos calor em quase todo o país, à exceção do Sul.
Desde dezembro, a temperatura do Pacífico Equatorial vem baixando rapidamente. E o serviço australiano diz que “nos últimos 15 dias houve um substancial resfriamento, com o índice Niño 3.4 (região Central do Pacífico, referência do fenômeno) dentro dos parâmetros históricos de neutralidade.”
Além disso, segundo a análise da Austrália, o resfriamento da superfície do Pacífico também é acompanhado pela redução da temperatura de águas em maior profundidade e também junto à costa da América do Sul, outra indicação típica do fim de um El Niño.
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