domingo, abril 14, 2024

Corisco, cangaceiro do bando de Lampião, é absolvido em júri épico realizado em Piranhas no Sertão de Alagoas

Cristino Gomes da Silva Cleto, o Corisco, fazia parte do bando de Lampião — Foto: Arquivo Pessoal

Um dos personagens mais famosos do Cangaço foi Cristino Gomes da Silva Cleto, o Corisco. Ele fazia parte do bando de Lampião e foi acusado de matar parte da família de Domingos Ventura. Ele acreditava que Domingos foi o responsável por entregar o esconderijo de Lampião para a polícia. Para julgar esses crimes, foi realizado em Piranhas, interior de Alagoas o ‘Juri Épico de Corisco’. A encenação, que teve recursos de um julgamento real, declarou Corisco, inocente, por 4 votos a 3.

O júri contou com uma defesa feita por advogados e defensores públicos. A enceração do julgamento foi feita pelo juiz Cleiton Ferreira, de Sergipe. O julgamento começou às 9h no Instituto Federal de Alagoas (IFAL) de Piranhas. Os jurados foram escolhidos por sorteio.

Corisco foi absolvido da acusação de matar e decapitar parte da família de Domingos, na Fazenda de Patos, em Piranhas, poucos dias depois da emboscada em que a volante da polícia matou Lampião, Maria Bonita e parte do seu bando de cangaceiros. Constava nos autos que Corisco acreditava que Domingos tinha revelado o esconderijo de Lampião e vingou a morte do amigo.

Durante dos dois dias de julgamento, sexta (12) e sábado (13), aconteceram palestras sobre a história do cangaço.

A tarde de sábado foi destinada para aos debates entre acusação e defesa. Foram duas horas e meia para as alegações de promotores do Ministério Público e outras duas horas e meia para advogados e defensores. Só depois disso, os jurados seguiram para a sala secreta. Até que à noite, a sentença foi lida pelos juízes, declarando Cleiton Gomes da Silva Cleto, inocente das acusações.

O ator Jedson Carlos, de Delmiro Gouveia, deu a vida ao cangaceiro no júri épico que lotou o auditório do Ifal. Ele disse que foram meses de estudos, se preparando para interpretar o cangaceiro.

Cleiton nasceu em Água Branca, interior de Alagoas. Aos 17 anos, matou um protegido de um coronel da época e fugiu. Se juntou ao cangaço e se tornou amigo fiel de Lampião. A fama de cangaceiro valente, rendeu a Cristino o apelido de Corisco.

Em março deste ano, o filho de Corisco e Dádá, Silvio Hermano Bulhões, morreu aos 88 anos. Ele era economista, professor e escritor e tinha muito orgulho dos pais e da história do cangaço.


Cristino Gomes da Silva Cleto, o Corisco, fazia parte do bando de Lampião — Foto: Arquivo Pessoal

O Cangaço

O cangaço em sua forma de “banditismo” foi um dos últimos movimentos do nosso país de luta armada e de classe pobre que dominou por um longo período de tempo o nordeste brasileiro. Virgulino Ferreira conhecido como Lampião foi um dos maiores líderes da história dos movimentos armados independentes do Brasil.

Em julho de 1938, chegava ao fim a trajetória do líder cangaceiro mais polêmico e influente no cangaço. A versão oficial conta que Lampião e a maior parte de seus grupos estavam acampados em Sergipe, na fazenda Angicos, quando foram surpreendidos. Ao todo foram 11 cangaceiros mortos, entre eles Lampião e Maria Bonita, sua esposa. As cabeças deles ficaram expostas nas escadarias da Prefeitura de Piranhas, interior de Alagoas.


Fotografia icônica mostra as cabeças de Lampião (última de baixo), Maria Bonita (logo acima de Lampião) e outros cangaceiros do bando. No canto esquerdo superior, uma placa lista os nomes e indica a data em que eles foram mortos — Foto: Reprodução de 'Ciclo do Cangaço: Memórias da Bahia', de José Castro/Wikipedia.

Por Michelle Farias, Amorim Neto, g1 AL e TV Gazeta

Um comentário:

  1. Bela história só não entendi prá que esse julgamento 🥺

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