APRENDER
A parte não existe sem o todo. O todo não existe sem a parte. Entender a complexidade nos obriga a pensar. E, pensando-a, compreender que os tecidos, tecidos, é que dão vida e substancia à grande teia da existência. O pensamento complexo, que é sintético e, portanto, dialético, reúne, religa, reconecta o aparentemente fragmentado, tornando-o sistêmico e recursivo, contraditório, mas real.
O todo é, ao mesmo tempo, maior e menor que as partes. A perna decepada continua existindo no cérebro que sente. A tapeçaria, vista de longe, esconde os fios que a tecem. De muito perto, contudo, os vemos – mas não à peça. As duas dimensões, do complexo e do simples, estão contidas e contêm-se como o côncavo e o convexo. Como a vida e a existência, que não são iguais, porque, se é certo que uma pedra existe, já não é tão certo que viva.
Nós não compreendemos. Não sendo possível argumentar sem o alicerce da complexidade, o pensamento critico torna-se obtuso. É preciso, mais que ouvir, escutar, mais que ver, enxergar, mais que entender, compreender. Simplistas, simplificamos. Alheios, alheiamo-nos. Esquecemos o motivo pelo qual inventamos a cidade, a praça, a calçada, a escola, a prisão. Seu uso privatizado, e seu desuso coletivo, nada significam para o olhar dos insensíveis, ou ignorantes, que somos todos nós quando só enxergamos o que vemos.
Nós não aprendemos. Todos os dias, quando os dias nascem, reinventamos a roda. Cometemos os mesmos erros. Desde o planejamento de proles, esgotos e hospitais até o traçado das ruas, dos perímetros e das regras mais elementares de convivência. Por esses dias, a moda é a linguagem. Ou a linguagem é a moda, você pode escolher. Sendo a palavra, escrita ou falada, apenas parte da linguagem, ao “simplificar” os códigos tornamo-nos simplistas, incompletos, inconclusos, parciais, simplórios. As palavras, mesmo imperfeitas, traduzem o que pensamos, e seu significado deve ser comum a todos. Não havendo esta convenção, haverá, é certo, cada vez mais, o desencontro assimétrico entre o que se diz e o que se faz.
Nós não sabemos. Reduzir para entender, reunir para interpretar: como chegar à síntese sem o interstício da análise? A dificuldade de entender, compreender, ver e enxergar o complexo nos torna dependentes de mais conhecimento. E isto é bom, porque a construção do conhecimento exige mais, e não menos. É impossível tornar simples o que é complexo. Os dois polos, do simples e do complexo, formam a esfera da práxis, que se alimenta da reflexão. Nivelar pelo menos, e não pelo mais, ou mesmo pela utopia, dificulta o raciocínio e compromete a inteligência, ao contrário do que pregam os simplificadores. Porque não compreendemos, e não aprendemos, e não sabemos, perde-se o sentido, e sem o sentido perdemo-nos todos na ilusão metafisica. Ao tomar a parte pelo todo, ou o efeito pela causa, ipsis litteris, tornamo-nos ainda mais tolos do que aqueles que supomos o sejam por cultivarem costumes antiquados.
A linguagem que dizemos culta, complexa e contraditória, não é um mal, e sim uma contingência. Necessária para ir além das superfícies. Os que a condenam são aqueles que não a cultivam. A variante coloquial é o seu complemento e, portanto, boa e necessária também. Não dependem do gosto, porque se trata da essência. Cuidar, cultivar, zelar são virtudes. O seu contrário, mesmo sendo moda, sempre será vício.
13.03.3024
Edson Mendes de Araujo Lima, MSc
ESCOLA DE NEGÓCIOS, ARTES E OFÍCIOS
Coaching - Formação de Líderes - Formação de Educadores
(81) 9.8105.1952
http://lattes.cnpq.br/5372297864391019
O todo é, ao mesmo tempo, maior e menor que as partes. A perna decepada continua existindo no cérebro que sente. A tapeçaria, vista de longe, esconde os fios que a tecem. De muito perto, contudo, os vemos – mas não à peça. As duas dimensões, do complexo e do simples, estão contidas e contêm-se como o côncavo e o convexo. Como a vida e a existência, que não são iguais, porque, se é certo que uma pedra existe, já não é tão certo que viva.
Nós não compreendemos. Não sendo possível argumentar sem o alicerce da complexidade, o pensamento critico torna-se obtuso. É preciso, mais que ouvir, escutar, mais que ver, enxergar, mais que entender, compreender. Simplistas, simplificamos. Alheios, alheiamo-nos. Esquecemos o motivo pelo qual inventamos a cidade, a praça, a calçada, a escola, a prisão. Seu uso privatizado, e seu desuso coletivo, nada significam para o olhar dos insensíveis, ou ignorantes, que somos todos nós quando só enxergamos o que vemos.
Nós não aprendemos. Todos os dias, quando os dias nascem, reinventamos a roda. Cometemos os mesmos erros. Desde o planejamento de proles, esgotos e hospitais até o traçado das ruas, dos perímetros e das regras mais elementares de convivência. Por esses dias, a moda é a linguagem. Ou a linguagem é a moda, você pode escolher. Sendo a palavra, escrita ou falada, apenas parte da linguagem, ao “simplificar” os códigos tornamo-nos simplistas, incompletos, inconclusos, parciais, simplórios. As palavras, mesmo imperfeitas, traduzem o que pensamos, e seu significado deve ser comum a todos. Não havendo esta convenção, haverá, é certo, cada vez mais, o desencontro assimétrico entre o que se diz e o que se faz.
Nós não sabemos. Reduzir para entender, reunir para interpretar: como chegar à síntese sem o interstício da análise? A dificuldade de entender, compreender, ver e enxergar o complexo nos torna dependentes de mais conhecimento. E isto é bom, porque a construção do conhecimento exige mais, e não menos. É impossível tornar simples o que é complexo. Os dois polos, do simples e do complexo, formam a esfera da práxis, que se alimenta da reflexão. Nivelar pelo menos, e não pelo mais, ou mesmo pela utopia, dificulta o raciocínio e compromete a inteligência, ao contrário do que pregam os simplificadores. Porque não compreendemos, e não aprendemos, e não sabemos, perde-se o sentido, e sem o sentido perdemo-nos todos na ilusão metafisica. Ao tomar a parte pelo todo, ou o efeito pela causa, ipsis litteris, tornamo-nos ainda mais tolos do que aqueles que supomos o sejam por cultivarem costumes antiquados.
A linguagem que dizemos culta, complexa e contraditória, não é um mal, e sim uma contingência. Necessária para ir além das superfícies. Os que a condenam são aqueles que não a cultivam. A variante coloquial é o seu complemento e, portanto, boa e necessária também. Não dependem do gosto, porque se trata da essência. Cuidar, cultivar, zelar são virtudes. O seu contrário, mesmo sendo moda, sempre será vício.
13.03.3024
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