segunda-feira, março 04, 2024

Petrolândia, a Atlântida do Sertão, completa 36 anos de tranferência de sede no feriado estadual da Revolução Pernambucana, dia 06 de março

Orla Fluvial em agosto de 2016 (Foto: Lúcia Xavier Ramalho/Arquivo BlogAR)

O dia 6 de março de 2024 será repleto de comemorações no Estado de Pernambuco. Marcado pela sétima ocorrência de feriado estadual na Data Magna, correspondente à Revolução Pernambucana de 1817, o dia será ainda mais especial no município de Petrolândia, no Sertão de Itaparica, a quase 500 Km da capital Recife. Com população estimada em mais de 36 mil habitantes, a cidade localizada às margens do rio São Francisco, celebrará nesta quarta (06) o 36º aniversário da transferência da sede do governo do município da velha cidade, agora submersa nas águas da represa de Itaparica, para o novo centro administrativo e comercial, distante alguns quilômetros da povoação original. Em Petrolândia, o 6 de março já é feriado municipal.

Em Petrolândia, na data que unifica dois feriados, junta-se o orgulho de ser pernambucano e relembrar as perdas e conquistas na busca por independência e desenvolvimento, ao orgulho de pertencer a esta cidade que também sua história marcada por perdas e conquistas na busca por independência e desenvolvimento. O azul e branco, cores dominantes nas duas bandeiras, destacam ainda mais as semelhanças. Até os versos mais conhecidos do Hino de Pernambuco, lembram também Petrolândia.

Salve! Ó terra dos altos coqueiros!
De belezas soberbo estendal!
Nova Roma de bravos guerreiros
Pernambuco imortal, imortal!

Petrolândia recebeu em 2012 o título de Capital Pernambucana da Coconicultura, em reconhecimento à grande produção do fruto no município.

Petrolândia é rica em belas paisagens naturais, como grutas e praias de água doce, e algumas construções reintegradas à Natureza, como as ruínas da Igreja do Sagrado Coração de Jesus que, há 30 anos, resistem a mergulhar inteiramente no Lago de Itaparica. Mantêm-se altivas, como atração turística do município, como cartão postal e ponto obrigatório de visitação turística. As ruínas de outros prédios submersos podem render à cidade também o epíteto "Atlântida do Sertão". Mas, ao contrário de Atlântida, o lendário continente tragado pelo oceano, cuja localização das ruínas submersas ainda hoje é incerta, Petrolândia tem catalogado descobertas no fundo da represa.

A Nova Petrolândia foi construída sob o clamor popular, os debates políticos e batalhas, inclusive com ocupação de canteiro de obras para forçar a negociação com os agricultores, ações que obtiveram conquistas até então inéditas na história da construção de hidrelétricas no País, como a concessão de verba de manutenção a reassentados.

Petrolândia também é imortal ou, mais propriamente, renasceu várias vezes. Como fênix, ressurgiu do fogo de secas devastadoras e da água das inundações do São Francisco, quando ele ainda era um rio e alimentou o Bebedouro do Jatobá, e fez crescer Jatobá, depois Jatobá de Tacaratu, que virou Itaparica, que em tupi significa 'cercado de pedras', e por fim Petrolândia, a terra de Pedro.

A relação de Petrolândia com o São Francisco é intensa. Surgida às margens do "rio dos currais", após mais de 200 anos de registros históricos, a Atlântida do Sertão é completamente dependente de suas águas. Além da receita obtida pela geração de energia na Usina Hidrelétrica Luiz Gonzaga e dos produtivos - e problemáticos - perímetros de irrigação, a cidade é também um dos municípios com a maior produção de tilápias no Brasil, com mais de uma centena de empreendimentos de aquicultura e piscicultura instalados no Lago de Itaparica.

Hoje, trinta anos passados desde a mudança da "velha para a nova cidade", já não estão vivas muitas testemunhas desse processo, pessoas que saíram de suas casas, de suas terras e foram instaladas no centro da cidade ou nas agrovilas, ou até mudaram de cidade. O cantor e compositor Rui Sá é uma dessas perdas. Autor da canção-tema e hino popular de Petrolândia (Recordações), ele não quis viver na cidade nova e foi embora para São Paulo. Lá, faleceu no ano de 2014.

Mas, não somente pessoas foram transferidas durante a transição da sede da cidade. As palmeiras imperiais que embelezaram a Orla Fluvial e se tornaram símbolo de Petrolândia, também vieram da "velha cidade", transplantadas do entorno do escritório da Codevasf para a nova margem das águas.

 
Orla Fluvial em agosto de 2016 (Foto: Lúcia Xavier Ramalho/Arquivo BlogAR)

Na Orla, durante quase três décadas, mais de 20 palmeiras assistiram ao crescimento da cidade, adornaram a beleza do lago e foram cenário para fotos de moradores e visitantes do município. A maioria delas definhou no período dos anos de 2015 a 2028, quando foram retirados os troncos das últimas árvores mortas. Porém, em 2019 , novas palmeiras imperiais foram plantadas.(foto abaixo)

Orla Fluvial em março de 2024 - Foto: Assis Ramalho

Por: Lúcia Xavier Ramalho
Membro do IHGP-Instituto Histórico e Geográfico de Petrolândia

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