sábado, março 02, 2024

General que comandou o Exército em 2022 respondeu a todas as perguntas da PF sobre trama golpista

O general Freire Gomes — Foto: Jornal Nacional/Reprodução

O general Freire Gomes, que comandou o Exército em 2022, respondeu a todas as perguntas da Polícia Federal (PF) feitas durante depoimento, nesta sexta-feira (1º). O ex-comandante é citado no inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Freire Gomes ficou por mais de sete horas na sede da PF, em Brasília, onde foi ouvido. Ele foi informado que seria ouvido na condição de testemunha, tendo a obrigação de falar a verdade.

O TV Globo apurou com fontes da PF que o general disse tudo o que sabia durante o depoimento. Agora, o objetivo dos agentes é manter o sigilo do conteúdo para não comprometer o resultado da investigação.

O depoimento de Freire Gomes faz parte da operação Tempus Veritatis, deflagrada pela PF em 8 de fevereiro. A polícia investiga se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ex-ministros e militares fizeram parte de uma trama golpista.

Na avaliação dos investigadores, o general Freire Gomes teve papel importante para evitar o uso das tropas do Exército em atos golpistas. A PF queria saber ainda por que o ex-comandante não denunciou o que estava sendo tramado dentro do governo.

Um dos temas que envolve as investigações é o acampamento em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília. O general Freire Gomes foi quem deu a ordem para que o acampamento não fosse desmobilizado, no fim de 2022

A PF apura se a decisão partiu dele ou se o ex-comandante recebeu uma ordem superior para interromper o trabalho da PF e da Polícia Militar do DF, que estavam desmontando o acampamento.

O depoimento do ex-comandante do Exército será complementar ao do general Estevam Theophilo, classificado pelos investigadores como muito produtivo.

Segundo investigadores, o general Theophilo relatou que não tinha poder para dar ordens para tropas, apenas coordenar as suas ações depois de acionadas. Segundo ele, era necessária uma ordem para que as tropas entrassem em ação. Aí, ele faria o trabalho de coordená-las.

Investigações

De acordo com as investigações, Bolsonaro e aliados se organizaram para tentar um golpe de Estado e mantê-lo no poder, impedindo a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Segundo a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o general Freire Gomes participou das conversas sobre a minuta do golpe com o então presidente, mas se recusou a aderir a qualquer aventura golpista, irritando os militares aliados de Bolsonaro, como o general Braga Netto.

Em mensagem a outro oficial, Braga Netto candidato a vice na chapa de Bolsonaro, xingou Freire Gomes por ele não se juntar a uma tentativa de intervenção militar segundo mensagens obtidas pela Polícia Federal.

Na semana passada, Bolsonaro, ex-ministros e militares foram à PF para ser ouvidos. Mas alguns deles, inclusive o ex-presidente, preferiram exercer o direito de ficar calados.

Por César Tralli, TV Globo — São Paulo

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