O ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes confirmou à Polícia Federal (PF) que esteve presente em reuniões com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para tratar de minutas de teor golpista contra as eleições presidenciais de 2022. O Metrópoles teve acesso ao depoimento do militar.
Freire Gomes relatou aos investigadores que Bolsonaro apresentou um documento que decretava Estado de Defesa e criação de uma comissão de regularidade eleitoral para apurar a legalidade do processo de votos.
O militar contou que, a princípio, foi apresentado aos comandantes das Forças Armadas o plano golpista. No entanto, posteriormente, quando perceberam que os militares não iriam aderir a qualquer ato contra a democracia, membros do governo iniciaram ataques pessoais contra eles.
Walter Braga Netto, candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022, chegou a chamar Freire Gomes de “cagão” numa mensagem interceptada pela PF por ele não aceitar o suposto plano de golpe de Estado após as eleições de 2022. Ele também estimulou ataques ao então comandante do Exército.
Os investigadores apuram o papel dos ex-comandantes do Exército Marco Antônio Freire Gomes e da Aeronáutica Carlos Baptista Júnior no plano golpista supostamente elaborado por Bolsonaro. Freire Gomes também disse aos agentes da PF recordar de que o então comandante da Marinha, Almir Garnier, se colocou à disposição de Bolsonaro.
A PF aponta que, em 5 de julho de 2022, ocorreu uma reunião da “alta cúpula” do governo Bolsonaro com a “finalidade de cobrar dos presentes conduta ativa na promoção da ilegal desinformação e ataques à Justiça Eleitoral”.
As imagens foram encontradas em um computador apreendido na casa de Mauro Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Participaram do encontro, entre outros membros do governo, Jair Bolsonaro, Anderson Torres, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Mário Fernandes e Walter Braga Netto.
“E eu tenho falado com os meus 23 ministros. Nós não podemos esperar chegar 23, olhar para trás e falar: ‘O que que nós não fizemos para o Brasil chegar à situação de hoje em dia?’ Nós temos que nos expor. Cada um de nós. Não podemos esperar que outros façam por nós. Não podemos nos omitir. Nos calar. Nos esconder. Nos acomodar. Eu não posso fazer nada sem vocês. E vocês também patinam sem o Executivo”, disse Bolsonaro, na época.
Depoimento à PF
O general Freire Gomes prestou depoimento no começo do mês à PF, que durou mais de sete horas, para responder aos questionamentos sobre a minuta golpista disputada pelo primeiro escalão do governo Bolsonaro.
Maria Eduarda Portela - Metrópoles
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