O filho da cantora Gal Costa, Gabriel Costa, entrou na Justiça para que o corpo da mãe seja exumado e que seja feita uma necrópsia para definir a causa da morte dela. Na certidão de óbito consta que Gal teve um infarto agudo do miocárdio e que já estava doente, com câncer de cabeça e pescoço. Mas o jovem de 18 anos quer uma avaliação final do que provocou a morte da cantora, em 2022, aos 77 anos.
A informação foi antecipada pela Folha e confirmada pelo GLOBO. A petição foi apresentada nesta quarta-feira. No processo, Gabriel também pede que os restos mortais da cantora sejam transferidos de São Paulo para o Rio, para que Gal seja enterrada ao lado da mãe dela em um jazigo perpétuo que ela já havia comprado para que as duas fossem enterradas juntas, no Cemitério São João Batista, na Zona Sul da cidade.
Wilma Petrillo, de óculos escuros, no velório de Gal Costa — Foto: Maria Isabel Oliveira/Agência O Globo
A decisão de enterrar Gal em São Paulo foi de Wilma Petrillo, que afirma ser viúva da cantora. Gabriel era menor de idade e não pôde interferir, mas hoje questiona também na Justiça os direitos para a herança deixada pela mãe. A defesa do filho de Gal contesta que Wilma Petrillo tenha sido par romântico da cantora por tantos anos, agindo apenas como empresária e madrinha do menino na maior parte do tempo. O argumento é que o romance entre as duas ocorreu muitos anos atrás. Em fevereiro passado, um áudio divulgado pelo portal Em OFF revelou um embate entre Wilma e Gabriel. Na gravação, Wilma tenta convencer o rapaz a assinar um documento de reconhecimento de uma dívida da família junto à gravadora Biscoito Fino, que teria emprestado dinheiro para Gal.
Ao GLOBO, a advogada de Gabriel, Luci Vieira Nunes, que foi procuradora de Gal durante o processo de adoção do jovem, reforçou que a vontade da cantora era ser enterrada no Rio, ao lado da mãe. A advogada enviou à reportagem um vídeo de 2015, no qual Gal de emociona ao estrear a turnê do disco “Estratosférica” no Rio, indicando que permanecer na cidade era a vontade da baiana.
— A última vontade de Gal era ser sepultada no Rio, no jazigo que ela comprou para descansar ao lado da mãe, que era o grande amor da vida dela. Quando ela morreu, Gabriel era menor de idade e não pôde fazer nada. Todos questionaram a decisão de Wilma de enterrá-la em São Paulo, mas ela não deu ouvidos a ninguém e segregou o corpo em um cemitério privado, de propriedade de amigos dela, que os fãs não podem visitar. Lá, Gal é uma estranha no ninho — afirmou. — A Justiça não pode negar a última vontade de Gal, que era ficar ao lado da mãe, no cemitério onde estão os grandes nomes da cultura brasileira.
A cantora estava casada com Petrillo desde 1998, que também era empresária da artista, conhecida por conduzir com pulso firme a carreira de mulher, e sócia de Gal em duas empresas, como a Baraka Produções Artísticas. As duas viveram um relacionamento discreto, como foram todos os outros vividos por Gal. Embora sempre ao lado da estrela da música, a empresária preferia se manter nos bastidores, longe dos flashes e holofotes. Em seus perfis nas redes socias, ela não costumava postar registros do casal, mas muitas fotos da cantora.
Wilma Petrillo com Gabriel — Foto: Reprodução
Wilma Petrillo era também a "segunda mãe" de Gabriel. Elas já estavam juntas quando a cantora adotou o menino, hoje com 18 anos. "Rapaz mais lindo do planeta universo e de todas galáxias! Amo muito muito muito", escreveu a empresária ao postar uma foto do adolescente, a quem ela costuma chamar de "meu pequeno".
A advogada, porém, questiona que Gal e Wilma viviam uma união estável.
— É inequívoco que se elas realmente tiveram uma relação, esta já havia acabado havia muito tempo. Há anos, Wilma era somente empresária de Gal. Tanto que Gal nunca reconheceu publicamente essa união, nunca falou com ninguém sobre isso e não tinha a intenção de deixar patrimônio para Wilma — diz Luci. — O que era não imaginou foi que sua última vontade não seria respeitada pela mulher que era madrinha de seu filho.
Relembre algumas das acusações que pesam contra Wilma, reveladas pela publicação após a morte de Gal Costa
Atritos físicos
No apartamento de Gal Costa, na Alameda Itu, em São Paulo, em 2015, um funcionário diz ter presenciado um momento de violência entre a artista e a empresária. Com dívidas que não paravam de chegar, Gal perguntou que tipo de empresária era Wilma. Ela argumentou que a cantora estava "velha" e não despertava o interesse de mais ninguém, o que desencadeou uma discussão acalorada.
Diogo Vilela
O ator foi uma das pessoas que teriam levado um golpe da viúva de Gal. Apesar de não querer "falar absolutamente nada sobre essa senhora", amigos contaram à reportagem da "Piauí" que ele foi lesado na venda de um imóvel. Por Wilma ser amiga de amigos, Diogo pensou não serem necessários acordos legais e confiou em pactos de boca - que não foram cumpridos.
Gal Costa morreu nesta quarta-feira (09) — Foto: Divulgação
Gordofobia
Wilma Petrillo também fazia comentários preconceituosos sobre o peso de Gal Costa, segundo a médium Halu Gamashi. Ela presenciou, antes de um show, a empresária perguntar se a cantora não "sentia vergonha por estar tão gorda". "Você está pensando que é quem, Nana Caymmi?". Segundo Halu, Gal não reagia às provocações.
Mentira para Ney Matogrosso
O repórter conversou com Ney Matogrosso e dele ouviu a seguinte história. Um dia, no aeroporto, Gal e Ney se encontraram e ela perguntou: "Você não gosta mais de mim?". O motivo da curiosidade era o fato de ela tê-lo convidado duas vezes para dirigir um show e ele sempre ter negado. Ney disse que é mentira. Recebeu apenas um convite, pediu o disco para entender o projeto, mas nunca o recebeu. O que veio foi apenas uma ligação de Wilma tempos depois, dizendo que não haveria tempo hábil para ele tocar o projeto.
Assédio no ambiente de trabalho
Há diversos relatos de assédio promovidos por Wilma, sócia da Baraka Produções, no escritório da empresa em São Paulo. Ela chegava a trabalhar nua da cintura para cima, nos dias de calor, quando havia outras pessoas na sala. Era comum também chamar funcionários de "imbecil", "burra" e controlar o uso do banheiro.
Crítica a Marília Mendonça
Na tentativa de manter Gal Costa relevante musicalmente, o produtor Marcos Preto traçou uma estratégia de colocar a baiana em contato artístico com novos nomes da música nacional. Essa era a proposta do disco "A pele do futuro", lançado pela Biscoito Fino em 2018. Na faixa "Cuidando de longe", Gal dividia os vocais com Marília Mendonça. Segundo Preto, Wilma teria reclamado, dizendo não entender "por que chamaram aquela caipira".
Por O Globo — Rio de Janeiro
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