sexta-feira, fevereiro 23, 2024

Policial militar mata pedreiro com tiro no rosto durante operação na Zona da Mata de Pernambuco

Deyvison Batista da Silva, de 29 anos, morreu após levar um tiro no rosto durante abordagem policial em Escada, na Zona da Mata de Pernambuco — Foto: Reprodução/WhatsApp

Um homem foi morto com um tiro no rosto durante uma operação da Polícia Militar em Escada, na Zona da Mata Sul de Pernambuco. Segundo testemunhas, a vítima é o pedreiro e cortador de cana Deyvison Batista da Silva, de 29 anos, que estava conversando com dois amigos quando três policiais se aproximaram e um deles fez o disparo. O caso, que é investigado pela polícia, motivou protestos de moradores da cidade.

A morte ocorreu na quarta-feira (21), por volta das 15h, na comunidade do Córrego do Ferreiro. Uma parente de Deyvison, que pediu para não ser identificada, disse ao g1 que presenciou o momento em que a vítima levou o tiro. De acordo com ela, havia muitas pessoas na rua no momento da morte, incluindo crianças.

"Antes subir para a rua da gente, tem um beco. As três motos [da polícia] subiram. Aí eu falei: 'Vai parar os meninos [Deyvison e os amigos]'. Os meninos não se mexeram, não tiveram reação nenhuma. Deyvison estava no meio. Foi bem próximo que ele [o policial] parou a moto. (...) Ele [o policial] só disse: 'Mão na cabeça'. Não teve demora nenhuma, já deu o tiro", contou a testemunha.

Segundo ela, o PM que atirou na vítima é conhecido na comunidade como "Pitbull" e tem histórico de violência na região.

O assessor de comunicação da Polícia Militar, coronel Glauber Vieira, disse ao g1, em entrevista por telefone, que a conduta dos policiais está sendo investigada e que, conforme relatos dos PMs, Deyvison estava com um revólver calibre 38 e fez um gesto como se fosse pegar uma arma (veja resposta abaixo).

A testemunha do crime contou ao g1 que os PMs só desceram das motos que dirigiam depois que a vítima caiu no chão.

"Eles viram o desespero da gente porque não iam socorrer. Ficaram todos espantados com o que eles fizeram. A mulher dele [Deyvison], grávida, chegou na hora. Depois que a situação piorou, que a gente viu que tinha muito sangue, desceu uma viatura e colocaram ele dentro", disse a parente.

Segundo a testemunha, Deyvison foi levado na viatura ao Hospital Regional de Escada, sem que alguém da família pudesse acompanhar. A vítima já tinha morrido quando chegou à unidade de saúde. "Disseram que Deyvison estava com arma, com droga, mas ele não estava", afirmou a parente.

Após a morte de Deyvison, moradores de Escada organizaram dois protestos no município. Nas manifestações, realizadas na noite de quarta (21) e na tarde desta quinta-feira (22), o grupo queimou pneus e interditou os dois sentidos da BR-101, na entrada da cidade.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que o protesto aconteceu no quilômetro 126 da BR-101, em Escada, e até a meia-noite de quinta-feira (22) os moradores permaneciam no local, protestando contra a violência policial que resultou na morte do pedreiro.

O que diz a polícia

Ao g1, o assessor de comunicação da Polícia Militar, coronel Glauber Vieira, informou que os policiais envolvidos foram encaminhados para a Delegacia de Caruaru, da Polícia Civil, e para a Delegacia Judiciária da PM, que vai investigar a conduta dos militares.

"As informações preliminares são de que houve uma ocorrência, e que na abordagem, no relato que tem, o homem fez menção de puxar uma arma e houve a reação do policiamento. A população alega que ele não estava armado", afirmou o coronel.

Segundo o coronel Glauber Vieira, os agentes relataram que estavam fazendo uma operação para combater o tráfico de drogas na área e que foi apreendido com a vítima um revólver calibre 38.

"Essas investigações vão apurar sobre o processo da abordagem, se houve excesso dos policiais. Tudo isso vai ser investigado. (...) Eles tiveram as armas recolhidas para perícia, vão responder ao processo, a princípio administrativamente, e são afastados momentaneamente. Ficam aguardando a conclusão de um inquérito, que tem prazo de 30 dias, podendo ser prorrogado por mais 30 dias", informou o coronel Glauber Vieira.

Também procurada, a Polícia Civil disse que o caso está sendo investigado como "homicídio consumado decorrente de intervenção policial" e porte ilegal de arma de fogo. A corporação afirmou ainda que um inquérito foi instaurado para apurar os fatos.

Po G1 PE


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