Lenda do futebol, Mário Jorge Lobo Zagallo morreu nesta sexta-feira, aos 92 anos, no Rio de Janeiro, cidade onde foi criado e começou a jogar a bola. A origem do Velho Lobo, no entanto, é alagoana. Ele nasceu em Maceió no dia 9 de agosto de 1931 e foi para o Rio ainda bebê, com oito meses.
Curiosamente, o tempo passou e seu último título da carreira foi conquistado justamente na capital alagoana, com o Flamengo, na Copa dos Campeões de 2001.
Zagallo falou sobre esse retorno às origens numa entrevista ao jornalista alagoano Victor Mélo, em 2011.
- Deus me permitiu que o meu último título fosse levantado na terra dos meus pais e na minha terra. Tive essa felicidade de vencer a Copa dos Campeões em Maceió, com o Flamengo, e fiquei muito emocionado com tudo isso. Foi um ciclo que se fechou ali. Por onde vou carrego esse orgulho de ter nascido em Alagoas e essa conquista foi mais um presente que ganhei - contou o Velho Lobo.
Curiosamente, o tempo passou e seu último título da carreira foi conquistado justamente na capital alagoana, com o Flamengo, na Copa dos Campeões de 2001.
Zagallo falou sobre esse retorno às origens numa entrevista ao jornalista alagoano Victor Mélo, em 2011.
- Deus me permitiu que o meu último título fosse levantado na terra dos meus pais e na minha terra. Tive essa felicidade de vencer a Copa dos Campeões em Maceió, com o Flamengo, e fiquei muito emocionado com tudo isso. Foi um ciclo que se fechou ali. Por onde vou carrego esse orgulho de ter nascido em Alagoas e essa conquista foi mais um presente que ganhei - contou o Velho Lobo.
Busto de Zagallo no Museu dos Esportes de Alagoas — Foto: João Alvim/GloboEsporte.com
O começo
Filho de Maria Antonieta Lobo Zagallo e Haroldo Cardoso Zagallo, ex-jogador do CRB, o alagoano passou a infância no bairro da Tijuca, começou a carreira no América e depois se transferiu para o Flamengo. Único tetracampeão do mundo, ele estreou pela Seleção em 4 de maio de 1958, na vitória por 5 a 1 sobre o Paraguai.
O ponta esquerda Zagallo disputou 36 jogos com a camisa verde e amarela, conquistando 29 vitórias, obtendo ainda 4 empates e sofrendo apenas 3 derrotas. Seu último jogo na condição de atleta da Seleção foi em 1964, na vitória por 4 a 1 sobre Portugal.
Depois do bicampeonato mundial, em 1958 e 1962, Zagallo começou a pensar em ser treinador. Em 2011, ele falou sobre essa transição na entrevista ao jornalista alagoano.
- A minha passagem como treinador do juvenil do Botafogo foi fundamental para a minha carreira porque descobri ali a minha capacidade de liderar. Antes, fazia parte do grupo, desenvolvia meu futebol individualmente, mas não sabia dessa minha aptidão. Os resultados vieram mais rápido do que eu esperava. Conquistei o título juvenil no mesmo ano e, em seguida, fui chamado para o profissional do Botafogo. Trabalhando com jogadores da qualidade do Gerson, ganhei o carioca de 67 e 68 e a Taça Brasil em 1969 - recordou Zagallo.
Ele treinou ainda a Seleção por 131 jogos, com 97 vitórias, 25 empates e 9 derrotas, sendo campeão do mundo em 1970, no México, quarto colocado no Mundial de 1974, na Alemanha, e vice em 1998, na França.
Zagallo foi também coordenador da Seleção por 96 partidas (entre 1991 e 1994 e 2003 e 2006), com 53 vitórias, 32 empates e 11 derrotas. Em 1994, inclusive, ao lado do amigo Parreira, conquistou seu tetracampeonato com a amarelinha nos Estados Unidos.
Zagallo comandou o Flamengo em 2001 — Foto: Hipólito Pereira / Agência O Globo
O auge
O título e a formação da Seleção de 1970 foram especiais na vida do Velho Lobo. Ele contava com muito orgulho o seu feito no comando daquele que foi considerado o melhor time de todos os tempos.
- Para explicar a formação de 1970 é importante voltarmos no tempo. Em 1958, o técnico Vicente Feola mudou a forma de a Seleção jogar. Ele saiu do tradicional 4-2-4 para o 4-3-3 porque eu fazia uma dupla função em campo. Voltava para marcar sem a bola e, quando a recuperávamos, também tinha fôlego para chegar ao ataque. Coincidentemente, quando iniciei meu trabalho de treinador, a Seleção jogava no 4-2-4 do Saldanha. O Rivellino e o Clodoaldo, por exemplo, eram reservas - lembrou Zagallo, na entrevista a Victor Mélo, em 2011.
Em 74 dias de trabalho, Zagallo fez profundas mudanças na Seleção. Gerson, Pelé, Rivellino, Tostão e Jairzinho, por exemplo, foram escalados juntos.
- Pensei: se em 1958 a Seleção já atuou no 4-3-3, não poderia admitir que o time jogasse em 1970 no 4-2-4. Seria um retrocesso. Mudei o esquema e passei a jogar com cinco camisas 10. O talento foi privilegiado, mas tudo dentro de um sistema bem definido. Marcávamos por zona, esperando o adversário e, quando roubávamos a bola, atacávamos com seis jogadores. Assim, vencemos jogos históricos e conquistamos o tricampeonato. Foi um momento inesquecível para mim. Foi o auge do futebol.
Treinador Zagallo foi campeão do mundo em 70 — Foto: Agência Estado
Despedida do futebol
Em 2006, Zagallo voltou a ser coordenador técnico da Seleção numa Copa do Mundo, mas, doente e depressivo, não executou o trabalho que esperava. O Brasil caiu diante da França, e o alagoano deixou, sutilmente, o campo de jogo. Na entrevista de 2011, ele falou sobre essa despedida.
- Sempre lidei muito bem com tempo e agradeço a Deus todos os dias por tudo o que aconteceu comigo. A principio, eu não pensava em jogar futebol, meus pais não queriam, mas, por causa do meu irmão, comecei no América de brincadeira. Os anos se seguiram, fui vitorioso na vida e na carreira e hoje só guardo boas lembranças. Acompanho o futebol, assisto aos jogos pela TV e sempre me emociono com a Seleção. Aos 80 anos, acho que ainda posso colaborar de alguma forma com a amarelinha. Não fui convidado nem vou me oferecer, mas, se for chamado, estarei presente. Quando a Seleção nos chama, é nosso dever atendê-la, de pronto, sem pensar duas vezes - disse Zagallo, há 12 anos.
Por G1 AL
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