Chamados de "emendistas" pela ala bolsonarista raiz do PL, os deputados do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro que votaram favoravelmente às propostas econômicas prioritárias do governo Lula (PT) receberam, em seis meses, ao menos R$ 149,7 milhões em emendas parlamentares.
O que aconteceuO montante é maior, por exemplo, que os valores recebidos pela bancada do PSB, que integra a base aliada de Lula: dos 15 deputados, 12 votaram a favor do projeto do novo arcabouço fiscal e da reforma tributária. Entre eles, seis ganharam emendas que somam R$ 81,1 milhões.
É, no entanto, menor que os valores recebidos pela bancada do PSD, que também compõe a base do governo. Dos 43 deputados, 25 votaram a favor das novas regras fiscais e da reforma tributária. Ao todo, os parlamentares receberam R$ 378 milhões. Apenas Gilberto Nascimento e Hugo Leal votaram contra o arcabouço.
Há reclamações do centrão sobre a demora no empenho desses recursos, mas ao menos dois deputados da sigla estão entre os cem parlamentares que mais receberam verbas do Palácio do Planalto: Josimar Maranhãozinho (PL-MA) e Vermelho (PL-PR).
Eles receberam, cada um, R$ 20,6 milhões em emendas individuais no primeiro semestre de Lula. Ambos foram os mais agraciados da bancada do PL pelo governo — procurados pela reportagem, não quiseram comentar.
Apesar de a dupla ter votado pela aprovação do novo arcabouço fiscal e da reforma tributária, o perfil político dos dois é antagônico.
Quem é MaranhãozinhoNas redes sociais, Maranhãozinho já postou foto fazendo o "L", em alusão a Lula, e participou de uma conferência do PCdoB, partido de esquerda que compõe a base aliada do governo na Câmara.
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Na eleição passada, não fez campanha pública para o colega de partido, Jair Bolsonaro, na corrida à Presidência.
No governo Lula, o deputado procura manter um bom relacionamento com os ministros e faz questão de mostrar as reuniões que já teve com Flávio Dino (Justiça), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Jader Filho (Cidades).
Só em julho, Maranhãozinho recebeu R$ 16,5 milhões e foi o segundo parlamentar a ganhar mais verbas no mês.
Quem é Vermelho
Vermelho, por sua vez, vem de um reduto tradicionalmente antipetista. Foi eleito pelo Paraná.
Quando Bolsonaro se tornou inelegível por decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o deputado usou a internet para prestar uma homenagem a ele.
Com uma foto dos dois, o parlamentar escreveu: "O Brasil perdeu! Meu total apoio ao melhor presidente da história do Brasil. Continuamos ao seu lado".
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