Desde a volta de Lula à presidência, já foram autorizadas mais de 13 mil vagas federais em concursos. Os especialistas em seleções públicas não foram surpreendidos: já era esperado que o governo petista fosse investir na máquina pública, como em gestões anteriores, movimento contrário ao feito por Jair Bolsonaro nos últimos quatro anos. Os próprios concurseiros se animaram com o perfil da gestão que vai até 2026 e o saldo é uma alta de até 35% nas matrículas em cursos preparatórios.
Nas salas de professores, o clima não é só de ânimo, mas também de discussão sobre as novas regras para concursos, que têm recebido empenho do governo federal na aprovação. Algumas propostas não são totalmente novidade, eles explicam.
— Provas orais e testes de habilidade já existem em alguns concursos. Concursos da Magistratura já têm prova oral. Concursos da área policial, como o de escrivão, têm prova de digitação, que é pra avaliar uma habilidade. O receio seria ampliar pra todo e qualquer concurso, o que acho que seria inadequado e temeroso, podendo prejudicar a objetividade e imparcialidade — avalia Erick Alves, professor de Direito Administrativo do Direção Concursos.
Marco Brito, diretor pedagógico do curso Degrau Cultural, considera importante que os certames possam avaliar também habilidades e competências e não apenas conhecimentos. E é favorável à aplicação dessas etapas, desde que pertinentes às atividades que os servidores irão desempenhar.
— Hoje, vemos algumas distorções no aspecto avaliativo de vários concursos. Um concurso para gari, por exemplo, costuma contar com provas objetivas, exame antropométrico, teste de aptidão física e prova prática. Por outro lado, há concursos para médico e enfermeiro em que os profissionais são avaliados somente por provas objetivas — explica ele, opinando sobre como os médicos e enfermeiros poderiam ser avaliados: — Creio que seria adequada a inclusão de outras etapas em concursos para médicos e enfermeiros, tais como prova prática, avaliação de títulos e até mesmo uma entrevista.