CNI/José Paulo Lacerda
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,1% no 3º trimestre de 2023, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (5).
A economia brasileira passa por um processo de desaceleração, já que o saldo vem depois de a atividade econômica brasileira crescer 1% no segundo trimestre. Em relação ao mesmo trimestre de 2022, o PIB brasileiro teve alta de 2%.
Este é o terceiro resultado positivo consecutivo do indicador em bases trimestrais, já que o IBGE revisou os números do 4º trimestre de 2022 para uma queda de 0,1%.
Grande destaque do primeiro semestre, a Agropecuária teve recuo de 3,3% neste trimestre por conta da saída da colheita da base de comparação. Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, contudo, acumula alta de 8,8%.
Os serviços, setor mais importante da economia brasileira, voltou a subir 0,6% no trimestre. A alta em relação ao mesmo período de 2022 é de 1,8%.
Em valores correntes, o PIB totalizou R$ 2,741 trilhões. Foram R$ 2,387 trilhões vindos de Valor Adicionado (VA) a preços básicos, e outros R$ 353,8 bilhões de Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.
Principais destaques do PIB no 3º trimestre:
Serviços: 0,6%
Indústria: 0,6%
Agropecuária: -3,3%
Consumo das famílias: 1,1%
Consumo do governo: 0,5%
Investimentos: -2,5%
Exportações: 3%
Importação: -2,1%
Revisão de resultados
No terceiro trimestre, o IBGE costuma realizar revisões de resultados anteriores do PIB do país. Foram revistos os números de todos os trimestres do ano de 2022, além dos dois primeiros trimestres de 2023.
A principal revisão foi uma queda menor da Agropecuária em 2022. O recuo passou de 1,7% para 1,1%. A mudança de base também altera os resultados em 2023, já que a base de comparação muda.
Assim, o setor passoude um crescimento de 18,8% para 22,9% no primeiro trimestre, e de 17% para 20,9% no segundo.
Agro e Serviços continuam fortes
O terceiro trimestre de 2023 fica marcado por uma desaceleração mais clara da economia, que vinha de dois trimestres crescendo na casa de 1%. O resultado mais marcante é o da Agropecuária, com queda de 3,3%. O resultado é influenciado pela saída da supersafra de soja do 1º semestre.
Ainda assim, o setor puxa a economia brasileira para cima no ano, tanto que ainda há alta de 8,8% em relação ao mesmo trimestre de 2022, apoiadas por culturas de milho (19,5%), cana (13,1%), algodão (12,5%) e café (6,9%). No acumulado do ano, o agro cresce 18,1%, líder absoluto entre os setores.
Os serviços também continuaram a trajetória de crescimento, com alta de 0,6% em relação ao trimestre anterior.
O IBGE destaca que seis das sete atividades analisadas registraram crescimento neste trimestre. Os maiores aumentos percentuais vieram das atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,3%) e as imobiliárias (1,3%). Destaque também para Informação e comunicação (1%).
Também subiram outras atividades de serviços (0,5%), administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,4%) e comércio (0,3%). Quem teve queda foi o setor de transporte, armazenagem e correio (-0,9%), atividade ligada também aos fretes da Agropecuária.
Contra o mesmo período do ano passado, a alta foi de 1,8%. O setor chega ao maior patamar da série histórica e 8% acima do pré-pandemia.
A Indústria teve alta de 0,6% no trimestre e de 1% contra o mesmo trimestre do ano passado.
O destaque vai para a atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, que cresceu 3,6% no período e de 7,3% versus o terceiro trimestre do ano passado. Por outro lado, a Construção foi destaque de queda, com recuo de 3,8% e de 4,5%, respectivamente.
Investimento cai, consumo das famílias sobe
Na ótica da demanda houve recuo importante nos Investimentos, que caíram 2,5%. Em entrevista ao g1, a economista Juliana Trece, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), indica que a ação dos juros foi determinante para o resultado.
As taxas mais altas, somadas às indefinições da agenda econômica do governo, foram freios na decisão de investimentos de empresários e trouxeram impacto ao setor. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, a queda é ainda mais acentuada, de 6,8%.
O IBGE destaca a influência de uma queda na produção interna de bens de capital, decréscimo na Construção e redução na importação de bens de capital.
Já o consumo das familias continua crescendo, influenciado pelas políticas de transferência de renda (como o reajuste do Bolsa Família e aumento real do salário mínimo), a melhora do mercado de trabalho e a desaceleração geral da inflação.
No trimestre, o consumo das famílias teve alta de 1,1%. Contra o mesmo trimestre de 2022, a alta foi de 3,3%.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários são publicados somente depois de avaliados por moderador. Aguarde publicação. Agradecemos a sua opinião.