domingo, dezembro 10, 2023

Petrolândia, suas ruas estreitas e suas crianças sem ruas

Foto ilustrativa

A cidade de Petrolândia, no sertão de Pernambuco, é um lugar que cresce em ritmo acelerado nas zonas urbana e rural. Novas ruas se projetam, se estendem nas áreas periféricas, sem projeto algum, mas é nas ruas estreitas das quadras, como são nomeados os bairros do centro da cidade, que o espaço exíguo entra em verdadeira disputa entre veículos e pedestres em movimento, veículos estacionados, calçadas varandeiras, desniveladas ou esburacadas, postes, placas, árvores, entulhos, material de construção, e no meio de tudo isso, principalmente à noite, crianças ávidas por lazer ao ar livre.

De acordo com o site Ninhos do Brasil, brincar ao ar livre, em espaços onde crianças de diferentes idades possam se encontrar, interagir e criar suas próprias brincadeiras e regras, pode ser muito enriquecedor para elas, porque estimula a criatividade, a socialização e a autonomia infantis. Brincar ainda ajuda no desenvolvimento de habilidades motoras, sociais e emocionais – todas essenciais para uma vida saudável. A criança cresce se sentindo mais segura e confiante, com maior capacidade de se posicionar no mundo. 

Além disso, hoje há um movimento crescente, inclusive por parte de rede de educadores, para desestimular o tempo que as crianças e adolescentes passam em frente a telas (TVs, smartphones, computadores), às quais elas tem tido acesso desde tenra idade, porque agora o celular é a nova babá. Nesse cenário, o lazer ao ar livre é um dos maiores atrativos para desligá-las, ao menos momentaneamente, do mundo virtual. 

Em Petrolândia, nem todos os bairros oferecem praça ou espaço apropriado para acolher a criançada, então, elas disputam o pouco espaço disponível nas imediações de suas casas para jogar pelada no asfalto ainda quente, aprender a pedalar ou andar de bicicleta com os colegas, brincar de esconde-esconde, pular amarelinha riscada no chão, correr e gritar até ficarem exaustas. Dessa forma, transitar de carro, moto ou mesmo bicicleta nas ruas do interior das quadras exige bastante atenção do condutor. Ao dobrar uma esquina, pode-se dar de cara com crianças jogando futebol no meio da rua ou ocupadas em manobras de bike. 

Há algumas semanas, as ruas começaram a ser sinalizadas com placas indicativas da velocidade máxima de 30 km. A medida, porém, é insuficiente para minimizar a insegurança diárias das crianças que brincam nas ruas, pois esse limite é constantemente desrespeitado por dublês de pilotos de automobilismo e motocross. 

Para contornar a insegurança nas horas de lazer propiciadas às crianças, pais, mães e outros responsáveis podem se mobilizar para tornar o espaço da rua mais acolhedor e seguro para elas. Com autorização da prefeitura e outros órgãos da cidade, é possível, por exemplo, fechar, com boa sinalização, o acesso a uma ou duas ruas de cada quadra, exceto avenidas, durante algumas horas por noite, para oferecer recreação saudável e segura para as crianças, com rodízio entre as ruas. As ruas vão permanecer estreitas, mas estarão ocupadas com atividades essenciais para o desenvolvimento das crianças, com menor risco de acidentes.

Blog de Assis Ramalho

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