Imagem panorâmica mostra localização onde mina pode afundar, próximo da lagoa Mundaú, no bairro do Mutange, em Maceió — Foto: Ailton Cruz/Gazeta de Alagoas
Maceió, capital do estado de Alagoas, está em alerta máximo após a iminência de colapso do bairro do Mutange. A previsão era que o solo se abrisse no começo da manhã desta sexta-feira (1º/12), o que não ocorreu, mas isso é questão de tempo, segundo técnicos. Moradores tiveram de deixar suas casas por decisão judicial e até um hospital foi evacuado.
Nas últimas 48 horas, foi registrado um afundamento de 1 metro e 6 centímetros do solo. Antes, esse afundamento era de 50 cm por dia. O aumento de 3 cm para cada 24 horas foi considerado uma aceleração da movimentação.
A Defesa Civil de Alagoas calcula que o tamanho da cratera após o desabamento será de até 300 metros de diâmetro – ou seja, caberia o estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. No momento do colapso, são previstos tremores de terra na região, mas isso não deve provocar estragos nas construções ao redor, segundo as autoridades.
Esse afundamento do solo é causado por uma das minas de sal-gema da indústria petroquímica Braskem. Elas criaram espécies de “ocos” no subterrâneo, que foram preenchidos com um líquido em vazamento. Esses túneis começaram a ser construídos em 1994.
Colapso imediato
Devido ao risco imediato de colapso, ficou proibida a navegação na Lagoa Mundaú, mas não há perigo de tsunami, conforme informou o tenente-coronel Moisés Melo, do Corpo de Bombeiros. No entanto, ele faz um alerta sobre o afundamento: “É só questão de tempo”.
A Defesa Civil de Maceió mantém o alerta de rompimento da mina 18 desde a última quarta-feira (30/11). Uma das previsões era de que o desabamento fosse ocorrer às 23h de quinta. No entanto, um novo prazo foi estimado pela Defesa Civil de Maceió, apontando que a ruptura poderia acontecer por volta das 6h desta sexta, o que não se confirmou.
Moradores tiveram de sair às pressas
Vários bairros da capital alagoana estão isolados devido aos danos ao subsolo causados pela mineração da Braskem, e uma região específica, no bairro do Mutange, se tornou um problema crítico nesta semana. Imagens recebidas pelo Metrópoles mostram o momento em que moradores tiveram de deixar a área às pressas.
O problema em torno do afundamento na região em que estão localizadas 35 minas de sal-gema da Braskem veio à tona em março de 2018, quando um forte tremor atingiu a área. Reportagem especial do Metrópoles mostrou a tragédia provocada pela mineração no local.
O risco iminente de formação de crateras obrigou a saída emergencial de cerca de 55 mil pessoas da área. O problema, constatado por órgãos da esfera municipal, estadual e federal, se relaciona a minas de sal-gema da petroquímica Braskem exploradas no subsolo da área urbana da capital do estado.
O sal-gema é retirado de rochas a cerca de mil metros da superfície. Ele pode ser utilizado normalmente na cozinha, mas seu uso é importante em vários processos industriais, como na produção de PVC e soda cáustica.
Como mostrou reportagem do Metrópoles, grandes quantidades de sal-gema foram encontradas no subsolo de Maceió na década de 1960, e, em 1976, a empresa Salgem – que passou ao comando da Braskem em 2002 – começou a cavar minas na região, com anuência das autoridades locais. A mineração no local só foi paralisada em março de 2019, após ter sido confirmada a relação com o afundamento.
Por Thalys Alcântara - Metrópoles
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