m mais um capítulo da sua delação premiada assinada com a Polícia Federal, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), um dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro, comandava o "gabinete do ódio", grupo de assessores do Palácio do Planalto responsáveis por publicações em redes sociais que são investigados por suspeitas de ataques aos adversários e às instituições democráticas.
Cid também vinculou o próprio Jair Bolsonaro diretamente à disseminação de notícias falsas com ataques às urnas eletrônicas, confirmando as suspeitas detectadas pela PF após encontrar mensagens do então presidente enviadas ao celular do empresário Meyer Nigri.A delação premiada de Mauro Cid foi homologada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes no início de setembro. Depois disso, o ex-ajudante de ordens da Presidência deixou a prisão.
As informações foram confirmadas ao UOL por três fontes que acompanharam as tratativas do acordo. O caso está sob análise da equipe do subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos. Em entrevistas na última semana, ele afirmou que Cid não apresentou provas dos seus relatos e disse que a PGR (Procuradoria-Geral da República) sugeriu diligências à PF para obter elementos de corroboração.
O gabinete do ódio era composto pelos assessores Tércio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz. A indicação deles para trabalhar no governo Bolsonaro era atribuída, nos bastidores, a Carlos. Tércio e José Matheus anteriormente foram assessores do gabinete de Carlos na Câmara do Rio.
Em seu depoimento, Cid deixou claro que o vereador era responsável pelas estratégias do então presidente da República nas redes sociais. Além disso, Carlos Bolsonaro dava ordens e comandava o gabinete do ódio, de acordo com Mauro Cid.
Em depoimento prestado à PF no inquérito dos atos antidemocráticos, Carlos negou ser responsável pela disseminação de ataques às autoridades e disse também que não tinha vínculo com a política de comunicação do governo federal.
Notícias falsas
Mauro Cid também vinculou Jair Bolsonaro à disseminação de conteúdo falso pelas redes.
De acordo com o tenente-coronel, Bolsonaro usava seu próprio telefone celular para encaminhar mensagens contendo notícias falsas com ataques às urnas eletrônicas e a diversas autoridades públicas, como ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
Procurada, a defesa de Jair Bolsonaro negou irregularidades e fez críticas à delação de Mauro Cid. "O eminente procurador leu toda a peça e concluiu que a mesma é fraca e desprovida de qualquer elemento de prova. A 'delação', segundo o procurador, mais se parece com uma confissão e o mesmo, por reiteradas vezes, disse que nada se aproveita", afirmou em nota o advogado Fábio Wajngarten.
Carlos Bolsonaro, Tércio, José Matheus e Matos Diniz negaram em depoimentos prestados anteriormente à Polícia Federal terem disseminado ataques às instituições democráticas.
Aguirre Talento Colunista do UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários são publicados somente depois de avaliados por moderador. Aguarde publicação. Agradecemos a sua opinião.