A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) admitiu que a estabilidade da internet no Brasil corre risco com a construção de uma usina de dessalinização em Fortaleza, que fica próxima a cabos submarinos responsáveis pelo fluxo de dados do país com outros continentes.
As empresas de telecomunicações estão aumentando o tom contra a localização escolhida para a construção da usina, na Praia do Futuro, em Fortaleza.
O objetivo do governo do Ceará, com a construção da usina, é converter a água captada no oceano em água potável para fortalecer o abastecimento do estado.
" Qualquer possibilidade de rompimento de cabo gera uma instabilidade, uma paralisia da internet em todo o país. E são operações complexas (para conserto dos cabos). As embarcações que fazem a manutenção não ficam no Brasil. Até chegar uma embarcação no Brasil, leva muito tempo" afirma Marcos Ferrari, presidente executivo da Conexis Brasil, representante das grandes empresas de telecomunicação como Tim, Claro e Vivo.
São 17 cabos submarinos na região da Praia do Futuro, responsáveis por 99% do tráfego de dados internacionais que chegam ao Brasil, segundo o Ministério das Comunicações. A praia do Futuro conecta o país à América do Norte, Europa, Ásia e África.
A Anatel instaurou um procedimento administrativo em junho de 2021. A análise conclusiva da área técnica foi de oposição à construção da usina, com a recomendação de alteração do projeto para a construção do empreendimento em outro local.
“A partir do conhecimento do projeto, a Agência providenciou comunicado de risco e atenção a órgãos governamentais, avisando sobre a inviabilidade de convivência do projeto da Usina com os cabos na mesma localização. Ressalta-se que nem a Agência, nem as detentoras dos cabos, foram chamados em audiências públicas de discussão do projeto, mesmo que diretamente afetados/interessados”, disse a Anatel, em nota.
Companhia do CE diz que é seguro
A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) diz que a distância entre esses cabos e a infraestrutura da usina já foi ampliada de 40 para 500 metros e que não há risco.
Em agosto de 2023, a Anatel tomou conhecimento formal de que o projeto da passou por essa e outras modificações. A agência diz que, nas “próximas semanas”, deve ter um novo posicionamento sobre essas alterações.
A Conexis Brasil não quer apenas o distanciamento, mas a mudança de local do projeto. Isso porque a estimativa do setor é de crescimento de 400% do tráfego de dados no Brasil em cinco anos, o que levaria a um aumento da necessidade de cabos submarinos.
O Conselho Estadual do Meio Ambiente (Coema) nega risco para a estabilidade da internet no país. A perspectiva é que, a partir de 2026, o abastecimento de Fortaleza possa ser reforçado com as águas do mar.
Em nota, o Ministério das Comunicações diz que o titular da pasta, Juscelino Filho, acompanha com atenção as discussões sobre o assunto e tem buscado “um espaço de diálogo e solução para os possíveis impactos do projeto da usina de dessalinização na infraestrutura de cabos submarinos de fibra óptica” em Fortaleza.
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