Em 30 dias, a Bahia registrou o terceiro caso grave de violência e, desta vez, envolveu um agente da Polícia Federal (PF), assassinado por integrantes de uma facção criminosa. Lucas Caribé Monteiro de Almeida, de 42 anos, morreu, ontem, num confronto com mais de 40 homens armados, durante uma operação das forças de segurança para o cumprimento de ordens judiciais em Salvador e em municípios vizinhos, à procura de foragidos, armas, munições e drogas.
Lucas era baiano e estava há 10 anos na PF. Ele foi socorrido, junto com outros dois policiais — um federal e um civil —, e levado ao Hospital Geral do Estado (HGE), na capital baiana, mas não resistiu aos ferimentos. A corporação enviou, ainda ontem, duas equipes do Comando de Operações Táticas (COT) para apurar o caso, acompanhado do diretor-geral substituto da PF, Gustavo de Souza.
A morte do agente mobilizou o governo federal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ao X (antigo Twitter) manifestar consternação com a morte do agente. "Recebi com profunda tristeza e indignação a morte do agente da Polícia Federal Lucas Caribé Monteiro de Almeida, durante operação de combate ao crime organizado, em Salvador. Ele estava há 10 anos na PF, atuando no enfrentamento do narcotráfico e do tráfico de armas, entre outras operações de alta periculosidade. Lucas fez parte da equipe designada pela PF para a minha segurança, na Bahia, durante a campanha eleitoral, e também agora, na Presidência. Cumpriu sua missão com exemplar profissionalismo", lembrou Lula na publicação.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino — ao qual a PF é subordinada — também manifestou indignação com o crime. "Minha solidariedade aos policiais federais e estaduais atingidos por tiros na Bahia, quando estavam cumprindo mandados judiciais. Infelizmente, o policial federal Lucas faleceu. O diretor-geral da PF em exercício, delegado Gustavo Souza, vai à Bahia para acompanhar os fatos e estabelecer as orientações cabíveis", salientou nas redes sociais.
Já a PF decretou luto oficial de três dias na corporação, enquanto que a Associação Nacional dos Delegados de PF (ADPF) afirmou que a entidade "repudia veementemente os ataques sofridos pelos policiais". Anunciou, ainda, que acompanhará de perto a apuração do homicídio.
Na mesma operação em que Lucas morreu, dois suspeitos também não resistiram aos ferimentos na troca de tiros entre criminosos e a PF. A localidade onde ocorreu o conflito, às margens das rodovias BR-324 e BA-528, é tida como um ponto estratégico do tráfico de drogas. São frequentes os confronto entre facções criminosas pelo controle da área. Desde agosto, a PF trabalha para conter o avanço do crimes organizado no estado, após acordo firmado entre o governo federal e o da Bahia.
Sequência
A morte de Lucas é o terceiro crime de grande visibilidade no estado, atualmente no topo das estatísticas da criminalidade no país — de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, é a segunda unidade da Federação mais violenta no país. O Anuário Brasileiro da Violência deste ano indicou que a taxa de mortes brutais intencionais na Bahia é de 47,1 por 100 mil habitantes, enquanto a média nacional é de 23,3 por 100 mil.
O estado também lidera a quantidade de municípios mais violentos do país. De 50 cidades listadas, 12 estão na Bahia, que é o segundo pior estado na resolução de homicídios — somente 17,24% de casos resolvidos em 2022. Neste item, a Bahia perde apenas para o Rio de Janeiro.
O primeiro caso de repercussão nacional em menos de 30 dias ocorreu em 17 de agosto: o assassinato da líder do quilombo Pitanga dos Palmares, Maria Bernadete Pacífico, a Mãe Bernadete, morta na sala de casa, em Simões Filho, na região metropolitana de Salvador. O homicídio pode ter relação com a atuação da ialorixá em defesa das terras que ocupava. Três suspeitos de envolvimento no homicídio foram presos no começo do mês.
Em 29 de agosto, nove pessoas — incluindo três crianças — foram encontradas mortas no povoado Núcleo Colonial JK, zona rural do município de Mata de São João, também região metropolitana de Salvador. Os criminosos teriam invadido uma casa e cometido a chacina. Alguns dos corpos foram encontrados carbonizados.
Segundo a Polícia Civil da Bahia, os homicídios teriam sido cometidos por ciúmes. Porém, com as investigações, descobriu-se os adultos mortos tinham ligações com uma facção criminosa.
Pernambuco
O município de Camaragibe, na Grande Recife, também viveu, nas últimas horas, uma onda na violência. O assassinato de dois policiais militares, na quinta-feira, levou à morte oito pessoas.
A onda de brutalidade começou com os homicídios dos policiais militares Eduardo Roque Barbosa de Santana, de 33 anos, e Rodolfo José da Silva, 38, ambos lotados no 20º Batalhão da PM. Os dois estavam trabalhando em uma ocorrência quando se viram envolvidos em uma troca de tiros. No prosseguimento da operação, oito pessoas foram mortas, inclusive do suposto atirador que alvejou os PMs.
Redação
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