O e-mail foi enviado por Faria em 31 de outubro, durante a tarde. De acordo com arquivos compartilhados com a Comissão parlamentar de inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, a comunicação teve como remetentes o chanceler Carlos França e o ajudante de ordens Daniel Lopes de Luccas.
A informação foi adiantada pela coluna de Ricardo Noblat, do Metrópoles.
No texto, Bolsonaro, embora reconhecesse a derrota, afirmaria que o processo eleitoral teria sido desigual. Além disso, ele reforçaria o discurso de que institutos de pesquisas e a grande mídia teriam manipulado os eleitores brasileiros no primeiro turno.
“Eu sempre disse que o Brasil está acima de tudo e Deus acima de todos e que daria minha vida pelo Brasil. Por esse motivo, não contestarei o resultado das eleições”, diia a nota.
Veja a íntegra do discurso:
“Quero agradecer aos mais de 58 milhões de brasileiros que confiaram a mim o seu voto nas últimas eleições: vencemos em 4 das 5 regiões do Brasil e tivemos 400 mil votos a mais do que em 2018.
A representação no Congresso Nacional e os governadores eleitos demonstram a força de nossos princípios e valores: Deus, Pátria Família e Liberdade.
Assumi o governo em 2019 com o Brasil vivendo imensa crise moral, social e econômica, fruto de gestões passadas. De 2019 para cá, enfrentei catástrofes ambientais e a maior emergência sanitária da história da humanidade. Socorremos a nossa população e preservamos empregos.
Desde o primeiro dia do meu governo, em sintonia com o meu passado, não aderi ao sistema, que juntou forças para me combater.
Todos são testemunha do quão desigual foi o processo eleitoral. Começaram por tornar elegível alguém condenado em várias instâncias do poder judiciário. Mascararam a exitosa retomada econômica do Brasil em relação ao mundo pós pandemia; Ao contrário, focaram na desconstrução das minhas falas e em falsas narrativas:
Todos assistiram à manipulação dos institutos de pesquisas e da grande mídia para induzir os eleitores brasileiros a voto útil em meu opositor no primeiro turno;
No segundo turno, o temor era um possível aumento da abstenção. Sem precedente na história das eleições brasileiras, determinaram que todos os governadores e prefeitos oferecessem transporte gratuito para eleitores. Sempre defenderei que todos tenham amplo direito ao voto, mas não posso concordar com casuísmos que alteram as regras no curso do processo eleitoral.
Além disso, foi cerceada a liberdade de expressão: todos os grandes perfis de direita foram suspensos das redes sociais; empresários apoiadores perseguidos e censurados enquanto o outro candidato veiculava fake news sobre o salário mínimo e o décimo-terceiro salário, diariamente em programas de rádio e televisão por todo o Brasil, em prejuízo da minha candidatura. Enquanto isso, nós tivemos menos inserções de rádio, tivemos vídeos suspensos em menos de 24 horas, o que demonstra, ao nosso ver, falta de isonomia.
Mesmo assim, a diferença no resultado da votação em favor de meu adversário foi de apenas 1.8% : estou certo de que se houvesse imparcialidade e igualdade de tratamento o resultado seria muito diferente.
Por 4 anos fui acusado injustamente de querer dar um golpe. E o que aconteceu foi exatamente o contrário.
Eu sempre disse que o Brasil está acima de tudo e Deus acima de todos e que daria minha vida pelo Brasil. Por esse motivo, não contestarei o resultado das eleições.
Meu amor pelo país, pelo povo brasileiro e pela democracia são maiores. Defenderei nosso legado, sempre firme em meu compromisso com o Brasil.
Seguirei lutando a ao lado do povo por nossa liberdade. O meu governo devolveu o Brasil ao caminho da prosperidade, e temos ampla base no Congresso Nacional para defender nossos valores e nossa bandeira.
Somos uma grande nação. Jamais desistirei do Brasil e peço que vocês também não desistam”.
Por Metrópoles
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