Na CPMI, senadora expôs conversas de tom golpista do ex-comandante da PMDF (foto: Ed Alves/CB/DA.Press)
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, expôs, nesta terça-feira (29/08), um áudio de teor golpista, compartilhado por Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais de 2022. O policial presta depoimento nesta manhã no colegiado.
No áudio compartilhado por Vieira com outros integrantes da PMDF, o autor afirma que “Bolsonaro está preparado com o Exército para fazer a mesma coisa que aconteceu em 1964”. A mensagem, como reforçou a relatora da comissão, é manipulada. Trata-se de uma montagem com diversas falas de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sendo, portanto, falsa, e golpista.
Eliziane Gama disse que o fato do áudio ter sido compartilhado mostra que existia, dentro da PMDF, uma possível conivência com os atos que se sucederam poucos meses: a depredação dos prédios dos três Poderes. “O senhor fazia esse compartilhamento desse áudios editados, áudios fakes, sendo transferidos por membros do alto-escalão da Polícia Militar de Brasília”, afirmou a parlamentar.
Em seguida, ela também perguntou ao ex-comandante se “existia um clima golpista na PMDF”, mas o depoente decidiu ficar em silêncio a todos os questionamentos feitos pelo colegiado.
Tentativa de golpe
Além do áudio, a relatora da CPMI ainda mostrou um quadro enviado pelo coronel Marcelo Casimiro para Fábio Augusto Vieira, em que o militar explica “supostas alternativas à sucessão presidencial”. “As mensagens clamavam que as intervenções seriam para atender a um pedido do povo, para que as Forças Armadas tomassem as ruas”, disse Eliziane Gama.
Nesta mensagens, são citados o artigo 142 da Constituição, a Intervenção Militar e, posteriormente, uma Intervenção Federal. A parlamentar afirmou que Casimiro disse que as alternativas eram “uma explicação, de fato, interessante”.
Eliziane Gama revelou outras mensagens trocadas entre Vieira e Casimiro, inclusive sobre as urnas eletrônicas. Em uma dessas conversas, em que se falava sobre um possível relatório emitido pelas Forças Armadas sobre uma suposta fraude nas urnas, que teriam resultado na vitória do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-comandante respondeu dizendo: “a cobra vai fumar”.
“O conteúdo [das mensagens] não servirá para comprovar nada, mas servirá para acirrar os ânimos e provocar explicações”, teria dito Casimiro ao depoente, em uma das mensagens compartilhadas entre os dois. Para a senadora, essas mensagens e fotografias do dia 8 de janeiro, que mostram policiais parados enquanto manifestantes subiam a rampa do Congresso, demonstram que houve uma planejamento da PMDF para que o esquema de segurança na data “desse errado”.
Por: Aline Brito - Correio Braziliense
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