quarta-feira, agosto 16, 2023

Aliados de Bolsonaro avaliam que entrevista de Wassef foi um ‘desastre’ e chamam advogado de ‘Wasséfalo’



O advogado Frederick Wassef — Foto: Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo

A entrevista coletiva em que Fred Wassef mudou sua versão sobre a recompra do Rolex vendido ilegalmente nos Estados Unidos pelo ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid foi considerada um desastre para a estratégia de defesa e recebida com variados tipos de palavrões entre os aliados mais próximos de Jair Bolsonaro.

O próprio ex-presidente da República, os filhos e aliados políticos, que discutiram o caso na noite de terça-feira por telefone e mensagens, avaliaram que Wassef provocou tumulto desnecessário no caso, em um momento em que o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes se prepara para decidir se atende ao pedido da Polícia federal e quebra o sigilo de Bolsonaro, no âmbito do inquérito sobre as joias sauditas.

Embora considerem que "o estrago está feito", os aliados de Bolsonaro entraram em campo para tentar impedir que Wassef continue falando. O próprio Jair Bolsonaro se comprometeu a procurar Wassef para pedir que fique calado.

Até a entrevista, que pegou o círculo mais próximo do ex-presidente de surpresa, o plano era submergir para tentar diminuir a temperatura em torno do caso.

Agora, ficou bem mais difícil seguir essa linha. No auge da revolta, estrategistas do ex-presidente se referiam ao advogado como um "fio desencapado" e passaram a chamá-lo de Wasséfalo.

Frederick Wasseff já se envolveu em diversas confusões em nome da família Bolsonaro. A mais célebre foi ter abrigado o ex-PM e assessor dos Bolsonaro Fabrício Queiroz em um sítio em Atibaia quando ele estava foragido.

Na entrevista coletiva desta terça-feira, Wassef – que já tinha negado em nota oficial qualquer relação com o Rolex de prata cravejado de diamantes — apresentou uma nova versão para o episódio.

Agora, ele admite que recomprou o relógio Rolex recebido de presente da Arábia Saudita. Mas afirmou (que Bolsonaro não sabia de nada) e garantiu que usou o próprio dinheiro, em espécie, na transação.

A jornalistas, Wassef mostrou um recibo de compra de US$ 49 mil e outro recibo de saque no valor de US$ 35 mil. Segundo ele, a compra foi declarada à Receita Federal.

-- Eu comprei o relógio. A decisão foi minha. Usei meus recursos. Eu tenho a origem lícita e legal dos meus recursos. Eu tenho conta aberta nos Estados Unidos, num banco em Miami, e usei o meu dinheiro para pagar o relógio — afirmou o advogado, que ainda acrescentou. — O meu objetivo quando eu comprei esse relógio era exatamente devolvê-lo à União, ao governo federal do Brasil, à Presidência da República, isso inclusive por decisão do Tribunal de Contas da União (TCU).

Os aliados de Bolsonaro ficaram ainda mais irritados porque Wassef não é advogado do ex-presidente no caso e não submeteu a ninguém a ideia de falar a respeito das joias.

Por Malu Gaspar
O Globo

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