Um quebra-quebra no Hospital municipal Francisco da Silva Telles, em Irajá, Zona Norte do Rio, levou pai e filha a serem presos por homicídio doloso na madrugada deste domingo. André Luiz do Nascimento Soares, de 48 anos, e Samara Kiffini do Nascimento Soares, de 23, irritaram-se com a demora no atendimento, racharam vidros da unidade de saúde e agrediram uma médica plantonista. Pouco depois, uma idosa de 82 anos, que estava em estado gravíssimo, morreu.
André deu entrada no hospital às 3h30, com um ferimento leve na mão esquerda. Os funcionários pediram então que ele aguardasse, pois tinham pacientes graves na unidade. Ele estava acompanhado de Samara. Segundo o hospital, os dois já chegaram alterados e se irritaram com o fato de terem que esperar. Por isso, começaram a depredar o local, que teve os vidros das portas, janelas e longarinas quebrados.
Os dois também invadiram a sala vermelha — onde ficam pacientes com quadros mais graves — e assustaram algumas pessoas. Segundo a polícia, alguns dos pacientes diagnosticados com infarto agudo do miocárdio chegaram a deixar a sala para se esconder. Uma médica plantonista foi agredida com um soco no rosto e teve corte na parte interna da boca, recebendo cinco pontos. Por isso, além do homicídio, André também responderá por lesão corporal.
Em meio à confusão, às 4h, uma paciente de 82 anos, que estava em estado gravíssimo e necessitava de monitoramento, entrou em parada cardiorrespiratória. Segundo a Secretaria municipal de Saúde (SMS), a equipe tentou reverter o quadro, mas não teve sucesso. O óbito foi constatado às 4h30.
Uma equipe do 41° BPM (Irajá) foi ao local para verificar a ocorrência. De acordo com as informações obtidas pelos agentes, os acusados agrediram uma médica e também quebraram alguns objetos do hospital. Os policiais militares encaminharam André e Samara para a delegacia, onde foram presos.
Em nota, a SMS afirma repudiar “os fatos lamentáveis ocorridos no HMFST”. A pasta afirma ainda que “todas as emergências da cidade atendem por classificação de risco, com prioridade absoluta aos pacientes com quadros de maior gravidade”. Casos de menor risco, conforme aponta a secretaria, “são atendidos na sequência ou encaminhados a outros serviços”. A SMS diz ainda que os profissionais das unidades trabalham com seriedade e devem ser respeitados pelos usuários.
A Polícia Civil relaciona a morte da mulher com o ocorrido. A Secretaria municipal de Saúde (SMS), por sua vez, por meio de nota, afirma apenas que óbito foi constatado uma hora após os dois darem entrada no hospital. A investigação está a cargo da 27ª DP (Vicente de Carvalho).
Até a publicação da reportagem, a defesa de André e Samara não foi localizada pelo EXTRA. Ao g1, o advogado Cláudio Rodrigues afirmou que o atendimento é precário na unidade, “com apenas uma médica e pouquíssimas enfermeiras”.
“Inicialmente a defesa entende, com a máxima vênia, que acusar os réus de homicídio de um paciente que já estava internado naquela unidade, possivelmente com um quadro clínico ruim, é forçoso demais. Réus esses que também estavam naquela unidade desesperados por um atendimento que não alcança”, disse.
Por Jornal Extra/RJ
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