A Polícia Civil de São Paulo informou nesta terça-feira (25) que identificou e prendeu um torcedor do Flamengo suspeito de ter matado a palmeirense Gabriela Anelli, de 23 anos, que foi atingida por uma garrafa de vidro durante uma confusão entre torcidas no entorno do estádio em 8 de julho.
Segundo o Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), Jonathan Messias Santos da Silva é o homem com barba que aparece em vídeo de uma câmera de segurança atirando uma garrafa (veja abaixo).
Ele foi encontrado no bairro de Campo Grande, no Rio de Janeiro, após mandado de prisão ser expedido pela Justiça. A Delegacia de Homicídios Central (DHC) do Rio deu apoio à ação.
Ainda conforme a polícia, o homem está em uma unidade policial do Rio de Janeiro e, em seguida, será levado para a delegacia de São Paulo. Imagens mostram o momento que Jonathan Messias chega à delegacia de homicídios na capital fluminense (veja abaixo).
Uma coletiva de imprensa será feita pelos investigadores de São Paulo, às 11h, para detalhar como se deu a identificação e prisão do suspeito.
A Polícia de SP havia prendido Leonardo Felipe Xavier Santiago, também torcedor do Flamengo, no dia do crime. No entanto, o Ministério Público de SP pediu sua soltura e a Justiça concedeu por não ter convicção de que foi ele quem atirou a garrafa que vitimou Gabriela (leia mais abaixo).
Segundo o MP, um torcedor que tem barba, de blusa cinza, teria jogado a garrafa contra os palmeirenses, entre eles Gabriela.
Gabriela era frequentadora assídua do Allianz Parque e costumava ir ao local com os pais. Segundo o pai dela relatou à TV Globo, o Palmeiras era a vida dela.
"A diversão dela era praticamente essa. Aos finais de semana, as viagens que ela fazia. Foi a forma que ela se encontrou. Tem meninas da idade dela que gostam de ir em baile funk, de gostam de ir para sertanejo, ela gostava do Palmeiras. A vida dela era essa. Palmeiras, e a torcida. Era isso", disse Ettore Amarchiano Neto.
A mãe da jovem também afirmou que Gabriela já tinha passado por cirurgias e superado diversos problemas de saúde ao longo da vida.
"Não foi o problema de saúde que ela tinha que matou ela, foi uma garrafa que cortou a jugular dela", disse Dilcilene Prado Anelle dos Santos.
Os dois também estavam no estádio e só souberam do ocorrido quando a filha estava na Santa Casa.
"Nós participamos do jogo também, estávamos aguardando por ela porque a gente ficou junto com a Mancha, só que ela não chegou a entrar no estádio. Eu fiquei sabendo quando acabou o jogo, porque não tinha sinal de celular lá dentro, uma ligação. Nisso, ela já tinha sido operada, já estava descendo pra UTI."
Mudança na investigação
Na última quinta-feira (13), o delegado-geral Artur José Dian informou que a morte da torcedora Gabriela passaria a ser investigada pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
A mudança ocorreu por determinação da Justiça e após a revogação da prisão do torcedor do Flamengo Leonardo Felipe Xavier Santiago, de 26 anos. Na decisão, a juíza considerou o delegado incialmente responsável pelo caso como "despreparado".
Santiago havia sido preso e indiciado pela Polícia Civil de São Paulo por homicídio doloso consumado. Ele foi liberado na quarta-feira (12) por volta das 17h40 do Centro de Detenção Provisória 4 de Pinheiros, em São Paulo.
No entendimento do Ministério Público, baseado nas provas que existem até o momento, o arremesso da garrafa que atingiu e matou Gabriela Anelli foi feito por um torcedor do Flamengo ainda não identificado, filmado jogando o objeto contra a torcida do Palmeiras.
Segundo o delegado-geral, o trabalho agora é para identificar esse homem, além de outras pessoas que também arremessaram objetos.
Além de Felipe Santiago, a Polícia Civil investiga ao menos 10 pessoas que jogaram garrafas na confusão entre torcedores que terminou com a morte de Gabriela. Os investigadores usam uma ferramenta de investigação de reconhecimento facial.
Foram ao menos duas confusões envolvendo torcedores dos dois times. A primeira, que vitimou Gabriela, ocorreu na Rua Padre Tomás por volta de 18h. A segunda confusão teve início na Rua Caraíbas, do outro lado do estádio e próximo ao portão "A".
Nas primeiras imagens, gravadas pela emissora ESPN, Gabriela, que fazia parte de uma torcida organizada, aparece tentando entrar na área destinada aos torcedores do Flamengo.
Na sequência, um homem de barba e blusa clara atira uma garrafa em direção aos torcedores do Palmeiras que estavam do outro lado do portão. A imagem não mostra onde a garrafa caiu.
Outros vídeos mostram momentos depois que a torcedora foi atingida pela garrafa de vidro. Em uma das imagens, é possível ver Gabriela colocando a mão no pescoço, próxima a uma barreira que divide as torcidas do Palmeiras e Flamengo na Rua Padre Tomás.
No local, há um portão para entrada de quem verá o jogo como visitante e outros dois para quem verá na torcida do Palmeiras, dona da casa.
Depois, em outro vídeo, ela está caída no chão. Ela recebe atenção de outros torcedores e primeiros socorros.
Familiares da jovem contaram ao g1 que profissionais de saúde que estavam em uma ambulância do estádio ajudaram a socorrê-la. Gabriela foi levada à Santa Casa, no Centro da capital paulista.
Mãe de Gabriela Anelli durante velório da filha em Embu das Artes — Foto: TV Globo
O corpo da palmeirense Gabriela Anelli, de 23 anos, foi enterrado na última terça-feira (11) em Embu das Artes, na Região Metropolitana de São Paulo.
O cortejo foi marcado por forte emoção de amigos e amigos. A bateria da Mancha Verde, torcida organizada do Palmeiras da qual Gabriela fazia parte, também prestou homenagem.
"Tchau, bebê. Te amamos", disse a avó de Gabriela.
Ao todo, cerca de 200 pessoas participaram da cerimônia. Os torcedores cantavam: "O dia que eu morrer, quero o meu caixão pintado de verde e branco, como meu coração."
Amigos, familiares e torcedores do Palmeiras participam do enterro de Gabriela Anelli — Foto: Arthur Stabile/g1
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