O padre Airton Freire, da Fundação Terra, foi preso na manhã desta sexta-feira (14) em Arcoverde, no Sertão de Pernambuco. Ele estava suspenso das atividades religiosas desde o mês de maio por suspeita de envolvimento em crime de estupro.
De acordo com a Polícia Civil, uma entrevista coletiva de imprensa será realizada para divulgar mais detalhes sobre a prisão preventiva do criador da Fundação Terra. A personal stylist Silvia Tavares de Souza acusa o sacerdote de participar de um estupro sobre o qual denunciou ter sido vítima, em agosto de 2022 (assista ao relato abaixo).
No dia 31 de maio, ela foi ao Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, no Centro do Recife, para pedir a conclusão da investigação do caso.
'Para mim, ele era um santo', diz mulher que acusa padre Airton de participar de estupro
O caso corre em segredo de Justiça e é investigado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e pela Polícia Civil, que receberam a denúncia em novembro e dezembro de 2022, respectivamente. No dia 30 de maio, o padre foi suspenso pela Diocese de Pesqueira, no Agreste do estado (saiba mais abaixo).
O crime de estupro, segundo a mulher, foi praticado a mando do padre, por um motorista dele, chamado Jailson Leonardo da Silva, de 46 anos. O padre Airton Freire nega as acusações.
Em nota, os advogados do padre afirmam que "surpreendeu a defesa do padre Airton Freire a decisão de decretar a prisão preventiva do sacerdote. O feito é totalmente contrário às condições previstas em lei e será tratado em habeas corpus a ser impetrado pela defesa. Importante lembrar que o padre, um homem de 67 anos, sofre sérias restrições de saúde (leia na íntegra abaixo)".
Nota da defesa de Padre Airton Freire
Surpreendeu a defesa do padre Airton Freire a decisão de decretar a prisão preventiva do sacerdote. O feito é totalmente contrário às condições previstas em lei e será tratado em habeas corpus a ser impetrado pela defesa. Importante lembrar que o padre, um homem de 67 anos, sofre sérias restrições de saúde.
A decisão ignora que o padre havia se afastado das funções eclesiásticas e da presidência da Fundação Terra, onde desenvolve um trabalho social que atendeu milhares de pessoas nos últimos 40 anos. Depois do afastamento, ficou isolado em sua residência — que é fixa, onde ele pode ser encontrado a qualquer momento —, de forma a não interferir nas investigações. Apesar de todo o apoio que tem recebido de milhares de pessoas na internet e em manifestações públicas nas ruas de Arcoverde (PE), o padre jamais estimulou ou insuflou movimentos, de modo a não causar comoção social ou desordem pública. E mais: agiu de boa fé ao concordar em se apresentar espontaneamente à Justiça após a decretação da prisão, sem criar mecanismos de retardamento do cumprimento da ordem legal.
Acusação de estupro
Silvia e padre Airton, em uma das visitas dela à Fundação Terra — Foto: Reprodução/WhatsApp
Segundo Sílvia Tavares, ela e o padre Airton tinham uma relação de proximidade. A personal stylist chamava ele de "padinho" e que ele a chamava de "minha princesa". Sílvia Tavares disse que frequentava retiros espirituais organizados pelo padre desde 2019, na Fazenda Malhada, em Arcoverde, no Sertão do estado, e que participou de, pelo menos, 25 desses eventos religiosos.
Os dois teriam se conhecido quando ela buscou a ajuda dele para tratar uma depressão. Sílvia contou que, durante um desses retiros, foi chamada pelo padre para ir a uma pequena casa isolada, a que a mulher se refere como “casinha”, onde ficavam os aposentos do padre.
Cronologia do crime, segundo Sílvia Tavares:
Em 17 de agosto de 2022, padre Airton mandou um áudio para Sílvia, pedindo que ela fosse à “casinha” às 6h30 do dia seguinte.
Silvia e padre Airton, em uma das visitas dela à Fundação Terra — Foto: Reprodução/WhatsApp
Segundo Sílvia Tavares, ela e o padre Airton tinham uma relação de proximidade. A personal stylist chamava ele de "padinho" e que ele a chamava de "minha princesa". Sílvia Tavares disse que frequentava retiros espirituais organizados pelo padre desde 2019, na Fazenda Malhada, em Arcoverde, no Sertão do estado, e que participou de, pelo menos, 25 desses eventos religiosos.
Os dois teriam se conhecido quando ela buscou a ajuda dele para tratar uma depressão. Sílvia contou que, durante um desses retiros, foi chamada pelo padre para ir a uma pequena casa isolada, a que a mulher se refere como “casinha”, onde ficavam os aposentos do padre.
Cronologia do crime, segundo Sílvia Tavares:
Em 17 de agosto de 2022, padre Airton mandou um áudio para Sílvia, pedindo que ela fosse à “casinha” às 6h30 do dia seguinte.
O motorista Jailson levou a mulher para o local, onde o padre estava deitado de bruços, coberto com um lençol de seda.
Ele pediu uma massagem e, mesmo estranhando o pedido, a mulher fez, mas se assustou ao perceber que, sob o lençol, ele estava sem cueca. Ela, então, saiu da cama.
Em seguida, Jailson se aproximou da mulher com uma faca e a ameaçou. Enquanto se masturbava, o padre ordenou que ele a estuprasse.
Com o próprio celular, o padre tirou fotos da mulher e de Jailson nus, juntos. Depois, mandou que eles tomassem banho e acariciou os órgãos genitais do motorista.
Afastado das atividades religiosas
Desde o mês de maio, a Diocese de Pesqueira decidiu suspender o padre Airton Freire das atividades religiosas. O documento publicado no dia 30 de maio determinou que o sacerdote não tem jurisdição para presidir ou administrar qualquer Sacramento ou Sacramental por envolvimento no crime de estupro.
O documento assinado pelo bispo, Dom José Luiz Ferreira Salles, decreta que o padre Airton está vedado do exercício do ministério presbiteral, considerando as denúncias apresentadas por Silvia Tavares de "possível cometimento de delitos tipificados pelo ordenamento da Igreja em seu desfavor pelo padre Airton Freire".
Por g1 Caruaru
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