As mensagens encontradas pela Polícia Federal no telefone celular do senador Marcos do Val, do Podemos do Espírito Santo, revelam o parlamentar fazendo um perigoso jogo duplo na cúpula dos poderes da República em torno de uma suposta trama para deflagrar um golpe de estado destinado a anular as eleições presidenciais de 2022.
Ao mesmo tempo que falava com o próprio Bolsonaro e trocava mensagens com o ex-deputado Daniel Silveira para tratar do plano, que previa gravar o ministro Alexandre de Moraes e abrir caminho para o que seria uma intervenção militar no país, do Val mantinha o próprio ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral a par de cada passo que dava.
Sim, se de um lado o senador tratava com Daniel Silveira e se reunia com Bolsonaro maquinando o plano para derrubar Alexandre e anular as eleições, de outro ele delatava ao ministro, quase que em tempo real, que o então presidente da República e o deputado cassado estavam tentando cooptá-lo para colocar em marcha o estratagema.
O plano que tinha o senador como personagem central envolvia a tentativa de flagrar eventuais inconfidências do ministro sobre o processo eleitoral. O próprio Marcos do Val encontraria o ministro e, equipado com aparelhos de escuta, o gravaria. O teor da gravação, de acordo com plano mirabolante gestado nas hostes bolsonaristas, seria a base para que militares alinhados ao bolsonarismo anulassem a eleição, decretassem uma intervenção no país e evitassem a posse de Lula.
Por tudo o que se lê nas mensagens, é difícil delinear o que era real e o que era devaneio na trama. Mas é fato que as tratativas envolveram trocas de mensagens e ao menos uma reunião com Bolsonaro e, ao mesmo tempo, contatos múltiplos entre o senador que seria pivô do plano golpista e o ministro. É um retrato bem acabado do caos brasileiro que, ao mesmo tempo, mistura intriga e traição e desvela o jogo em torno do poder em Brasília.
A seguir, os lances principais da trama, de acordo com o relatório da Polícia Federal que buscou reconstituí-la a partir das mensagens capturadas no WhatsApp de Marcos do Val.
Os primeiros contatos
A partir de 6 de dezembro de 2022, o ex-deputado federal Daniel Silveira procura o senador Marcos do Val. Queria falar pessoalmente sobre um plano que, dizia, tinha potencial para mudar os rumos da história do país. “Você tem nas mãos uma oportunidade única”, escreveu Silveira ao senador capixaba. “Uma pessoa importante pediu que fale com você”, insistiu. “Você tem algo nas mãos que salva o Brasil, literalmente”, acrescentou. Os dois finalmente conversam. Silveira reitera a importância da tal missão: “Irmão, essa missão está restrita a três pessoas e só irá ficar, provavelmente, com mais cinco após concluída. Cinco estrelas”.
Alexandre informado já desde o início
Ainda no dia 7 de dezembro, Marcos do Val manda mensagem para Alexandre de Moraes. “Boa tarde ministro! Ontem o Daniel Silveira me procurou. Me passou uma situação contra a democracia extremamente preocupante. Mas o melhor é te repassar pessoalmente. Fico em Brasília até sexta-feira. O Bolsonaro que pediu para ele me procurar”, escreveu o senador. Moraes responde: “Se quiser passar aqui no Salão Branco (do STF) no intervalo da sessão hoje às 16h30 podemos conversar”. O senador ainda envia ao ministro, no mesmo dia, prints das mensagens que havia recebido de Daniel Silveira. “Para guardar”, escreveu. “Ótimo”, responde Alexandre um minuto depois.
“O objetivo é mesmo derrubar o presidente Lula”
Já no dia 8 de dezembro, Marcos do Val relata ao ministro que Daniel Silveira havia ido ao encontro dele, nas proximidades do Congresso Nacional, e telefonado para Jair Bolsonaro. Na ligação, o então presidente teria pedido para falar com o senador. “Bom dia, ministro. Ontem à noite estava no plenário (do Senado) e o Daniel Silveira foi até a mim e lá fora ligou para o Bolsonaro. Bolsonaro pediu para falar comigo e me perguntou se poderia encontrar com ele hoje no fim da tarde. O objetivo é mesmo derrubar o presidente Lula. Quando sair da reunião, faço contato”, escreveu Marcos do Val.
“Ação já desenhada e pronta para implementar”
Ao mesmo tempo, as tratativas de Marcos do Val com Daniel Silveira prosseguem. Os dois se falam o tempo todo por mensagem. Estão de prontidão para o tal encontro com Bolsonaro. Silveira se mostra animado. “Após isso ser feito (referindo-se à missão), será um acontecimento histórico. Todos serão levados às posições que devem estar. De heróis e de traidores. A sua estará definida e marcada como um herói, só”, diz o deputado cassado, tentando animar o senador, que responde: “O importante é a missão ser um sucesso!”. Pouco antes, Daniel Silveira explicou: “(Você) precisa entender: caso o objetivo (gravar Alexandre) seja alcançado em situação de aceitar a missão, o conteúdo não será publicizado ou utilizado de forma midiática. Será única e exclusivamente para pautar, com total integralidade (sic), a ação a ser tomada que já está desenhada e pronta para implementar”. Do Val faz perguntas que, pelo teor, tinham por objetivo entender se a missão estava amparada pelas forças militares.
O encontro com Bolsonaro
Marcos do Val e Daniel Silveira combinam de se encontrar para, então, seguirem juntos até Bolsonaro. O ponto de encontro é um estacionamento entre o Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente, e o Palácio da Alvorada. De lá, um carro iria apanhá-los e levá-los ao então presidente. A operação é cercada de cuidados. “Encaminhei a localização, mas tu não entra, não… Não entra no Alvorada… E nem chega perto da entrada… Tu não vai aparecer, não. Vai parar o carro no estacionamento que eu vou te mandar a localização… Eu vou estar ali já. E o carro vai vir buscar a gente”, alertou Daniel Silveira por meio de um áudio. Não fica claro se a conversa com Bolsonaro se deu no Alvorada ou um pouco mais longe dali, na Granja do Torto, residência de campo da Presidência (Marcos do Val, ao se referir posteriormente a esse encontro, diz várias vezes que ele ocorreu na Granja). Pelas mensagens, a conversa com Bolsonaro durou menos de uma hora.
Ao mesmo tempo, as tratativas de Marcos do Val com Daniel Silveira prosseguem. Os dois se falam o tempo todo por mensagem. Estão de prontidão para o tal encontro com Bolsonaro. Silveira se mostra animado. “Após isso ser feito (referindo-se à missão), será um acontecimento histórico. Todos serão levados às posições que devem estar. De heróis e de traidores. A sua estará definida e marcada como um herói, só”, diz o deputado cassado, tentando animar o senador, que responde: “O importante é a missão ser um sucesso!”. Pouco antes, Daniel Silveira explicou: “(Você) precisa entender: caso o objetivo (gravar Alexandre) seja alcançado em situação de aceitar a missão, o conteúdo não será publicizado ou utilizado de forma midiática. Será única e exclusivamente para pautar, com total integralidade (sic), a ação a ser tomada que já está desenhada e pronta para implementar”. Do Val faz perguntas que, pelo teor, tinham por objetivo entender se a missão estava amparada pelas forças militares.
O encontro com Bolsonaro
Marcos do Val e Daniel Silveira combinam de se encontrar para, então, seguirem juntos até Bolsonaro. O ponto de encontro é um estacionamento entre o Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente, e o Palácio da Alvorada. De lá, um carro iria apanhá-los e levá-los ao então presidente. A operação é cercada de cuidados. “Encaminhei a localização, mas tu não entra, não… Não entra no Alvorada… E nem chega perto da entrada… Tu não vai aparecer, não. Vai parar o carro no estacionamento que eu vou te mandar a localização… Eu vou estar ali já. E o carro vai vir buscar a gente”, alertou Daniel Silveira por meio de um áudio. Não fica claro se a conversa com Bolsonaro se deu no Alvorada ou um pouco mais longe dali, na Granja do Torto, residência de campo da Presidência (Marcos do Val, ao se referir posteriormente a esse encontro, diz várias vezes que ele ocorreu na Granja). Pelas mensagens, a conversa com Bolsonaro durou menos de uma hora.
“Escutas usadas pelas operações especiais”
Já depois do encontro com Bolsonaro, Daniel Silveira envia mensagens ao senador dando mais detalhes do plano. “Como tivemos pouco tempo, não passei o que entendo como diretriz para que você adapte à sua maneira. Contudo, já tenho escutas usadas pelas operações especiais. Tenho veículo receptor que pode imediatamente reproduzir além da gravação e essa operação ficar restrita a um círculo de 5 pessoas. Três estavam sentadas hoje conversando juntos”, diz o ex-deputado, ainda tentando encorajar o senador. Ao mencionar as três pessoas que haviam conversado naquele dia, Silveira se referia, por óbvio, a ele próprio, a Marcos do Val e a Bolsonaro. “Vou fazer a minha análise de risco e na segunda-feira voltamos a falar”, responde o senador. “Claro, contudo, não há riscos. Uma vez que o objetivo for alcançado, estará resolvida a questão. Caso não extraia nada (da tentativa de gravação de Moraes), é descartado o conteúdo e ninguém saberá. Não sei se compreendeu a magnitude desta ação. Ele define, literalmente, o futuro de toda a nação”, prossegue Silveira, quase como um líder terrorista arregimentando um seguidor para lançar-se como homem-bomba.
“Respaldo de pessoas muito importantes”
Daniel Silveira faz um pedido adicional a Marcos do Val: “Insisto em dizer que é uma oportunidade ímpar e peço não comente com absolutamente ninguém. Mesmo com esposa e qualquer familiar ou conselheiro. Essa é uma ação que somente você e seu consciente devem analisar”. Sem apontar exatamente quem, o ex-deputado diz ainda que o senador, no plano, estaria respaldado por gente importante. “Você tem a palavra e o respaldo de pessoas muito importantes e relevantes que decidiram não participar da conversa para não exporem ou assustarem. No entanto, estão todos em uma esperança sem precedentes, pois somente com você o cenário da missão é possível, pois existe uma brecha aberta que não irá se abrir a ninguém”, emenda. A brecha aberta, no caso, era a possibilidade de Marcos do Val falar com Alexandre de Moraes e poder gravá-lo.
Alexandre sempre a par
Não se sabe exatamente quem estava traindo quem, mas, no mesmo dia, Marcos do Val segue firme na toada de manter Alexandre de Moraes informado de cada passo da tal operação aloprada. “Saí agora da reunião… Amanhã às 18:00 estarei retornando para o estado e volto para Brasília na próxima terça-feira”, escreve o senador, via WhatsApp, para Alexandre de Moraes. Ele envia também um print ao ministro onde se lê: “Se aceitar a missão, parafraseando o 01, salvamos o Brasil”. Como não houve resposta, no dia seguinte pela manhã, o senador reforça a mensagem para Alexandre: “Bom dia, ministro! Esqueci de dizer que essa mensagem acima é do Daniel Silveira, após o encontro com o presidente”.
Não se sabe exatamente quem estava traindo quem, mas, no mesmo dia, Marcos do Val segue firme na toada de manter Alexandre de Moraes informado de cada passo da tal operação aloprada. “Saí agora da reunião… Amanhã às 18:00 estarei retornando para o estado e volto para Brasília na próxima terça-feira”, escreve o senador, via WhatsApp, para Alexandre de Moraes. Ele envia também um print ao ministro onde se lê: “Se aceitar a missão, parafraseando o 01, salvamos o Brasil”. Como não houve resposta, no dia seguinte pela manhã, o senador reforça a mensagem para Alexandre: “Bom dia, ministro! Esqueci de dizer que essa mensagem acima é do Daniel Silveira, após o encontro com o presidente”.
Segredo de polichinelo
A despeito do pedido de Daniel Silveira para guardar segredo, Marcos do Val compartilha o plano com assessores e também num grupo de “amigas”. Ele se gaba do papel que teria na história, ora se colocando como uma peça que ajudaria o bolsonarismo, ora se vendendo, como boa dose de megalomania, como alguém que passaria a ter os dois lados da política nacional nas mãos. “A missão entrará para a história do Brasil/mundo”, escreve num grupo com assessores. Em outro grupo, intitulado “Amigas para a eternidade”, ele diz: “Acabei de sair da Granja do Torto (residência do presidente). Ele me chamou com urgência e me pediu uma ajuda em uma missão para o Lula não ser empossado”.
Mensagens trocadas com Bolsonaro
Em 9 de dezembro, Marcos do Val escreve para Bolsonaro: “Bom dia, presidente! Foi um grande prazer estar com você ontem. Dá para ver no seu olhar um desejo impressionante de ajudar o Brasil. Desta lista que você me enviou (refere-se a uma lista que Bolsonaro havia enviado com nomes de políticos que estariam sob risco de ficar inelegíveis em razão de ligações com os atos antidemocráticos), só o Magno Malta (também bolsonarista e também senador pelo Espírito Santo) que não consigo gostar. É uma pessoa que está sempre aproveito (sic) do sofrimento alheio para se sobressair. Enfim… Independente de qualquer situação, estarei ombreado com você. Durante os últimos 4 anos, não fiquei mais próximo porque eu sei que isso sufoca e não queria trazer mais trabalho”. Bolsonaro é curto na resposta: “Um abraço”.
Em 9 de dezembro, Marcos do Val escreve para Bolsonaro: “Bom dia, presidente! Foi um grande prazer estar com você ontem. Dá para ver no seu olhar um desejo impressionante de ajudar o Brasil. Desta lista que você me enviou (refere-se a uma lista que Bolsonaro havia enviado com nomes de políticos que estariam sob risco de ficar inelegíveis em razão de ligações com os atos antidemocráticos), só o Magno Malta (também bolsonarista e também senador pelo Espírito Santo) que não consigo gostar. É uma pessoa que está sempre aproveito (sic) do sofrimento alheio para se sobressair. Enfim… Independente de qualquer situação, estarei ombreado com você. Durante os últimos 4 anos, não fiquei mais próximo porque eu sei que isso sufoca e não queria trazer mais trabalho”. Bolsonaro é curto na resposta: “Um abraço”.
Missão envolvia afastar e prender Alexandre
Em mais um lance do complicado jogo duplo que estava fazendo, ainda em 9 de dezembro Marcos do Val escreve novamente para Alexandre de Moraes. Desta vez, ele diz ao ministro que o plano incluía não só afastá-lo das funções no STF, mas também prendê-lo. Desta vez, o senador procura tirar o peso do papel de Bolsonaro no plano. Joga a maior parte da responsabilidade em Daniel Silveira. Escreve o senador: “Boa noite, ministro! Desculpa incomodá-lo no seu horário de descanso. Acabei de pousar no meu estado, só retorno para Brasília na próxima terça-feira. Mas preciso adiantar uma parte do encontro que considero de alto grau de importância. Quem está fazendo toda movimentação com objetivo de levá-lo à perda da função de ministro e até ser preso, é o DS (Daniel Silveira). O PR (presidente da República) não está fazendo nenhum movimento neste sentido. O DS que está tentando convencê-lo, dizendo ao PR que eu conseguiria adquirir as peças fundamentais para que a missão fosse um sucesso. Para dar mais tempo de saber como proceder diante desse sensível assunto, falei que voltaríamos a conversar na próxima semana. Toda conversa foi na Granja e entrei junto com o DS sem precisar me identificar. Não sujaria o meu nome e a minha honra, compactuando com essa missão. Sou um democrata ferrenho e um admirador da sua coragem em prol do Brasil. Os detalhes de como seria essa missão posso te passar pessoalmente ou da forma que achar melhor”.
“Ação esdrúxula, imoral e até criminal”
Três dias depois, Marcos do Val volta a escrever para a Alexandre. Reitera que gostaria de vê-lo para falar do encontro com Bolsonaro e Daniel Silveira. Diz que os dois haviam lhe pedido “uma ação esdrúxula, imoral e até criminal”. O ministro se dispõe a recebê-lo. Diz que estava em Brasília e que, no fim de semana, iria para São Paulo. Marcos do Val então envia novos prints de conversas com Daniel Silveira e, em 13 de dezembro, confirma para o dia seguinte um encontro presencial com Alexandre no Salão Branco do STF.
Três dias depois, Marcos do Val volta a escrever para a Alexandre. Reitera que gostaria de vê-lo para falar do encontro com Bolsonaro e Daniel Silveira. Diz que os dois haviam lhe pedido “uma ação esdrúxula, imoral e até criminal”. O ministro se dispõe a recebê-lo. Diz que estava em Brasília e que, no fim de semana, iria para São Paulo. Marcos do Val então envia novos prints de conversas com Daniel Silveira e, em 13 de dezembro, confirma para o dia seguinte um encontro presencial com Alexandre no Salão Branco do STF.
“Tive que reportar para a inteligência americana”
No mesmo dia 13, logo cedo, Daniel Silveira chama Marcos do Val. Por mensagem, avisa que estava a caminho de Brasília e que gostaria de encontrá-lo para “fechar aquela conversa”. Era para, supostamente, acertar a execução do plano de gravar Moraes. Do Val demora na resposta. Quando finalmente responde, o dia já estava no fim. É quando o senador dá uma resposta que a PF, na análise do relatório, considerou “estranha”: “Devido a outra função que exerço, tive que reportar para a inteligência americana” (leia mais aqui). Um dia depois, em uma curta mensagem, Marcos do Val diz a Daniel Silveira que não toparia a empreitada. “Irmão, vou declinar da missão.” Silveira responde: “Entendo… obrigado”.
“Coisa de maluco”
Nos dias próximos à publicação da entrevista em que denunciou na revista Veja a suposta trama golpista (depois, voltou atrás e tentou desdizer a denúncia), Marcos do Val se gaba do que havia contado aos repórteres. No tal grupo de amigas, ele escreve: “Sexta-feira vai explodir uma bomba no Brasil”. Dizendo acreditar que suas “revelações” poderiam resultar na prisão de Bolsonaro e de Daniel Silveira, ele escreve ainda: “A matéria vai sair como um senador que evitou um golpe de estado”. E mais, indicando o que poderia ser sua intenção com o jogo duplo: “Estou com a bomba na mão para destruir Bolsonaro e outra para destruir o Lula”. Ao mesmo tempo, o senador procura tanto Alexandre Moraes quanto Jair Bolsonaro para dar explicações – a cada um conta uma história diferente, diga-se. Para Alexandre, em 30 de janeiro deste ano, disse que a revista tinha tido acesso às mensagens trocadas com Daniel Silveira e o havia procurado para falar do assunto. “A respeito daquele assunto do Daniel e Bolsonaro pedirem para ajudá-los no golpe de estado (…) a Veja teve acesso às conversas do Daniel e contextualizei para eles a minha ida até vossa excelência, para relatar os fatos.” Para Bolsonaro, ele relata ter sido procurado pelos jornalistas para falar do encontro que tivera em dezembro com Daniel Silveira e com o então presidente e procura justificar o fato de ter levado o assunto a Alexandre. Também compartilha prints, mas, espertamente, só aqueles nos quais tirava o peso do papel de Bolsonaro no plano golpista. E atribui o vazamento da história a Flávio Dino, ministro da Justiça de Lula. A resposta de Bolsonaro, curta, é curiosa e sintetiza a trama em seus diferentes aspectos, qualquer que tenha sido a intenção dos envolvidos. “Coisa de maluco”, limita-se a dizer o já ex-presidente.
O relatório da Polícia Federal que analisa as mensagens termina levantando uma hipótese bastante plausível para o jogo duplo do senador nesta que, ainda que grave, é uma das histórias mais rocambolescas da história recente da República. O documento registra que Marcos do Val, com sua atuação de “caráter ambíguo”, “parecia valer-se de prints de conversas com as mais altas autoridades da República para, colocando-as umas contra as outras, angariar prestígio pessoal e político”.
Nos dias próximos à publicação da entrevista em que denunciou na revista Veja a suposta trama golpista (depois, voltou atrás e tentou desdizer a denúncia), Marcos do Val se gaba do que havia contado aos repórteres. No tal grupo de amigas, ele escreve: “Sexta-feira vai explodir uma bomba no Brasil”. Dizendo acreditar que suas “revelações” poderiam resultar na prisão de Bolsonaro e de Daniel Silveira, ele escreve ainda: “A matéria vai sair como um senador que evitou um golpe de estado”. E mais, indicando o que poderia ser sua intenção com o jogo duplo: “Estou com a bomba na mão para destruir Bolsonaro e outra para destruir o Lula”. Ao mesmo tempo, o senador procura tanto Alexandre Moraes quanto Jair Bolsonaro para dar explicações – a cada um conta uma história diferente, diga-se. Para Alexandre, em 30 de janeiro deste ano, disse que a revista tinha tido acesso às mensagens trocadas com Daniel Silveira e o havia procurado para falar do assunto. “A respeito daquele assunto do Daniel e Bolsonaro pedirem para ajudá-los no golpe de estado (…) a Veja teve acesso às conversas do Daniel e contextualizei para eles a minha ida até vossa excelência, para relatar os fatos.” Para Bolsonaro, ele relata ter sido procurado pelos jornalistas para falar do encontro que tivera em dezembro com Daniel Silveira e com o então presidente e procura justificar o fato de ter levado o assunto a Alexandre. Também compartilha prints, mas, espertamente, só aqueles nos quais tirava o peso do papel de Bolsonaro no plano golpista. E atribui o vazamento da história a Flávio Dino, ministro da Justiça de Lula. A resposta de Bolsonaro, curta, é curiosa e sintetiza a trama em seus diferentes aspectos, qualquer que tenha sido a intenção dos envolvidos. “Coisa de maluco”, limita-se a dizer o já ex-presidente.
O relatório da Polícia Federal que analisa as mensagens termina levantando uma hipótese bastante plausível para o jogo duplo do senador nesta que, ainda que grave, é uma das histórias mais rocambolescas da história recente da República. O documento registra que Marcos do Val, com sua atuação de “caráter ambíguo”, “parecia valer-se de prints de conversas com as mais altas autoridades da República para, colocando-as umas contra as outras, angariar prestígio pessoal e político”.
Por Metrópoles
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