quarta-feira, julho 05, 2023

Elétricos e luxuosos: como são os carros da BYD, montadora chinesa que terá fábrica na Bahia

ECarro da BYD exibido em vento no Farol da Barra, em Salvador, nesta terça (4) — Foto: Itana Alencar/g1 BA

Fundada em 1995 pelo químico Wang Chuanfu, que em 2009 foi considerado o homem mais rico da China, segundo a revista "Hurun", a Build Your Dreams (BYD) é hoje a maior produtora de carros elétricos do mundo.

No Brasil desde 2015, quando desembarcou em Campinas, no interior de São Paulo, a BYD está, agora, prestes a se instalar também em Camaçari, na Bahia, cidade que foi importante polo produtor da Ford.

Início na China

A empresa começou focada em produzir baterias de íons-lítio para a Motorola e a Nokia, na cidade de Shenzhen. Foi no mercado de baterias que a empresa se consolidou antes da investida no setor automobilístico.

A virada de ramo aconteceu em 2003, quando a BYD adquiriu uma fábrica em Xi’An, cidade ao norte da China. Na época, quando pensar em carros híbridos e elétricos ainda era uma realidade distante, a BYD comprou a montadora Tsinchuan Automobile Company e investiu na ideia.

Hoje, a BYD está presente em 70 países e seu portifólio também inclui a produção de módulos fotovoltaicos (usados para a geração de energia solar) e máscaras descartáveis.


Como são os carros

Interior do BYD Dolphin, carro elétrico de entrada da montadora chinesa. — Foto: Divulgação / BYD

No Brasil, a BYD já comercializa cinco modelos:

Dolphin (recém-lançado), a partir de R$149.800;
Yuan Plus EV (um modelo SUV), a partir de R$ 269.990;
Song Plus OM-i (híbrido), a partir de R$ 269.990;
Han EV 9 (o sedan campeão de vendas da empresa), a partir de R$ 539.990;
Tan EV (um SUV 7 lugares), a partir de R$ 529.890

Além de serem voltados para consumidores de poder aquisitivo elevado (o mais barato sai por quase R$ 150 mil), os veículos da montadora chinesa prometem sofisticação e inovação. O Dolphin, por exemplo, vem com internet, controle por voz, videogame e até karaokê de fábrica. Em entrevista ao jornal "O Globo", Stella Li, vice-presidente global da empresa, afirmou que a proposta é trazer ao Brasil carros elétricos "com uma sensação premium de inovação".

Veículos elétricos

Carros elétricos não são novidade — o Columbia, um dos primeiros a existir, por exemplo, é de 1902. Mas "floparam" com o surgimento dos primeiros veículos a combustão, mais baratos e que eram produzidos em menos tempo, como explicou reportagem do Fantástico.

Mas os elétricos voltaram a tomar força nas últimas décadas, impulsionados por leis ambientais mais rígidas e pela necessidade de investir em energia limpa — o que a BYD diz ser sua principal bandeira. No Brasil, ainda que estejam longe de ser uma unanimidade, elétricos já podem ser vistos com mais frequência.

Hoje, a maioria dos carros a eletricidade é do modelo híbrido. Rodam com dois motores, um a bateria e outro à combustão. Em junho de 2022, como mostrou reportagem do Jornal Nacional, eles eram vendidos, em média, por um preço 30% mais caro em relação aos carros convencionais. Já os 100% elétricos, que também circulam no Brasil, custavam três ou quatro vezes mais que os convencionais, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico.

Segundo o Auto Esporte, o emplacamento de carros elétricos cresceu no ano passado quando comparado a 2021. Foram 8.458 unidades emplacadas, contra 2.851 no ano anterior. Em 2022, os carros elétricos mais vendidos no Brasil, de acordo com o Auto Esporte, foram:

Volvo XC40 Recharge,
Caoa Chery iCar,
JAC E-JS1,
Renault Kwid E-Tech,
Volvo C40 Recharge.

O elétrico mais barato vendido no Brasil é JAC E-JS1 — custa R$ 139.900 e foi desenvolvido em parceria com a Volkswagen na China. Segundo a Jac Motors, o v

eículo possui baterias de fosfato de ferro-lítio, que oferecem capacidade máxima de 30,2 kWh.

Carro JAC E-JS1, o elétrico mais barato do Brasil — Foto: Reprodução

Investimento no Brasil

No Brasil, a BYD chegou em 2015, quando inaugurou em Campinas, no interior de São Paulo, sua primeira fábrica de montagem de ônibus 100% elétricos.

Dois anos depois, ainda em Campinas, a BYD abriu uma segunda fábrica, dessa vez para a produção de módulos fotovoltaicos. Em 2020, a chinesa abriu sua terceira fábrica no Brasil, dessa vez em no Polo Industrial de Manaus e voltada para a produção de baterias de fosfato de ferro-lítio.

Fábrica de Camaçari

Agora, as investidas da BYD no Brasil estão voltadas para Camaçari, maior Polo Industrial da Bahia, onde ficava uma fábrica da Ford, que encerrou sua produção no Brasil em janeiro 2021. Além da cidade baiana, a montadora mantinha fábricas para carros em Taubaté (SP) e em Horizonte (CE), para jipes da marca Troller.

Na época, ao lamentar a saída da Ford do Brasil, Rui Costa, então governador da Bahia, disse ter procurado a Embaixada da China para sondar investidores para assumir negócio no estado. Costa, que hoje é ministro da Casa Civil do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse na época que havia entrado em contato com a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), assim que foi informado do fechamento das unidades, para avaliar possibilidades alternativas ao fechamento.

A possibilidade de a BYD se instalar em Camaçari voltou a ser pauta no início do ano, quando Lula e Jerônimo Rodrigues, atual governador da Bahia, se reuniram na China para discutir a implantação de uma fábrica de veículos elétricos no estado.

A confirmação veio nesta terça-feira (4), quando Jerônimo anunciou a implantação de três fábricas da BYD em Camaçari.

Segundo o governo, a empresa investirá R$ 3 bilhões para instalar as três fábricas e a produção deve começar no segundo semestre de 2024. Em Camaçari, a montadora produzirá chassis de ônibus, caminhões elétricos, processamento de lítio e ferro fosfato, além de veículos de passeio elétricos e híbridos.

A expectativa é que a produção nacional desses automóveis permita preços mais competitivos. Os modelos que serão produzidos na Bahia foram expostos no Farol da Barra, na terça-feira. São eles:

um utilitário, modelo eT3;
outros seis carros: Dolphin, Han, D1, Song, Yuan e o Tan.

Ainda não está definido se a BYD vai assumir o espaço que a Ford usava em Camaçari, porque isso depende de um acordo entre as duas empresas e porque parte da planta da montadora americana ainda é usada para a produção de peças por terceirizados. Além da Ford, a BYD tem tratativas com a prefeitura de Camaçari e com o próprio governo do estado para essa definição.



Carro da BYD que será produzido no Brasil é exposto em evento no Farol da Barra, em 4 de julho de 2023 — Foto: Itana Alencar/g1 BA

Por g1 — São Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são publicados somente depois de avaliados por moderador. Aguarde publicação. Agradecemos a sua opinião.