quinta-feira, maio 11, 2023

PRF nas eleições: depoimento de Torres contradiz declarações de subordinados do ex-ministro; entenda


O ex-ministro da Justiça Anderson Torres afirmou em depoimento não ter determinado que a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) atuassem juntas durante o segundo turno das eleições de 2022. A declaração, contudo, difere das prestadas na investigação por dois de seus principais subordinados na pasta: o delegado Alfredo de Souza Lima Coelho Carrijo, ex-secretário do Operações Integradas (Seopi), e a delegada Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de Inteligência da Seopi. Os dois afirmaram haver ordem expressa para que as duas corporações realizassem operações naquela ocasião.

Agora, a contradição é tida como determinante por investigadores do inquérito aberto para esclarecer como foi planejada e executada a ação que supostamente dificultou a movimentação de eleitores no dia do segundo turno, especialmente no Nordeste, onde Lula tinha larga vantagem sobre Bolsonaro, segundo as pesquisas eleitorais.
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“QUE o declarante não solicitou que a PF trabalhasse de forma conjunta com a PRF, mas sim que, visando aumentar a capilaridade da atuação das forças federais, o declarante e o DPF MARCIO sugeriram que nas cidades nas quais a PF não conseguisse atender, fosse solicitado que a PRF o fizesse; QUE não houve uma resposta se tal sugestão seria acatada; QUE ressalta que não houve determinação para que uma instituição exercesse a atribuição da outra”, destacou Anderson Torres em um trecho de seu depoimento, ao qual O GLOBO teve acesso.


Também em depoimento, Carrijo contrariou a versão apresentada pelo ex-chefe: “QUE afirma que houve determinação do ex-MJSP ANDERSON TORRES para que ocorresse uma atuação conjunta da PF e PRF no segundo turno das eleições, o que, porém, não ocorreu”.



Já a delegada Marília Alencar endossou a declaração de Carrijo: “QUE houve uma reunião (…) em que o MJSP sugeriu uma atuação conjunta da PF com a PRF nas eleições, sendo que a atuação não chegou a ocorrer, pois os próprios dirigentes das instituições sabiam que não era viável”.

Em nenhum dos três depoimentos a suposta determinação para a realização de operações conjuntas é detalhada.

Planilha eleitoral

Outro ponto que não foi detalhados nos depoimentos diz respeito ao objetivo da elaboração de planilhas com os resultados das eleições no primeiro turno. O documento foi confeccionado por Marília Alencar para, segundo ela, mapear indícios de crimes eleitorais, como compra de votos.


Por suposta omissão em outro episódio, o de invasão e depredação dos prédios públicos da Praça dos Três Poderes, quando ocupava o cargo de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres permanece preso. Ele ocupa, desde 14 de janeiro, uma cela de cerca de 30 metros quadrados no Batalhão de Aviação Operacional da Polícia Militar, no Guará, em Brasília.

O Globo

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