quarta-feira, abril 05, 2023

Preparação de Bolsonaro para depoimento sobre joias sauditas teve dia de treinamento com advogados

Bolsonaro e as joias que o ex-presidente confirmou ter ficado Montagem com fotos da AFP e de reprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro passou a última terça-feira (4) reunido com um time de advogados a portas fechadas no escritório do PL, em Brasília, para se preparar para o depoimento que vai prestar hoje à Polícia Federal para tratar do caso das milionárias joias sauditas.

Segundo relatos obtidos pela equipe da coluna, o treinamento de Bolsonaro durou a manhã e a tarde com um time de cinco advogados, capitaneado por Paulo Amador. O ex-presidente não saiu do escritório, localizado no centro da capital federal, nem para almoçar.

O ex-secretário de Comunicação do Planalto e atual assessor de imprensa do ex- presidente, Fabio Wajngarten, também esteve no PL ao longo do dia.

Conforme informou a coluna, a Polícia Federal pretende concentrar o depoimento em duas perguntas principais: se foi Bolsonaro quem deu a ordem para que funcionários ligados à Presidência da República tentassem desembaraçar as joias sauditas trazidas escondidas ao Brasil, na alfândega de Guarulhos; e que destino ele pretendia dar às peças.

É a primeira vez que o advogado Paulo Amador trabalha na defesa de Bolsonaro, que enfrenta ainda 16 ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e vários outros inquéritos e procedimentos no Supremo e na Justiça Comum.

Até o início do escândalo das joias, Amador era desconhecido até mesmo da equipe jurídica do PL, que já toca dezenas de outros casos relacionados ao ex-presidente da República.

Assim que o escândalo veio à tona, o PL chegou a sondar o advogado criminalista Marcelo Bessa para traçar uma estratégia de defesa.

Depois, o advogado Frederico Wassef soltou uma nota pública em defesa do ex-presidente, se colocando como titular e defendendo a posição de que as joias era um “item personalíssimo” – uma tese desmontada em menos de 24 horas, assim que a coluna revelou que o Tribunal de Contas da União (TCU) já decidiu que essas peças não podem ser enquadradas nessa definição.

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Pelo entendimento do TCU, os itens personalíssimos são bens de caráter pessoal como medalhas concedidas por outros governos, e aqueles de uso pessoal, como gravatas, camisetas e bonés. Ou seja, nada próximo do valor das joias de R$ 16,5 milhões.

Em meio ao impasse, o PL acabou optando por Amador, nome desconhecido do círculo jurídico de Brasília. Ele é filho de Amador da Cunha Bueno, ex-desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, já falecido.

Procurado pela equipe da coluna, Paulo Amador não se manifestou.

Por Rafael Moraes Moura — Brasília

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