O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou nesta quinta-feira que orientou aos líderes do governo na Câmara, deputado José Guimarães, do Senado, senador Jaques Wagner, e Congresso, senador Randolfe Rodrigues, a apoiarem a instalação da CPMI dos ataques de 8 de janeiro casa haja a leitura da instalação na próxima sessão do Congresso.
Padilha afirmou que chamou os líderes do governo para uma reunião com o objetivo de analisar a "nova situação política" criada a partir da divulgação das imagens internas do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro.
O ministro afirmou afirmou ainda que os líderes dos partidos da base do governo já foram orientados a apoiar a instalação da CPMI caso haja a leitura do requerimento e a indicar membros para a comissão.
–Na nossa opinião o vazamento das imagens cria uma nova situação política e por conta disso, orientamos os líderes da Câmara, Senado e Congresso, no diálogo com os líderes dos partidos que compõe a base tanto da Câmara quanto do Senado, a afirmar claramente desde ontem, que caso a sessão do Congresso na próxima semana tenha a leitura da instalação da CPMI do 8 de janeiro nós apoiaremos a instalação – afirmou, completando: – Vamos orientar líderes dos partidos da base a indicar membros para essa CPMI
Padilha chamou de "terraplanismo" a tentativa de responsabilizar o governo federal, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal pelos ataques e que o governo vai fazer um "enfrentamento político dessa narrativa" na CPMI. Padilha avaliou ainda que a abertura da Comissão não atrapalha o calendário de votação do governo no Congresso.
Defesa a GDias
O ministro Alexandre Padilha ainda saiu em defesa do ex-ministro do GSI, Gonçalves Dias, e afirmou que "nenhuma imagem vazada com edição" é suficiente para "destruir a biografia de uma pessoa". GDias, como o ministro é conhecido, pediu demissão do cargo após a divulgação das imagens.
– Ele tem uma biografia, uma história, acho que qualquer edição, vídeo vazado com edição não é suficiente para destruir a biografia de uma pessoa, mas tem que ser apurado. Não só GDias, mas todos aqueles que estavam naquele vídeo. Inclusive, me estranha muito alguns agentes militares estarem com a imagem borrada no seu rosto para não ser reconhecido e o ex-ministro não ter o mesmo tratamento nesse vazamento que foi feito.
O GSI é responsável pela segurança dos palácios presidenciais. Na gravação, GDias e outros militares do GSI aparecem circulando ao lado dos invasores sem apresentar nenhum tipo de resistência.
Ainda de acordo com o ministro das Relações Institucionais, o presidente Lula tem "interesse" em saber o "papel" e a "responsabilidade" de todas as pessoas que aparecem nas imagens. Ele reforçou que o governo quer a "apuração detalhada" de todos os fatos da gravação.
–Se tem alguém que tem interesse em saber qual é o papel, o que foi feito, qual é a responsabilidade de todas aquelas pessoas que aparecem nas imagens, todos os agentes militares e civis que aparecem nas imagens, é o presidente Lula, é a Polícia Federal, é o judiciário. E nós vamos continuar apoiando o papel dessas instituições na apuração – afirmou Padilha, completando:
– O governo quer apuração, quer apuração detalhada, de todos os fatos que estão relacionados àquelas imagens, desde quem são os agentes, por que se borra uns e não outros. A Polícia Federal e o judiciário vão fazer o processo de apuração necessário, o governo quer saber, e a Polícia Federal vai descobrir, se teve alguém que omitiu imagens, que não mostrou imagens para autoridades quando solicitados. Então o governo quer saber, essa é a postura do governo, do presidente Lula
Nesta quinta-feira, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal (PF) realize o depoimento em até 48 horas do GDias e ordenou que a PF informe se analisou todas as câmeras de segurança que captaram os atos golpistas do dia 8 de janeiro.
Padilha afirmou que a decisão de Moraes está "corretíssima" e que é preciso ouvir o ex-ministro e todos os agentes envolvidos.
– Acho que está corretíssima, está na linha do que a Polícia Federal já anunciou ontem, de que iria pegar aquelas imagens e buscar ouvir, interrogar todos os agentes envolvidos naquelas imagens. E está corretíssimo. O ministro Alexandre de Moraes, como responsável pela condução no judiciário do processo está corretíssimo ao querer ouvir não somente o ministro GDias, mas certamente outros agentes que estão ali envolvidos. As instituições estão funcionando. Nós estancamos um golpe que queria destruir as instituições democráticas no dia 8 de janeiro.
GDias é o primeiro ministro a sair do governo neste terceiro mandato de Lula. Com a demissão, mudou o clima na base do governo, e aliados passaram a apoiar CPMI dos atos antidemocráticos.
Como o GLOBO mostrou, a demissão de GDias, como o ex-ministro é conhecido, deu força a um movimento no governo para extinção do órgão, tradicionalmente comandado por militares. A pasta, que já havia sido esvaziada no início do ano, deverá ser reestruturada a partir de agora e pode perder o status de ministério.
A ideia defendida por integrantes do governo é retirar a maior quantidade possível de militares atualmente lotada no GSI e transformar em uma secretaria. Abaixo dessa nova estrutura, ficariam a Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata do Presidente da República — responsável pela proteção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice, Geraldo Alckmin, e seus familiares —, além da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que foi deslocada para a Casa Civil.
Por Alice Cravo — Brasília
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