O ex-secretário da Receita Federal Júlio César Vieira Gomes afirmou em depoimento à Polícia Federal que ficou sabendo sobre a existência das joias sauditas em uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro em dezembro de 2022.
As joias, dadas de presente pelo governo da Arábia Saudita, são avaliadas em R$ 16,5 milhões. Os itens foram apreendidos no aeroporto de Guarulhos quando uma comitiva do Ministério de Minas e Energia tentou entrar com as joias no país dentro de uma mochila, sem fazer a declaração que a lei determina.
Na ocasião, em outubro de 2021, o então ministro Bento Albuquerque argumentou com os servidores da Receita do aeroporto que as joias eram um presidente para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
As joias ficaram apreendidas, e o governo Bolsonaro tentou diversas vezes reaver os itens, mas sem sucesso.
A TV Globo teve acesso aos cerca de dez depoimentos feitos de forma remota à Polícia Federal em São Paulo, incluindo o do ex-presidente.
Julio Cesar Vieira afirmou que, ao fim de uma reunião em dezembro de 2022, Bolsonaro lhe perguntou se sabia de alguma apreensão da Receita decorrente de uma viagem oficial. Vieira disse que não sabia e que iria se informar.
Posteriormente, um servidor do órgão enviou a Vieira as fotos dos itens. As informações, segundo o ex-chefe da Receita, foram passadas para Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro.
Telefonema de Bolsonaro
Viera relatou à PF também que, aproximadamente no dia 27 de dezembro do ano passado, Bolsonaro lhe ligou para parabenizar pelo trabalho na Receita e perguntou sobre as joias. Vieira afirmou que já havia passado as informações para Mauro Cid.
No mesmo dia, segundo Vieira, Cid quis saber como fazer para incorporar os itens ao patrimônio da União. O ex-chefe da Receita relatou à PF que não cabia ao órgão assinar o documento para a destinação dos itens.
Depoimento de Bolsonaro
Também em depoimento à Polícia Federal, Bolsonaro disse que conversou pessoalmente com o ex-chefe da Receita Federal Júlio César Vieira Gomes sobre as joias enviadas pela Arábia Saudita.
"O declarante [Bolsonaro] solicitou ao ajudante de ordens, coronel Cid, que obtivesse informações a cerca de tais fatos; que o ajudante de ordens oficiou a Receita Federal para obter informações; que neste interim o declarante estabeleceu contato com o então chefe da Receita Federal, Júlio, cujo sobrenome não se recorda, e salvo engano, determinou que estabelecesse contato direto com o ajudante de ordem; que as conversas foram pessoalmente, pelo o que se recorda", diz um dos trechos registrados pela PF.
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