Secretário de Agricultura e Piscicultura de Jatobá afirma que prefeitura está articulando com o governo federal “a implantação da Rota da Tilápia para os turistas conhecerem as fazendas e a forma de produção, como também degustarem os diversos pratos nos restaurantes e balneários locais" (Foto: Divulgação/Prefeitura de Jatobá)
Ramo promissor do agronegócio e da agricultura familiar - a piscicultura transformou a face da cidade, que passou a ser reconhecida como Capital da Tilápia. O arranjo produtivo local impede a migração de jovens para centros urbanos, gera renda e mais de 400 empregos, além de proporcionar uma das mais belas imagens do turismo sertanejo, com peixes borbulhando em fartura nos tanques-rede nas águas doces do Velho Chico, especialmente no Lago Moxotó. A tilápia de Jatobá é da espécie nilótica, com origem no lendário rio, que é considerado sagrado. O Nilo corta o Deserto do Saara - o mesmo que ganhou fama desde o Antigo Egito. O Velho Chico corta o Nordeste, banha o Sertão.
Em dados levantados pela Prefeitura Municipal de Jatobá no ano passado, houve uma produção de 1.353 toneladas por mês de tilápia. Em 2022, quando a cidade completou 20 anos de produção, o faturamento anual ultrapassou os R$ 130 milhões, com 16.236 toneladas de peixe. Só para se ter uma ideia, um caminhão pesado, com eixo duplo, pode carregar 23 toneladas.
Na Capital da Tilápia, existem atualmente 17 associações, 14 empresas e 18 produtores individuais de peixe. O produto é vendido especialmente aos estados da Bahia, de Sergipe, de Alagoas, da Paraíba e do Ceará. A tilápia de Jatobá cresce em aproximadamente sete meses e os peixes atingem entre 1kg e 1,5kg para comercialização, sendo vendidos nos restaurantes e bares como principal culinária local, um peixe que pode derivar em mais de 17 produtos com seu aproveitamento integral. A buchada de tilápia, por sinal, é uma das principais iguarias, além da isca e do filé grelhado.
Segundo o secretário de Agricultura e Piscicultura, Kleyton Lima, a prefeitura está articulando com o governo federal “a implantação da Rota da Tilápia para os turistas conhecerem as fazendas e a forma de produção, como também degustarem os diversos pratos nos restaurantes e balneários locais".
Kleyton Lima destacou que o município aprovou o Selo de Inspeção Municipal para os produtores participarem do mercado institucional e varejista, seja vendendo a supermercados, seja concorrendo à licitação para a merenda escolar Municipal e Estadual. “O início da atividade de piscicultura no município de Jatobá se deu, em 2002, para diminuir o êxodo rural que havia na região, onde os jovens que não tinham oportunidades de trabalho migravam para os grandes centros urbanos, deixando suas famílias e amigos. Enfrentamos dificuldades por causa da pandemia, dos preços baixos e do aumento dos custos de produção. Um dos nossos maiores desafios, em 2023, é regularizar as pisciculturas e qualificar o piscicultor, porque 30% ainda precisa compreender melhor o custo de produção”, frisou.
O diagnóstico produzido pela prefeitura no ano passado também mostrou que, no Lago do Moxotó, a partir da jusante da Usina Hidroelétrica Luiz Gonzaga, são encontradas várias áreas aquícolas ainda sem produção, o que retrata o potencial de crescimento da venda do peixe pelo município. A cidade se destaca ainda pela presença de grupos de mulheres em associações, totalizando 57 pessoas do sexo feminino.
"Jatobá recebeu o título de Capital da Tilápia por ser o maior produtor em Pernambuco e no Nordeste e o segundo do Brasil. A modernização se deu na utilização de novos materiais, como tanques-rede com melhor estrutura, equipamentos de seleção de peixe, vacinação dos alevinos e dos juvenis e a oferta de rações de alta qualidade”, disse o secretário. “O nosso produto tem um diferencial no sabor devido à qualidade das águas do Rio São Francisco sendo destacado o padrão no tamanho e a qualidade do pescado fresco ofertado ao consumidor final”, acrescentou Kleyton Lima.
APOIO DA DIOCESE
Rodrigo dos Santos, 32 anos, é um dos piscicultores que trabalha com a família (mais cinco pessoas além dele). Ele começou a trabalhar como agricultor aos 14 anos e se tornou piscicultor aos 17, ainda na adolescência, com apoio da Diocese local. Foi um dos jovens que não se mudou para a zona urbana por causa da tilápia. Atualmente, Rodrigo e a família produzem 6 toneladas de peixes por mês e comemoram o fato de terem enfrentando o pior momento da pandemia.
Quase todos os dias, Rodrigo mergulha nas águas do Rio São Francisco, seja para cuidar das plataformas onde os tanques são colocados, seja para dar comidas aos animais. “Tudo que eu conquistei foi no lugar onde eu nasci, com a piscicultura. Não precisamos nos distanciar dos nossos pais para conseguir algo lá fora”, destacou.
Questionado se era verdade que tomar banho no rio melhorava a saúde, ele sorriu. “Acho que é verdade. Eu mergulho a qualquer momento para cuidar dos peixes e o Padre Antônio, que toma banho duas vezes por dia no rio, está cheio de saúde”, disse, orgulhoso. O padre é um grande incentivador da criação de tilápias entre os trabalhadores locais.
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Folha PE
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