quarta-feira, março 08, 2023

Corregedor da Receita pede exoneração após denúncia de que foi pressionado para não apurar violação a inimigos de Bolsonaro

Dados sobre o faturamento do empreendedor terão de ser compartilhados com a Receita Federal Marcelo Camargo/Infoglobo

O corregedor da Receita Federal, João José Tafner, pediu exoneração do cargo nesta terça-feira. O pedido foi encaminhado por e-mail ao secretário Especial da Receita, Robson Barreinhas, que acolheu o pleito e recomendou ao corregedor formalizá-lo. A exoneração, confirmada pelo Ministério da Fazenda, deve ser publicada no Diário Oficial da União na quinta-feira.

O mandato do corregedor só terminaria em fevereiro de 2025. Ele deixará o cargo uma semana após a "Folha de S.Paulo" publicar que ele teria sofrido pressão do então secretário da Receita Julio Cesar Vieira Gomes, e do então subsecretário-geral, José de Assis Ferraz Neto, para não apurar as denúncias de que um auditor do Fisco acessou e coletou informações sigilosas de desafetos do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Um processo administrativo apura se Ricardo Pereira Feitosa, ex-chefe da área de inteligência da Receita, vasculhou e copiou informações relativas a inimigos do Bolsonaro em meados de 2019, primeiro ano do governo dele. No procedimento interno em questão, Tafner sugere que Feitosa seja demitido. A decisão final cabe ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que já sinalizou que vai aceitar a recomendação.

Entre os contribuintes que tiveram seus dados violados está Eduardo Gussem, ex-procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro. Ele foi responsável pelas investigações ao filho do presidente, Flávio Bolsonaro, por suspeita de "rachadinha" (desvio de verba de funcionários) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) quando ele era deputado estadual. As quebras de sigilo atingiram ainda o empresário Paulo Marinho, um ex-aliado de Bolsonaro, e Gustavo Bebianno, ex-ministro do governo passado.

Em nota divulgada na semana passada, a Receita afirma que, em 3 de janeiro, recebeu "relato de fatos e eventos que podem, em tese, configurar ilícito a ser devidamente apurado". Segundo o órgão, o caso foi registrado em ata, que foi enviada à Corregedoria do Ministério da Fazenda. O GLOBO procurou Tafner nesta terça-feira, mas não conseguiu localizá—lo.

Por: O Globo

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