quinta-feira, março 09, 2023

Corregedor da Receita é exonerado após dizer que foi pressionado para não apurar quebra de sigilos fiscais de desafetos da família Bolsonaro

Eduardo Bolsonaro (esq.), deputado federal filho de Bolsonaro, e João José Tafner, corregedor da Receita Federal exonerado, em imagem de setembro de 2018 em Jaguariúna (SP) — Foto: Reprodução/Instagram

O corregedor da Receita Federal, João José Tafner, foi exonerado nesta quinta-feira (9) após pedir para deixar o cargo. Tafner afirmou ter sofrido pressão para poupar um funcionário da Receita Federal que era suspeito de, em meados de 2019, quebrar irregularmente os sigilos fiscais de desafetos da família Bolsonaro.

A pressão, segundo Tafner, veio de dois ex-funcionários da Receita que ocupavam cargos da cúpula do órgão durante a gestão do ex-presidente.

Tafner é aliado da família Bolsonaro e foi alçado ao cargo graças a Flávio Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Flávio é, justamente, um dos interessados nas quebras de sigilo irregulares, já que um dos alvos foi Eduardo Gussem, ex-procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro. Gussem foi responsável pelas investigações contra o filho do presidente por suspeita de rachadinha (desvio de verba de funcionários) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

As quebras de sigilo, que também foram reveladas pela "Folha de S.Paulo", foram realizadas em 2019 pelo então chefe de inteligência da Receita, Ricardo Feitosa. As quebras atingiram, além de Gussem, o empresário Paulo Marinho, um ex-aliado de Bolsonaro, e Gustavo Bebianno, ex-ministro do governo do ex-presidente.

Investigação interna

A conduta de Feitosa foi alvo de uma investigação interna da Receita. Nela, Tafner sugeriu que Feitosa seja demitido. A decisão final cabe ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que deve aceitar a recomendação.

Em nota divulgada nesta quarta, a Receita afirma que, em 3 de janeiro, recebeu "relato de fatos e eventos que podem, em tese, configurar ilícito a ser devidamente apurado".

Por Matheus Moreira, g1

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