Raquel Lyra (PSDB) recebeu do governador Paulo Câmara (PSB) o cargo de governadora de Pernambuco, neste domingo (1º), numa cerimônia de transmissão do cargo (veja vídeo acima). A solenidade aconteceu no Palácio do Campo das Princesas, no Centro do Recife, sede do governo estadual, logo depois da posse da nova gestora na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).
A vice-governadora Priscila Krause também recebeu o cargo na cerimônia. Ela e Raquel Lyra foram empossadas pelos deputados estaduais na Alepe e, sob uma chuva fina que caiu na tarde deste domingo, caminharam por um corredor de bandeiras e homenagens pela Rua Princesa Isabel e pela Ponte Santa Isabel até o Palácio do Campo das Princesas.
Paulo Câmara foi vaiado por diversas pessoas que esperavam o discurso de Raquel Lyra em frente ao Palácio. Seguindo o rito, ela e a vice mostraram o livro de posse aos presentes e, em seguida, a governadora discursou pela segunda vez como governadora. A primeira foi na Alepe (veja mais abaixo íntegra do discurso).
Raquel Lyra e Priscila Krause mostram livro de posse dos cargos de governadora de Pernambuco e vice — Foto: Pedro Alves/g1
Ela começou se dirigindo às mulheres de Pernambuco, e se emocionou ao homenagear o marido, Fernando Lucena, que morreu no dia 2 de outubro, primeiro turno da eleição, após sofrer um infarto. Também falou dos filhos, João e Fernando, que estiveram com ela durante todo o dia em que foi empossada.
“Quem se dirige a vocês no dia de hoje é a nova governadora de Pernambuco. Mas, antes de tudo, é também a mãe de Nando e João, amores da minha, que me deram força pra chegar até aqui. Vocês, meus filhos, tenham a certeza, de que tudo que farei aqui será sempre para que, no final de cada dia, vocês tenham orgulho da mãe que têm. Se cheguei aqui hoje é porque tive, ao longo de muitos anos, um parceiro de fé inabalável, que sonhou meus sonhos comigo, lutou minhas luta comigo e, dessa maneira, fez com que todo sonho e toda luta não fossem apenas meus, mas fossem nossos. Deu certo. Nêgo, você estará sempre aqui comigo”, disse Raquel Lyra.
Ela começou se dirigindo às mulheres de Pernambuco, e se emocionou ao homenagear o marido, Fernando Lucena, que morreu no dia 2 de outubro, primeiro turno da eleição, após sofrer um infarto. Também falou dos filhos, João e Fernando, que estiveram com ela durante todo o dia em que foi empossada.
“Quem se dirige a vocês no dia de hoje é a nova governadora de Pernambuco. Mas, antes de tudo, é também a mãe de Nando e João, amores da minha, que me deram força pra chegar até aqui. Vocês, meus filhos, tenham a certeza, de que tudo que farei aqui será sempre para que, no final de cada dia, vocês tenham orgulho da mãe que têm. Se cheguei aqui hoje é porque tive, ao longo de muitos anos, um parceiro de fé inabalável, que sonhou meus sonhos comigo, lutou minhas luta comigo e, dessa maneira, fez com que todo sonho e toda luta não fossem apenas meus, mas fossem nossos. Deu certo. Nêgo, você estará sempre aqui comigo”, disse Raquel Lyra.
Palácio do Campo das Princesas durante transmissão de cargo de governadora a Raquel Lyra — Foto: Pedro Alves/g1
A nova governadora também falou de propostas, começando pelo combate à violência. Ela prometeu criar o programa Juntos Pela Segurança, para substituir o Pacto Pela Vida. Na saúde, disse que vai construir novas unidades e recuperar as já existentes. Ela também lembrou das raízes, de Caruaru, e afirmou que vai interiorizar o desenvolvimento.
“O desenvolvimento não pode e não estará restrito apenas a uma região do estado. Sou filha do interior. A primeira filha do interior a ser eleita governadora. Sei das dificuldades para quem vive e quer trabalhar por lá. Conheço esse estado inteiro, cada região. Sei das suas diferenças, das suas vocações e possibilidades. Mas sei também que ninguém faz nada só. Não iremos governar de cima para baixo, sob a força da caneta, da coação e do medo. Vou continuar percorrendo Pernambuco, escutando as pessoas e fazendo as escolhas junto com elas. Quem tem habilidade para escutar mais, certamente irá errar menos”, declarou.
Depois do discurso, o Hino de Pernambuco foi entoado a capella. Nesse momento, Raquel Lyra se emocionou e chorou abraçada com os dois filhos, que enxugaram as lágrimas dela.
Confira, abaixo, a íntegra do discurso após a transmissão de cargo:
"Quero começar esse meu primeiro discurso como governadora de Pernambuco, num dia histórico para nossa sociedade, me dirigindo especialmente às mulheres.
Pela primeira vez desde que nos tornamos uma unidade federativa, uma mulher igual a cada uma de vocês, eleita pela vontade do povo, vai ocupar este lugar. É uma honra, um orgulho e uma enorme responsabilidade que esta mulher seja eu, tendo ao meu lado esta brava companheira de jornada, nossa vice, Priscila Krause.
Tenham a certeza e a confiança que, assim como as heroínas de Tejucupapo, estaremos alertas, vigilantes e determinadas a defender nossa terra, seja qual for o desafio.
Junto conosco estão os sonhos e as esperanças de muitas outras. De minha mãe, Mércia Lyra, minhas irmãs, Nara e Paula, de tantas Severinas, Marias, Vanessas e Lauras, que têm a esperança de um futuro melhor. Esperança. Essa palavra feminina que, junto de uma outra, a coragem, vai levar Pernambuco para um novo tempo.
Quem se dirige a vocês no dia de hoje é a nova governadora de Pernambuco. Mas, antes de tudo, é também a mãe de Nando e João, amores da minha vida, que me deram força para chegar até aqui. Vocês, meus filhos, tenham a certeza de que tudo que farei aqui será sempre para que, no final de cada dia, vocês tenham orgulho da mãe que têm.
Se cheguei aqui hoje é porque tive, ao longo de muitos anos, um parceiro de fé inabalável, que sonhou meus sonhos comigo, lutou minhas luta comigo e, dessa maneira, fez com que todo sonho e toda luta não fossem apenas meus, mas fossem nossos. Deu certo. Nego, você estará sempre aqui comigo.
Quero, nestas primeiras palavras, trazer a inspiração do que vi na vida. Do que a política me mostrou de melhor, porque é pela política que podemos garantir a democracia, unir pessoas e melhorar a vida delas, olhando de forma especial para os que mais precisam da ação do poder público. Aquelas que se sentem invisíveis, porque governo nenhum chega nelas.
Há muitos anos, eu ainda era uma menina, e meu pai, João Lyra Neto, então prefeito de Caruaru, nos levava para rodar pela cidade, ver quais eram os problemas, os buracos na rua, olhar nos olhos das pessoas, conversar. Numa dessas andanças lembro de algo que me marcou para sempre. Eu vi a fome. O rosto dela. Seus cabelos e olhos escuros. Era uma mulher e seus filhos. Uma família que tinha muito pouco. Quase nada. Só tinham a si mesmos e a esperança de que alguém fizesse por eles. Passados tantos anos, aquela menina está aqui diante de vocês como governadora. Mas a fome ainda permanece no rosto de milhões de mães, pais e filhos de Pernambuco. Não podemos seguir convivendo com este, que é o sinal mais claro e doloroso da falta do estado na vida do povo. É por aí que a mudança vai começar, com o Mães de Pernambuco, um auxílio financeiro que vai chegar para quem mais precisa e ajudar a colocar comida no prato.
Meu tio, Fernando Lyra, que foi o ministro da Justiça que acabou com a censura no Brasil, afirmou certa vez que o maior problema brasileiro era o apartheid social. Como se existissem países diferentes, dentro do mesmo território. Dividindo os mais ricos e os que não têm nada. Diminuir estas fronteiras, levando educação, trabalho, moradia, saúde, cidadania e dignidade não é apenas uma meta para mim. É, antes de tudo, uma definição de vida. É o que me motiva a estar aqui. É o que vamos perseguir diariamente.
Neste novo ciclo, que começamos a construir juntos a partir de agora, há ainda mais a ser feito do que havia em 2007, quando Eduardo Campos e João Lyra, assumiram o governo do estado. Muito do que se conquistou num passado recente, foi perdido nos últimos oito anos. O Pernambuco que recebemos lidera indicadores nacionais de desemprego, miséria, violência e desalento.
Não podemos mais aceitar ser uma sociedade em que parte das pessoas não come, enquanto outra parte não dorme com medo da violência. Os ingredientes da paz social, são o amor, o trabalho e o pão. A pobreza é novamente um desafio a ser enfrentado, exigindo de todos nós unidade, capacidade de dialogar e entrega ao trabalho. Sabemos que as pessoas esperam de nós uma gestão pautada pela justiça, sensível diante das desigualdades, criativa na busca de soluções e com agilidade para fazer mais.
Dom Hélder Câmara costumava dizer que é graça divina começar bem. Graça maior é persistir na caminhada certa. Mas graça das graças é não desistir nunca. O nosso governo persistirá e não desistirá. Não podemos mais dar raízes para os problemas. Temos que dar conta das soluções.
Para combater a violência que aflige nosso estado, vamos construir uma política pública eficiente, chamando todas forças envolvidas nesse processo para participar e ajudar a pacificar nossas ruas. Quem mora aqui não pode seguir vivendo com medo. Quem vem visitar tem que voltar para casa com o desejo de retornar mais vezes a nossa terra. O Juntos Pela Segurança vai ser uma das nossas prioridades.
Assim como a saúde, que anda tão combalida. É preciso requalificar hospitais e construir novas instalações. Agir emergencialmente para reduzir as filas de exames e consultas. Não é do dia para a noite que se resolvem essas questões. Mas vamos trabalhar exaustivamente para que, pouco a pouco, elas passem a ser solucionadas.
Como afirmamos durante a campanha, olhando nos olhos das pernambucanas e dos pernambucanos, vamos trazer de volta as oportunidades para que o povo tenha trabalho. Para que os jovens possam estudar, se qualificar e depois conquistar um emprego. Para que as mães vejam filhas e filhos crescendo com segurança. O governo tem a tarefa de induzir o desenvolvimento, indo em busca de empresas que aqui queiram investir, ampliando a infraestrutura para tornar viáveis os empreendimentos e gerando um ambiente de negócios dinâmico, arrojado e ativo.
O desenvolvimento não pode e não estará restrito apenas a uma região do estado. Sou filha do interior. A primeira filha do interior a ser eleita governadora. Sei das dificuldades para quem vive e quer trabalhar por lá. Conheço esse estado inteiro, cada região. Sei das suas diferenças, das suas vocações e possibilidades. Mas sei também que ninguém faz nada só. Não iremos governar de cima para baixo, sob a força da caneta, da coação e do medo. Vou continuar percorrendo Pernambuco, escutando as pessoas e fazendo as escolhas junto com elas. Quem tem habilidade para escutar mais, certamente irá errar menos.
Desde os tempos em que éramos uma colônia portuguesa, Pernambuco sempre teve um papel de liderança. Mesmo sendo um estado pobre, Pernambuco se fazia ouvir e respeitar, com voz, altivez, coragem e atitude. Este protagonismo estava apagado. Perdemos importância e relevância no cenário nacional. Tenham convicção, esse tempo acabou. Essa página está virada. Vamos trazer de volta a força dos pernambucanos, nos colocando nos debates nacionais, participando e discutindo a pauta brasileira. Pernambuco, como sempre foi, vai novamente fazer questão de ser ouvido. Nossa bandeira e nossas mãos vão estar o tempo inteiro prontas a erguer pontes, mas sem nunca deixar que sejamos subjugados ou colocados em segundo plano.
Estamos assumindo no dia de hoje, no governo do estado, uma casa que, ao que tudo indica, está bagunçada e mal cuidada. E nisso, o olhar de, não apenas uma, mas muitas das mulheres que entram nesse governo comigo, fará toda a diferença. Teremos dificuldades, mas vamos vencê-las. Teremos dias ruins, mas virão outros bons. Teremos pedras no caminho, mas nosso caminho nunca foi fácil. Dessas pedras, construiremos as pontes que nos levarão ao futuro.
Aqui, bem perto das pontes que caracterizam nossa capital, que unem os dois lados do [Rio] Capibaribe, reafirmo que vocês terão em mim uma líder que conduzirá o estado construindo pontes, jamais muros. Ponte com os nossos representantes no Legislativo estadual, municipal, na Câmara dos Deputados e no Senado. Com nossos prefeitos e prefeitas, como um governo amigo das cidades, sempre atento a suas demandas e especificidades. Pontes com o Judiciário, o Ministério Público e os representantes da sociedade civil. Pontes com o governo federal.
Estarei em Brasília em breve, para apresentar nossas demandas emergenciais. Farei isso quantas vezes for necessário. Torço para que o presidente Lula (PT), que também toma posse hoje, não falte ao nosso estado. Se somos conhecidos como Leão do Norte, coragem temos de sobra para buscar recursos e garantir investimentos.
O Brasil e boa parte do mundo vivem um momento em que a polarização política deixou de fazer adversários para semear inimigos. As eleições acabaram. Não há mais palanques na praça. Nosso mandato foi dado pelo povo de Pernambuco, e queremos governar para todas as pessoas. As picuinhas e desavenças não vão nos ajudar em nada, nem nos levar a canto algum. Aprendi que um governante precisa estar disposto a conversar com franqueza e serenidade. Pensar diferente de nós é um direito que só a democracia nos dá, e por isso ela é tão delicada. Respeitar a opinião dos contrários e encontrar nas críticas motivos que nos façam refletir, mostram a maturidade de quem governa. Estou sempre pronta e de coração aberto para as pessoas que quiserem debater Pernambuco, sejam quais forem suas preferências políticas.
Com a mesma sinceridade que me trouxe até aqui, irei governar Pernambuco. Olhando para as pessoas, fazendo o agora acontecer e mirando o futuro. Temos a pressa de quem precisa caminhar veloz, porque o tempo não vai nos esperar. Temos a fé de nossa gente, a certeza da caminhada e a raça de uma mulher pernambucana. Sem ódio, sem medo e com o coração tomado de coragem, amor e esperança. Que Deus nos proteja nessa jornada."
Por G1 PE
A nova governadora também falou de propostas, começando pelo combate à violência. Ela prometeu criar o programa Juntos Pela Segurança, para substituir o Pacto Pela Vida. Na saúde, disse que vai construir novas unidades e recuperar as já existentes. Ela também lembrou das raízes, de Caruaru, e afirmou que vai interiorizar o desenvolvimento.
“O desenvolvimento não pode e não estará restrito apenas a uma região do estado. Sou filha do interior. A primeira filha do interior a ser eleita governadora. Sei das dificuldades para quem vive e quer trabalhar por lá. Conheço esse estado inteiro, cada região. Sei das suas diferenças, das suas vocações e possibilidades. Mas sei também que ninguém faz nada só. Não iremos governar de cima para baixo, sob a força da caneta, da coação e do medo. Vou continuar percorrendo Pernambuco, escutando as pessoas e fazendo as escolhas junto com elas. Quem tem habilidade para escutar mais, certamente irá errar menos”, declarou.
Depois do discurso, o Hino de Pernambuco foi entoado a capella. Nesse momento, Raquel Lyra se emocionou e chorou abraçada com os dois filhos, que enxugaram as lágrimas dela.
Confira, abaixo, a íntegra do discurso após a transmissão de cargo:
"Quero começar esse meu primeiro discurso como governadora de Pernambuco, num dia histórico para nossa sociedade, me dirigindo especialmente às mulheres.
Pela primeira vez desde que nos tornamos uma unidade federativa, uma mulher igual a cada uma de vocês, eleita pela vontade do povo, vai ocupar este lugar. É uma honra, um orgulho e uma enorme responsabilidade que esta mulher seja eu, tendo ao meu lado esta brava companheira de jornada, nossa vice, Priscila Krause.
Tenham a certeza e a confiança que, assim como as heroínas de Tejucupapo, estaremos alertas, vigilantes e determinadas a defender nossa terra, seja qual for o desafio.
Junto conosco estão os sonhos e as esperanças de muitas outras. De minha mãe, Mércia Lyra, minhas irmãs, Nara e Paula, de tantas Severinas, Marias, Vanessas e Lauras, que têm a esperança de um futuro melhor. Esperança. Essa palavra feminina que, junto de uma outra, a coragem, vai levar Pernambuco para um novo tempo.
Quem se dirige a vocês no dia de hoje é a nova governadora de Pernambuco. Mas, antes de tudo, é também a mãe de Nando e João, amores da minha vida, que me deram força para chegar até aqui. Vocês, meus filhos, tenham a certeza de que tudo que farei aqui será sempre para que, no final de cada dia, vocês tenham orgulho da mãe que têm.
Se cheguei aqui hoje é porque tive, ao longo de muitos anos, um parceiro de fé inabalável, que sonhou meus sonhos comigo, lutou minhas luta comigo e, dessa maneira, fez com que todo sonho e toda luta não fossem apenas meus, mas fossem nossos. Deu certo. Nego, você estará sempre aqui comigo.
Quero, nestas primeiras palavras, trazer a inspiração do que vi na vida. Do que a política me mostrou de melhor, porque é pela política que podemos garantir a democracia, unir pessoas e melhorar a vida delas, olhando de forma especial para os que mais precisam da ação do poder público. Aquelas que se sentem invisíveis, porque governo nenhum chega nelas.
Há muitos anos, eu ainda era uma menina, e meu pai, João Lyra Neto, então prefeito de Caruaru, nos levava para rodar pela cidade, ver quais eram os problemas, os buracos na rua, olhar nos olhos das pessoas, conversar. Numa dessas andanças lembro de algo que me marcou para sempre. Eu vi a fome. O rosto dela. Seus cabelos e olhos escuros. Era uma mulher e seus filhos. Uma família que tinha muito pouco. Quase nada. Só tinham a si mesmos e a esperança de que alguém fizesse por eles. Passados tantos anos, aquela menina está aqui diante de vocês como governadora. Mas a fome ainda permanece no rosto de milhões de mães, pais e filhos de Pernambuco. Não podemos seguir convivendo com este, que é o sinal mais claro e doloroso da falta do estado na vida do povo. É por aí que a mudança vai começar, com o Mães de Pernambuco, um auxílio financeiro que vai chegar para quem mais precisa e ajudar a colocar comida no prato.
Meu tio, Fernando Lyra, que foi o ministro da Justiça que acabou com a censura no Brasil, afirmou certa vez que o maior problema brasileiro era o apartheid social. Como se existissem países diferentes, dentro do mesmo território. Dividindo os mais ricos e os que não têm nada. Diminuir estas fronteiras, levando educação, trabalho, moradia, saúde, cidadania e dignidade não é apenas uma meta para mim. É, antes de tudo, uma definição de vida. É o que me motiva a estar aqui. É o que vamos perseguir diariamente.
Neste novo ciclo, que começamos a construir juntos a partir de agora, há ainda mais a ser feito do que havia em 2007, quando Eduardo Campos e João Lyra, assumiram o governo do estado. Muito do que se conquistou num passado recente, foi perdido nos últimos oito anos. O Pernambuco que recebemos lidera indicadores nacionais de desemprego, miséria, violência e desalento.
Não podemos mais aceitar ser uma sociedade em que parte das pessoas não come, enquanto outra parte não dorme com medo da violência. Os ingredientes da paz social, são o amor, o trabalho e o pão. A pobreza é novamente um desafio a ser enfrentado, exigindo de todos nós unidade, capacidade de dialogar e entrega ao trabalho. Sabemos que as pessoas esperam de nós uma gestão pautada pela justiça, sensível diante das desigualdades, criativa na busca de soluções e com agilidade para fazer mais.
Dom Hélder Câmara costumava dizer que é graça divina começar bem. Graça maior é persistir na caminhada certa. Mas graça das graças é não desistir nunca. O nosso governo persistirá e não desistirá. Não podemos mais dar raízes para os problemas. Temos que dar conta das soluções.
Para combater a violência que aflige nosso estado, vamos construir uma política pública eficiente, chamando todas forças envolvidas nesse processo para participar e ajudar a pacificar nossas ruas. Quem mora aqui não pode seguir vivendo com medo. Quem vem visitar tem que voltar para casa com o desejo de retornar mais vezes a nossa terra. O Juntos Pela Segurança vai ser uma das nossas prioridades.
Assim como a saúde, que anda tão combalida. É preciso requalificar hospitais e construir novas instalações. Agir emergencialmente para reduzir as filas de exames e consultas. Não é do dia para a noite que se resolvem essas questões. Mas vamos trabalhar exaustivamente para que, pouco a pouco, elas passem a ser solucionadas.
Como afirmamos durante a campanha, olhando nos olhos das pernambucanas e dos pernambucanos, vamos trazer de volta as oportunidades para que o povo tenha trabalho. Para que os jovens possam estudar, se qualificar e depois conquistar um emprego. Para que as mães vejam filhas e filhos crescendo com segurança. O governo tem a tarefa de induzir o desenvolvimento, indo em busca de empresas que aqui queiram investir, ampliando a infraestrutura para tornar viáveis os empreendimentos e gerando um ambiente de negócios dinâmico, arrojado e ativo.
O desenvolvimento não pode e não estará restrito apenas a uma região do estado. Sou filha do interior. A primeira filha do interior a ser eleita governadora. Sei das dificuldades para quem vive e quer trabalhar por lá. Conheço esse estado inteiro, cada região. Sei das suas diferenças, das suas vocações e possibilidades. Mas sei também que ninguém faz nada só. Não iremos governar de cima para baixo, sob a força da caneta, da coação e do medo. Vou continuar percorrendo Pernambuco, escutando as pessoas e fazendo as escolhas junto com elas. Quem tem habilidade para escutar mais, certamente irá errar menos.
Desde os tempos em que éramos uma colônia portuguesa, Pernambuco sempre teve um papel de liderança. Mesmo sendo um estado pobre, Pernambuco se fazia ouvir e respeitar, com voz, altivez, coragem e atitude. Este protagonismo estava apagado. Perdemos importância e relevância no cenário nacional. Tenham convicção, esse tempo acabou. Essa página está virada. Vamos trazer de volta a força dos pernambucanos, nos colocando nos debates nacionais, participando e discutindo a pauta brasileira. Pernambuco, como sempre foi, vai novamente fazer questão de ser ouvido. Nossa bandeira e nossas mãos vão estar o tempo inteiro prontas a erguer pontes, mas sem nunca deixar que sejamos subjugados ou colocados em segundo plano.
Estamos assumindo no dia de hoje, no governo do estado, uma casa que, ao que tudo indica, está bagunçada e mal cuidada. E nisso, o olhar de, não apenas uma, mas muitas das mulheres que entram nesse governo comigo, fará toda a diferença. Teremos dificuldades, mas vamos vencê-las. Teremos dias ruins, mas virão outros bons. Teremos pedras no caminho, mas nosso caminho nunca foi fácil. Dessas pedras, construiremos as pontes que nos levarão ao futuro.
Aqui, bem perto das pontes que caracterizam nossa capital, que unem os dois lados do [Rio] Capibaribe, reafirmo que vocês terão em mim uma líder que conduzirá o estado construindo pontes, jamais muros. Ponte com os nossos representantes no Legislativo estadual, municipal, na Câmara dos Deputados e no Senado. Com nossos prefeitos e prefeitas, como um governo amigo das cidades, sempre atento a suas demandas e especificidades. Pontes com o Judiciário, o Ministério Público e os representantes da sociedade civil. Pontes com o governo federal.
Estarei em Brasília em breve, para apresentar nossas demandas emergenciais. Farei isso quantas vezes for necessário. Torço para que o presidente Lula (PT), que também toma posse hoje, não falte ao nosso estado. Se somos conhecidos como Leão do Norte, coragem temos de sobra para buscar recursos e garantir investimentos.
O Brasil e boa parte do mundo vivem um momento em que a polarização política deixou de fazer adversários para semear inimigos. As eleições acabaram. Não há mais palanques na praça. Nosso mandato foi dado pelo povo de Pernambuco, e queremos governar para todas as pessoas. As picuinhas e desavenças não vão nos ajudar em nada, nem nos levar a canto algum. Aprendi que um governante precisa estar disposto a conversar com franqueza e serenidade. Pensar diferente de nós é um direito que só a democracia nos dá, e por isso ela é tão delicada. Respeitar a opinião dos contrários e encontrar nas críticas motivos que nos façam refletir, mostram a maturidade de quem governa. Estou sempre pronta e de coração aberto para as pessoas que quiserem debater Pernambuco, sejam quais forem suas preferências políticas.
Com a mesma sinceridade que me trouxe até aqui, irei governar Pernambuco. Olhando para as pessoas, fazendo o agora acontecer e mirando o futuro. Temos a pressa de quem precisa caminhar veloz, porque o tempo não vai nos esperar. Temos a fé de nossa gente, a certeza da caminhada e a raça de uma mulher pernambucana. Sem ódio, sem medo e com o coração tomado de coragem, amor e esperança. Que Deus nos proteja nessa jornada."
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