O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira (30) que "nada justifica a tentativa de ato terrorista" em Brasília, quando um homem plantou um explosivo em um caminhão de combustível perto do aeroporto da capital federal.
Bolsonaro abriu uma live, depois de semanas longe das transmissões ao vivo, para fazer um balanço de seu mandato, que termina no sábado (31).
Na transmissão, ele também:
disse que não tem participação em atos antidemocráticos em frente aos QGs do Exército
ficou com a voz embargada
fez críticas a Lula
lembrou feitos de sua gestão
Logo no início de sua fala, o presidente se queixou de que atitudes de violência política no país são sempre atribuídas a "bolsonaristas".
No entanto, George Washington, o homem preso pela bomba, relatou à polícia que participou de atos antidemocráticos realizados por apoiadores do presidente. Disse ainda que sua intenção era iniciar o "caos" e que agiu por motivação política. A bomba não chegou a explodir.
"Hoje em dia, se alguém comete, um erro é bolsonarista. Nada justifica, aqui em Brasília, essa tentativa de ato terrorista na região do aeroporto", afirmou o presidente.
"O elemento que foi pego, graças a Deus, que não coaduna com nenhuma situação, mas classificam como bolsonarista. É o modo de tratar", completou.
Acampamentos em frente a QGsO presidente também comentou os acampamentos de apoiadores em frente a quartéis-generais do Exército em cidades do país. Os acampamentos fazem pedidos inconstitucionais, como intervenção militar e reversão do resultado das eleições.
Para Bolsonaro, as manifestações são espontâneas e não são lideradas por ninguém. Ele afirmou que não tem participação nos atos.
"Eu não participei desse movimento. Eu me recolhi", afirmou Bolsonaro.
Voz embargada
Ao longo da transmissão, o presidente chegou a embargar a voz algumas vezes e a fazer pausas prolongadas na fala. Um desses momentos foi quando ele lembrou os "sacrifícios" de quem esteve ao seu lado no mandato, e citou a primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Outra ocasião foi quando disse que o Brasil "não acaba em 1º de janeiro".
Governo LulaPara Bolsonaro, o governo Lula já começa "capenga". O presidente argumentou que seu sucessor terá dificuldades com um Congresso "mais conservador" e que parcelas da população que votaram em Lula agora estão arrependidas.
Bolsonaro também disse que buscou "dentro das quatro linhas da Constituição", uma forma de questionar o resultado das eleições. Segundo ele, não teve apoio para isso, e por isso não conseguiu levar a ideia adiante.
"Está prevista a posse agora no dia 1º de janeiro. Eu busquei dentro das quatro linhas, dentro das leis, respeitando a Constituição, uma saída pra isso aí. Se tinha alternativa, se a gente poderia questionar alguma coisa dentro das quatro linhas", afirmou.
"Mesmo dentro das quatro linhas temos que ter apoios. Alguém acha que é pegar uma caneta BIC e assinar?", questionou o presidente. "Agora, certas medidas têm que ter apoio do parlamento, de alguns do Supremo, de outros órgãos, de outras instituições", disse Bolsonaro em um trecho mais à frente da live.
Para ele, "ou vivemos em uma democracia ou não vivemos [em uma democracia]".
"Sei que muita gente me critica por isso. Mas eu nunca saí das quatro linhas. Ou vivemos na democracia ou não vivemos. Ninguém quer isso aí", completou Bolsonaro.
Balanço do mandatoBolsonaro listou o que para ele foram feitos da gestão, como queda no preço dos combustíveis em 2022, flexibilização nas regras de acesso a armas de fogo e avanço na economia.
"Vou dizer que fui o melhor presidente do mundo? Não vou dizer. Mas dei meu sangue", disse.
O presidente também citou os imprevistos que teve no mandato, como a pandemia de Covid e a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Por g1 — Brasília