De alguma maneira, a cortina está aberta desde que aos candidatos foi permitido pedir votos abertamente e realizar grandes comícios. A propaganda eleitoral começou há dez dias e o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão há dois.
Os primeiros programas dos candidatos a presidente foram ao ar, ontem, à tarde e à noite. Mas será hoje, a partir das 21 horas, no palco da Rede Bandeirantes de Televisão, que seis deles estarão lado a lado para debater os principais problemas do país.
Por sorteio, Lula e Bolsonaro ficarão a poucos metros de distância um do outro, e Bolsonaro será o primeiro a perguntar. É possível que ele dirija a pergunta a Lula, marcando assim sua disposição de polarizar com ele o debate como polariza a eleição.
A última vez que o país viu Lula em um debate foi com Geraldo Alckmin (PSDB) no segundo turno da eleição de 2006. Naquele ano, candidato à reeleição, Lula não compareceu aos debates no primeiro turno, e se arrependeu. Alckmin, agora, é seu vice.
Bolsonaro, em 2018, só participou de dois debates no primeiro turno. Depois da facada que levou em Juiz de Fora no dia 6 de setembro, faltou a todos, mesmo quando seus médicos disseram que ele já estava em condições de debater. Não quis arriscar-se.
Até a última sexta-feira, Bolsonaro estava decidido a não ir ao debate da BAND. Mudou de opinião ao fim da entrevista de Lula ao Jornal Nacional. Admitiu que seu adversário se saiu muito bem e que chegara a hora de “partir para o tudo ou nada” contra ele.
É de se ver se de fato partirá. E, se o fizer, se terá feito um bom negócio. Debate não elege ninguém, mas um desempenho medíocre influi no ânimo da militância porque será amplificado pela ação dos oponentes nas plataformas das redes sociais.
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De todo modo, no cálculo de Lula e de Bolsonaro, o melhor é que os dois estejam no mesmo palco. Se fosse apenas um, ele viraria o saco de pancadas dos demais. Juntos, as pancadas serão divididas. E haverá tempo para o que for pior, possa se recuperar.
O objetivo dos dois é aumentar a rejeição do outro. As pesquisas indicam que Bolsonaro é o campeão da rejeição, seguido por Lula a certa distância. Bolsonaro vai querer inflar o antipetismo, responsável por sua eleição. Lula, o antibolsonarismo.
Ciro Gomes (PDT) baterá nos dois, com a preocupação de não baixar o nível. Ele precisa conquistar votos em ambos os lados para não morrer na praia. Simone Tebet (MDB) e Soraia Thronicki (União Brasil) estão na fase de se apresentar ao distinto público.
Simone guarda afinidades com Lula, Soraia com Bolsonaro. Luiz Felipe d’Avila (NOVO) poderá funcionar como linha auxiliar de Bolsonaro. Caso Bolsonaro mude de ideia e não vá para o tudo ou nada com Lula, sua primeira pergunta será para d’Avila.
Boa diversão para todos.
Ricardo Noblat
Portal Metrópoles