quinta-feira, dezembro 22, 2022

Ciclistas percorrem mais de 2 mil km para acompanhar posse de Lula



Os ciclistas já passaram pelo interior dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e estão agora em Minas Gerais - Arquivo pessoal

Caravanas vão sair de todo o país para a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 1º de janeiro de 2023, em Brasília, para o seu terceiro mandato à frente do governo brasileiro. Cerca de 300 mil pessoas são esperadas. Os meios de transporte são os mais variados, seja avião, ônibus ou até bicicleta.

A bicicleta é justamente o veículo que está levando João Marcelo Pereira dos Santos e Antônio Pedro Chaves Figueiredo em direção a Brasília. Eles estão na estrada desde o dia 28 de novembro, seguindo o litoral pela BR 101.

João Marcelo (esq.) e Pedro Figueiredo (meio) conhecem muitas pessoas pelo caminho / Arquivo pessoal

João Marcelo, 57 anos, é assessor da Central Única dos Trabalhadores do RS (CUT RS), professor de Sociologia do Trabalho na Escola Técnica Mesquita e Dr. em História pela Unicamp. A viagem foi organizada junto com seu parceiro educador popular e ativista ambiental Pedro Figueiredo, veterano em trajetos longos.

“Gosto de percurso de longa distância. O maior trajeto que já fiz, depois deste, foi do Chuí a Montevideo. Foram 600 km. De Porto Alegre a Brasília são 2117 km. Já percorremos mais de 1500 km”, conta João Marcelo.

Radicalizar a rotina e conversar com o povo

Segundo o viajante, o que motivou a aventura, além do desafio, foi quebrar a rotina de uma forma muito radical. “O principal desafio de quem luta por direitos e democracia é sair da condição confortável e da bolha. Precisamos sair em direção à sociedade, é fundamental ouvir as pessoas e dialogar. Os democratas precisam realizar um grande esforço de aproximação com a sociedade”, avalia.

Os ciclistas passaram pelo interior dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e estão agora em Minas Gerais. “Pernoitamos em pousadas próximas aos postos de gasolina, contatamos com dezenas de caminhoneiros. Essa é uma galera que vive na solidão das estradas, recebendo fake news de seus empregadores e de políticos oportunistas. Uma categoria estratégica para o país e nós não conhecemos a realidade. Trabalham muito e são explorados”, conta João Marcelo.


Segundo os viajantes, o que motivou a aventura, além do desafio, foi quebrar a rotina de uma forma muito radical / Arquivo pessoal

Solidariedade e amizades pela estrada

Pelo caminho, no interior do Brasil, eles conheceram gente simples. Pessoas solidárias que oferecem água, lanche e muito estímulo para seguir adiante. “Sempre nas despedidas ouvimos que 'Deus os acompanhe'.”

Segundo João Marcelo, também puderam ver o quanto a monocultura de soja, milho e cana é destruidora da natureza. “Não só isso, destroem a economia local. Pequenas cidades, em regiões de deserto verde, são reféns do agronegócio. Nada prospera na volta do agronegócio”, salienta.

Na estrada também encontraram andarilhos, pessoas que adotam estilo de vida diferente do dito normal. “O mais impressionante é que quando paramos para ouvir suas histórias temos a impressão de que são felizes com o nada que possuem. Essas pessoas só possuem histórias boas para contar. A empatia é algo que precisamos recuperar.”

Assim como diz Fernando Brant na canção de Milton Nascimento: “Ficar de frente para o mar e de costas para o Brasil, não vai fazer deste lugar um bom país”. João Marcelo e Pedro chegarão a Brasília com muitas histórias na bagagem, além da esperança na construção de um novo Brasil.

Katia Marko
Brasil de Fato | Porto Alegre (RS)


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