sexta-feira, outubro 21, 2022

Servidores públicos estão entre alvos de ações contra fraudes investigadas em provas de concursos realizados paras as polícias de Pernambuco

Itens apreendidos em operações da Polícia Civil de Pernambuco — Foto: Divulgação/PCPE

Servidores públicos estão entre os alvos de duas operações deflagradas, nesta quinta (20), contra fraudes em concursos públicos realizados paras as polícias de Pernambuco. Segundo a Polícia Civil, integravam a organização policiais civis e militares, além de bombeiros e funcionários do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) (veja vídeo acima).

Ainda de acordo com a polícia pernambucana, foram cumpridos dez mandados de prisão e 30 de busca e apreensão. Além do estado, as ações aconteceram em Alagoas, Paraíba, Distrito Federal e Espírito Santo.

Em entrevista coletiva concedida, nesta quinta, na sede da Polícia Civil, no Centro do Recife, os delegados das equipes de combate à corrupção detalharam as ações das operações Pitonisa e Múltipla Escolha.

Elas investigaram crimes praticados em seleções públicas para as Polícias Civil e Militar de Pernambuco, em 2016.

A delegada Viviane Santa Cruz afirmou que vários dos investigados possuem cargos públicos. Não são mas policiais, mas pessoas de outros órgãos estaduais e federais. “Tem gente que participa do Detran e da Universidade Federal”, declarou.

A delegada disse também que há indícios de que alguns desses servidores entraram no serviço público “mediante meio fraudulento”.

A corporação não esclareceu quantos são os servidores públicos envolvidos nem conduta de cada um deles.

Santa Cruz disse, ainda, que a grande maioria reside em Pernambuco, mas alguns, por terem passado em concursos, migraram para outros locais.

“Existem alvos em outros locais, porque há um núcleo da organização que atuava em vários estados da federação. Existe um núcleo específico que comandava a operação em Pernambuco”, declarou.

Viviane Santa Cruz disse também que, ao serem interrogados, envolvidos negaram a participação nas fraudes, embora a polícia tenha acumulado muito material para comprovar a relação deles com a organização.

A policial disse que, agora, a meta é retirar do serviço público funcionários que entraram por meio de fraudes nos concursos.

“A polícia vai compartilhar os resultados das investigações com a corregedoria para fazer o procedimento administrativo. É para a pessoa ser retirada do serviço público. Alguns foram identificados. Queremos identificar outras pessoas”, informou.

Documentações apreendidas em operações da Polícia Civil — Foto: Divulgação/PCPE

Ainda segundo a delegada, há, atualmente, pessoas envolvidas nas fraudes dento do serviço público. “Vamos informar isso para a corregedoria. Para que não tenhamos mais essas pessoas prestando serviços para a população”, declarou.

O delegado Diogo Vitor afirmou que a polícia pernambucana tem, agora, dez dias para concluir o inquérito policial.

“Foram realizados diversas oitivas, interrogatórios e foram apreendidos materiais. A gente precisa analisar esse material para concluir. Há indicativo deles terem praticado outros concursos públicos", afirmou.

Nas operações foram apreendidos computadores, celulares, armas de fogo, munições e documentos.

Como a quadrilha atuava
As investigações quem embasaram as operações Pitonisa e Múltipla Escolha começaram em junho de 2018. Segundo a s apurações, os candidatos aos concursos tinham que pagar para entrar no esquema.

Ainda de acordo com a polícia, nas avaliações dos concursos, especialistas nas matérias faziam as provas e transmitiam o gabarito por meio de micropontos e microcelulares, colocados em relógios.

"Trata-se de uma organização criminosa com expertise em fraude de concurso público. Pessoas eram contratadas para fazer a prova. Em seguida, essas pessoas repassavam o gabarito para pessoas que aceitavam pagar por esse serviço", afirmou o delegado.

Segundo ele, são pessoas acostumadas com essa prática. "Alguns, inclusive, já foram alvo de ação da Polícia Civil de Alagoas, da Polícia Civil da Paraíba, também no combate a essas fraudes", afirmou Diogo Vitor.

A delegada Viviane santa Cruz disse que o grupo atuava em fraudes em concurso público no Brasil inteiro.

“A gente também identificou que eles criavam microcélulas para participar de concursos diversos e tinham alguns alvos em comum, que atuavam no Brasil todo”, afirmou.

A policial observou que a organização cooptava a clientela. Quem entrasse no esquema pagava um determinado valor para participar da fraude.

“Caso houvesse um resultado positivo no final do concurso, se a pessoa ingressasse, tinha que arcar com um valor a mais, posteriormente”, acrescentou.

A delegada disseque não foi detectada a participação de organizadores ou componentes de bancas examinadoras nas fraudes dos concursos.

“Os integrantes da organização usavam táticas para treinar as pessoas a entrar nas salas e passar pelos detectores de metal. O processo era feito sem conhecimento dos órgãos operativos”, comentou.

Viviane Santa Cruz afirmou também que foram investigadas outras ações a organização, como compra de diplomas legais e Fichas 19, documentos que comprovam a conclusão do ensino médio.

‘Era para a pessoa ter os requisitos exigidos e poder ter condições de fazer os concursos”, acrescentou.

Por g1 PE

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