Por Lúcia Xavier
No final desta manhã, por volta das 11h20, fui ao prédio do PETI, na Quadra 01, onde funciona a seção eleitoral em que voto. No percurso até lá, atravessei vários derrames de dinheiro público (fundo eleitoral) em vias públicas, inclusive em frente e dentro do prédio. Centenas de santinhos jogados no chão, apesar de ser prática proibida, obriga o eleitor a pisar devagarinho para não escorregar nos caras lisas e sofrer algum acidente.
Ao chegar à minha seção, a fila estava pequena, com cerca de dez pessoas, mas o tamanho da fila contrastava com a demora em ingressar na sala. A explicação está na dificuldade para fazer a leitura biométrica. Na minha vez, foram mais de cinco tentativas antes de o sistema aceitar minha digital.
Mas, o principal problema não foi a demora nem o processo de tentativa/erro biométrico. Ao me atender, um dos mesários solicitou documento com foto e o título de eleitor. Levei para a seção apenas o necessário: um documento oficial com foto, no caso, a carteira de identidade. Justifiquei que, de acordo com o TRE-PE, a apresentação do título não é obrigatória, porém, o mesário queria porque queria o título ou um documento em que constasse o número dele. Pelas informações que ele me deu, este ano o treinamento dos mesários, se houve, não foi bem sucedido. Ou ele faltou.
O voluntário a serviço da Justiça Eleitoral além de exigir o título de eleitor, chegou a sugerir que eu baixasse no celular o e-título, aplicativo do TSE que ficou disponível para download até ontem (1º) e não poderá ser baixado até o final do segundo turno. O cúmulo foi o mesário perguntar se minha casa era distante, para eu ir buscar o documento. Se eu morasse do outro lado da rua não iria buscar, pensei comigo mesma, E questionei a exigência, inconformada com o obstáculo imposto ao meu direito de votar. Ainda mostrei o trecho de uma matéria publicada pelo TRE-PE que informa a dispensa do documento.
O outro mesário, mais jovem, contornou a situação, e procurou meu nome na relação de eleitores aptos a votar naquela seção. O que ele fez não foi um favor, apesar de assim ter parecido, mas o simples cumprimento das orientações destas eleições. Até as consultasdo eleitor ao TSE hoje são feitas pelo número do CPF e não pelo número do título. Além disso, a relação das seções é organizada por ordem alfabética e não por ordem numérica de título de eleitor. Meu nome foi encontrado em menos de um minuto e dados conferidos pela carteira de identidade. Em seguida, mais três minutos ou quatro minutos para a identificação biométrica funcionar. Limpa dedo, passa álcool, esfrega guardanapo. Enfim, passou e fui à cabine de votação. Depois de votar, ainda assinei o livro, procedimento que também não é obrigatório para quem vota por biometria.
Em frente à urna, a gente esquece todos os contratempos que vieram antes. É só você e ela. Digitei meus candidatos, conferindo as fotos e nomes, e saí satisfeita ao ouvir o tinlinlim-linlim, às 11h47min, com meu direito exercido, meu dever cumprido e minha alma lavada. FIM.
De volta para casa, observei uma cena curiosa. Em frente à sua casa, um vizinho dava pulos na calçada, batia e esfregava o pé no chão. Pensei que se tratava de algum inseto, mas não. Sob os pés, o homem espancava um santinho azul com a foto do presidente da República, candidato a reeleição. O "espancamento" era acompanhado por frases como "você não se passa!".
Blog de Assis Ramalho
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários são publicados somente depois de avaliados por moderador. Aguarde publicação. Agradecemos a sua opinião.