quinta-feira, setembro 15, 2022

Pastor é criticado após ato com Lula e renuncia a cargo em convenção no RJ

Pastor Sérgio Dusilek em evento em que manifestou apoio ao candidato Lula — Foto: Reprodução

O pastor Sérgio Dusilek, do Rio de Janeiro, entregou sua renúncia ao cargo de presidente da Convenção Batista Carioca, nesta quarta-feira (14). A decisão ocorre após críticas por Dusilek ter participado de um ato de apoio à campanha de Lula (PT) para a Presidência da República que ocorreu no Rio na sexta-feira (9).

Em documento emitido pela congregação, há a recomendação para que seus líderes não participem de eventos de cunho político-partidário.

“Respeitamos o princípio da liberdade de consciência, porém entendemos, a partir desse episódio, que nossas posturas devam ser ainda mais firmes e cuidadosas nas questões político-partidárias. Recomendamos que nossos líderes da denominação e das igrejas evitem compromissos públicos dessa natureza, visando assim reforçar o princípio da separação entre Igreja e Estado”, diz a nota.

Em nota, a Convenção Batista Carioca disse que reconhece os constrangimentos altamente prejudiciais aos batistas, apesar da participação ter sido de cunho pessoal.

“Já é público e notório que em nenhum momento houve autorização ou endosso de quem quer que seja ao supracitado pronunciamento. Embora o ex-presidente declare que a sua fala tenha sido estritamente de cunho pessoal, percebemos a impossibilidade de separar tal discurso da função exercida na presidência e, por sua vez, da imagem da CBC e dos batistas”, afirmou a nota.

Evento
Durante um evento organizado por evangélicos para apoiar Lula na sexta, o pastor Sérgio Dusilek manifestou apoio ao candidato e afirmou que a pobreza no país cresceu em relação às gestões do ex-presidente. Ele afirmou que a mendicância avilta e agride Deus. E afirmou que a igreja evangélica deve pedir perdão ao ex-presidente.

"A Igreja Evangélica tem que pedir perdão ao senhor. Tem que pedir perdão ao presidente Lula. O senhor não foi só alvo da injustiça do judiciário brasileiro. O senhor tem sido alvo da injustiça do clero brasileiro. E eu me envergonho por isso, presidente. Porque o senhor não merece continuar passando por essa injustiça", afirmou Dusilek no evento.

Ele encerrou a participação pedindo que Lula e Alckmin, caso sejam eleitos, pratiquem a justiça e a misericórdia.

Alvo de críticas

Desde a fala, o pastor foi alvo de críticas por evangélicos em redes sociais. A polêmica levou ao posicionamento da Convenção Batista Carioca e da Convenção Batista Brasileira (CBB).

Em uma nota anterior, publicada no domingo (11), no site da convenção, a CBC afirmou que, apesar de ter sido apresentado pelo cargo que ocupava, seu posicionamento havia sido de caráter pessoal e que respeita o Estado Democrático de Direito.

"Reforçamos o princípio batista da liberdade de consciência e de religião de cada indivíduo. Cada pessoa deve exercer sua liberdade individual e sua livre consciência. Assim respeitamos e defendemos o direito de todos de expressarem suas opiniões, suas ideias e suas convicções, mesmo que diferentes das nossas.", disse a CBC.

Um dia depois, na segunda (12), a Convenção Batista Brasileira também divulgou uma nota dizendo que declarava "total estranheza e desaprovação" em relação as declarações do pastor no evento em São Gonçalo.

"Reafirmamos que, como instituição, não declaramos apoio a nenhum candidato a cargo público ou partido político. Ao longo da nossa história de 151 anos zelamos pelos nossos princípios e pelo que cremos. Entre os princípios batistas estão a liberdade de consciência e a liberdade de expressão", afirmou a CBB.

A convenção destacou ainda que representa 33 entidades estaduais, das quais fazem parte 14 mil templos religiosos, e manifestou a contrariedade e indignação com relação a qualquer pessoa que venha a se posicionar politicamente em nome da Convenção Batista Brasileira.

"Defendemos o processo democrático e acreditamos no papel de nossos membros como cidadãos brasileiros que irão às urnas conforme as suas consciências, como homens e mulheres de Deus e que respeitam nossa Constituição. Rogamos a Deus que, seja quem for o escolhido pelas urnas, possa governar priorizando os mais necessitados deste país", disse a nota da CBB.

Por g1 Rio

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