Deitam muitas falações sobre a arquitetura magistral medieval do nosso obelisco Cais, em reflexão, procurava explicação sobre a engenharia engendrada em sua construção, pois já o conheci e frequentei em ruínas, mormente a fissura de parte do seu imponente paredão, onde corríamos para em saltos ornamentais, mergulharmos nas fúrias das correntezas do outrora caudaloso Rio São Francisco.
De outro giro, tenho outro olhar sobre esse monumento de uma civilização pulsante, dos nativos frequentadores, pois erámos deuses Bacos, homens jovens e idosos, despidos dos vestes, sem nenhum ato de censura, todos nus, com suas vergonhas de fora, segundo Caminha em sua Carta, “eram ali 18 ou 20 homens, pardos, todos nus, sem nenhuma cousa que lhes cobrisse suas vergonhas.”
Tomar banho no Cais, tinha um significado de força telúrica e espiritual dos nossos antepassados Xamãs de Pindorama, ancestrais Pankararus, em seus rituais e cerimoniais nas diáfanas águas do Velho Chico, na localidade conhecida como Letreiro.
É de se ver que nesse contexto de forte cultura patriarcal machista, se os gregos de cultura erógena masculina, tinhas as termas para refúgios de filósofos e jovens apolíneos, em nossa polis, de fraterna irmandade, naquele ambiente restrito ao Cais, não existia olhares e comentários maliciosos, se existia pulsações homossexuais, foram dissimuladas.
Em noites de tórrido verão, com a Lua de São Jorge nos protegendo do mau, desnudos desfilávamos sobre a passarela das escadarias de pedras do Templo Dionisíacos, pulávamos no abismo para sermos acolhidos nos remansos das águas turvas, levados pelas correntezas até o porto seguro das pedras de ébanos do Pontão, sob o fixo espiar noturno do Caboclo D’água.
MGNeto advogado
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Falou tudo no pé da letra
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